domingo, 21 de outubro de 2012

A Magia do Trem no Cinema: A história do sucesso começa nos trilhos de uma estação...


          50 segundos.  Menos do que 1 minuto. Foi o tempo exato do susto das pessoas, que aos gritos, procuravam a saída mais próxima daquele porão.  Era um porão de um salão de café em Paris, no remoto dia 28 de dezembro de 1895. E o susto tem como culpados os irmãos Lumiere, que naquela noite, demonstravam ao público que ali se apinhava, aquela que é considerada a primeira projeção cinematográfica da História.

         Custando um franco, as pessoas tiveram a oportunidade de conferir a filmagem de um trem chegando ao seu destino, sua estação, naquele pequeno curto intitulado “A Chegada do Trem na Estação”. E com isso, se assustaram, pois a impressão causada era a de que o trem estava disposto a invadir a sala de projeção.
         Após o susto, a admiração. O Cinema. O Trem. Eis uma relação antiga e aclamada em Hollywood. Desde suas origens, portanto, até os dias atuais, ainda que a “era de ouro” desse meio locomotivo já tenha passado.
         Quem teve a oportunidade de assistir a película “Hugo” (2011) do diretor Martin Scorsese, pode visualizar o dito “susto” e o fascínio que as pessoas no inicio do século XX nutriam pelos trens. Eram parte pratica da vida daquelas pessoas que, como afirma o historiador Jean Pierre Fichou, sempre tiveram como um de seus princípios o chamado “Fator movimento”, um dispositivo que fez com que, historicamente, dos colonos desbravadores até os modernos criadores dos carros, orientassem suas vidas no sentido do encurtamento do tempo e do espaço.
         Aquela altura, o principio do século XX, quando os carros ainda não eram acessíveis a todos, o trem era então o meio de locomoção mais popular, e por isso então o mais querido por todos.
         Coube ao Cinema então, popularizar ainda mais esse meio de locomoção, levando películas a tela com envolvimento direto com o mesmo. Poderíamos citar inúmeros filmes que se passam dentro de trens, ou cuja temática perpassa diretamente pelos mesmos, em alguns casos até, na qual os trens passam até a desempenhar praticamente um papel de protagonismo na película, mas a titulo de curiosidade, citaremos apenas alguns casos.

        Talvez o exemplo mais paradigmático que possa ser dito, é aquela oferecida pela película “A General” (1926) do grandioso comediante Buster Keaton, na qual, o trem exerce praticamente um protagonismo dentro da história. Buster Keaton, que interpreta o trapalhado maquinista Johny Gray, nos leva a uma peculiar versão em torno da guerra civil americana, na qual somos apresentados aos conflitos, através da perspectiva do movimento: percorremos Norte e Sul dos Estados Unidos por meio da “menina dos olhos” de Gray, o seu trem de nome “A General”, que é praticamente uma personagem importantíssima na película, sem a qual o filme não teria sentido.

         
    Voltando um pouco mais atrás, quase dez anos após a projeção dos irmãos Lumiere, encontramos também aquele que é considerado o primeiro grande “western” da história do Cinema, a película “O Grande roubo de Trem” (1903) dirigido por Edwin Potter, com duração de 12 minutos, na qual somos levados a uma breve historia de um assalto feito por ladrões de comboios. É talvez o primeiro grande filme de ação da história.

         Enfim, como dito, outros tantos sido citados, pois certamente a História do Cinema americano perpassa antes de tudo pelos trilhos de uma estação e pela locomoção de seus trens. 

Ass: Rafael Costa Prata
Graduando em História pela Universidade Federal de Sergipe

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