sábado, 5 de abril de 2014

“O Expresso do amanhã” (2013): quando as classes sociais se tornam verdadeiros comboios de um trem

Pensem na estruturação social. Pessoas pobres. Pessoas ricas. Pessoas na “meiuca”. Pessoas na miséria. Outras bilionarias. A História da humanidade comporta uma serie de conflitos – ou revoluções – originadas justamente frente a revolta contra a desigualdade, e noutro ponto, a exploração social. Agora imaginemos que toda essa situação de “posicionamento na sociedade” fosse metaforizada a partir de uma estrutura de um trem.

Pois é, este é o ponto de partida da belíssima película “O Expresso do Amanhã” (2013) do diretor coreano Bong Joon – ho. A película se utiliza de um clássico clichê cinematográfico – o fim do mundo – para conduzir um debate interessantíssimo. Em suma, o filme narra a história de um experimento mal sucedido; na tentativa de diminuir o efeito estufa, os governantes mundiais acabam soltando uma substancia experimental na atmosfera, no entanto, o efeito é devastador. A temperatura cai a niveis absurdos, matando praticamente quase toda a população mundial. Os pouco sobreviventes passam a viver em um grande trem – multinacional de pertencimento a um grande aristocrata de natureza praticamente inatingivel.
É justamente com esse fio condutor que a película se desenvolve, e é justamente o seu grande mérito: conseguir transformar a realidade da estruturação social em uma metáfora na qual os comboios de um trem assumem o papel das classes sociais. Assim, cada comboio do filme está ocupado por uma classe social, que acaba desempenhando uma função especifica no mantimento do funcionamento do trem, tarefa esta desempenhada segundo as diretrizes de comando do trem que simboliza o sistema.
Enfim, trata-se de um filme riquíssimo, muito bem construído, na qual além de se observar os debates em torno das lutas entre as classes sociais, também se observa outros simbolismos e discussões em torno do caráter da Ideologia, da doutrinação, da força de repressão do sistema, e como também das explorações e das consequentes forças de revolução desse mundo.

 Ass: Rafael Costa Prata
        Mestrando em História pela Universidade Federal de Sergipe

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