Certamente
não foram poucas as pessoas que levaram seus filhos, no ano de 1994, ao Cinema
para assistirem a película “Rei
Leão” por acreditarem ser um
mero filme destinado ao público infantil. Provavelmente muitos destes acabaram
surpresos ao notarem que sua percepção inicial não correspondeu a realidade.
Rei Leão
não é um filme para criança. Estas podem até assistí-las, mas o
teor filosófico do filme perpassa o limite deste público, atingindo
diretamente os adultos. Baseado diretamente em Hamlet de William Shakespeare, Rei Leão nos
leva a uma história de sofrimento,
perda prematura, vingança e redenção.
É fato
que este fio condutor já havia sido explorado com sucesso
pela própria Disney muitos anos antes, quando em 1942, a produtora
levas as telas o clássico “Bambi”, cuja temática da
perda e da redenção se faz presente no decorrer de todo o filme.
É isso que faz de Rei Leão um filme para adultos. Apesar dos
caracteres animados típicos de uma animação – como os animais
falantes, falas em tom de comédia, etc – o substrato do filme nos revela muitas
questões de teor puramente humano. A trajetória na qual é descrita a redenção
do jovem Simba frente ao sofrimento com a perda de seu pai
é paradigmática quanto a isso. Aliás, a própria morte do Rei Mufasa é
de um teor dramático tão intenso que deve ter traumatizado muita
criança...
Por mais
caricatos que possam ser, até os engraçados Timão e Pumba possuem um
tom filosófico seu “Hakuna Matata” se apresenta como
uma espécie de purificação para o Jovem Simba. Sem este processo de
aprendizado, de cicatrização frente as mazelas da vida, aquele não conseguiria
vencer os seus sofrimentos.