50
segundos. Menos do que 1 minuto. Foi o
tempo exato do susto das pessoas, que aos gritos, procuravam a saída mais próxima
daquele porão. Era um porão de um salão
de café em Paris, no remoto dia 28 de dezembro de 1895. E o susto tem como
culpados os irmãos Lumiere, que naquela noite, demonstravam ao público que ali
se apinhava, aquela que é considerada a primeira projeção cinematográfica da
História.
Custando um franco, as pessoas tiveram
a oportunidade de conferir a filmagem de um trem chegando ao seu destino, sua
estação, naquele pequeno curto intitulado “A Chegada do Trem na Estação”. E com
isso, se assustaram, pois a impressão causada era a de que o trem estava
disposto a invadir a sala de projeção.
Após o susto, a admiração. O Cinema. O
Trem. Eis uma relação antiga e aclamada em Hollywood. Desde suas origens,
portanto, até os dias atuais, ainda que a “era
de ouro” desse meio locomotivo já tenha passado.
Quem teve a oportunidade de assistir a película
“Hugo” (2011) do diretor Martin Scorsese, pode visualizar o dito “susto” e o fascínio
que as pessoas no inicio do século XX nutriam pelos trens. Eram parte pratica
da vida daquelas pessoas que, como afirma o historiador Jean Pierre Fichou,
sempre tiveram como um de seus princípios o chamado “Fator movimento”, um dispositivo que fez com que, historicamente,
dos colonos desbravadores até os modernos criadores dos carros, orientassem
suas vidas no sentido do encurtamento do tempo e do espaço.
Aquela altura, o principio do século
XX, quando os carros ainda não eram acessíveis a todos, o trem era então o meio
de locomoção mais popular, e por isso então o mais querido por todos.
Coube ao Cinema então, popularizar
ainda mais esse meio de locomoção, levando películas a tela com envolvimento
direto com o mesmo. Poderíamos citar inúmeros filmes que se passam dentro de
trens, ou cuja temática perpassa diretamente pelos mesmos, em alguns casos até,
na qual os trens passam até a desempenhar praticamente um papel de protagonismo
na película, mas a titulo de curiosidade, citaremos apenas alguns casos.
Talvez o exemplo mais paradigmático que
possa ser dito, é aquela oferecida pela película “A General” (1926) do
grandioso comediante Buster Keaton, na qual, o trem exerce praticamente um protagonismo
dentro da história. Buster Keaton, que interpreta o trapalhado maquinista Johny
Gray, nos leva a uma peculiar versão em torno da guerra civil americana, na
qual somos apresentados aos conflitos, através da perspectiva do movimento: percorremos
Norte e Sul dos Estados Unidos por meio da “menina dos olhos” de Gray, o seu
trem de nome “A General”, que é praticamente uma personagem importantíssima na película,
sem a qual o filme não teria sentido.
Voltando um pouco mais atrás, quase dez
anos após a projeção dos irmãos Lumiere, encontramos também aquele que é
considerado o primeiro grande “western” da história do Cinema, a película “O
Grande roubo de Trem” (1903) dirigido por Edwin Potter, com duração de 12
minutos, na qual somos levados a uma breve historia de um assalto feito por
ladrões de comboios. É talvez o primeiro grande filme de ação da história.
Enfim, como dito, outros tantos sido
citados, pois certamente a História do Cinema americano perpassa antes de tudo pelos
trilhos de uma estação e pela locomoção de seus trens.
Ass: Rafael Costa Prata
Graduando em História pela Universidade Federal de Sergipe
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