Pensem na estruturação social.
Pessoas pobres. Pessoas ricas. Pessoas na “meiuca”. Pessoas na miséria. Outras
bilionarias. A História da humanidade comporta uma serie de conflitos – ou revoluções
– originadas justamente frente a revolta contra a desigualdade, e noutro
ponto, a exploração social. Agora imaginemos que toda essa situação de “posicionamento
na sociedade” fosse metaforizada a partir de uma estrutura de um trem.
Pois é, este é o ponto de partida
da belíssima película “O Expresso do Amanhã” (2013) do diretor coreano Bong
Joon – ho. A película se utiliza de um clássico clichê cinematográfico – o fim
do mundo – para conduzir um debate interessantíssimo. Em suma, o filme narra a
história de um experimento mal sucedido; na tentativa de diminuir o efeito
estufa, os governantes mundiais acabam soltando uma substancia experimental na
atmosfera, no entanto, o efeito é devastador. A temperatura cai a niveis
absurdos, matando praticamente quase toda a população mundial. Os pouco
sobreviventes passam a viver em um grande trem – multinacional de pertencimento
a um grande aristocrata de natureza praticamente inatingivel.
É justamente com esse fio condutor
que a película se desenvolve, e é justamente o seu grande mérito: conseguir
transformar a realidade da estruturação social em uma metáfora na qual os comboios de um trem assumem o papel das classes sociais. Assim, cada comboio do
filme está ocupado por uma classe social, que acaba desempenhando uma função
especifica no mantimento do funcionamento do trem, tarefa esta desempenhada
segundo as diretrizes de comando do trem que simboliza o sistema.
Enfim, trata-se de um filme riquíssimo, muito bem construído, na qual além de se observar os debates em
torno das lutas entre as classes sociais, também se observa outros simbolismos
e discussões em torno do caráter da Ideologia, da doutrinação, da força de
repressão do sistema, e como também das explorações e das consequentes forças
de revolução desse mundo.
Ass: Rafael Costa Prata
Mestrando em História pela Universidade Federal de Sergipe
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