domingo, 10 de outubro de 2010

"La vita è bella"


Sabe um daqueles filmes que assistimos, procurando uma imparcialidade no olhar, ainda que utópica, mas ao final, nos deparamos justamente com o seu inverso?!

Pois é, o filme "A Vida é bela", talvez para mim, seja o exemplo mais perfeito deste tipo de situação. Não há como fugir, não há como negar. É simplesmente isso.

O resultado é Admiração e Emoção Pura.

É tambem o tipo de filme ou arte, que você procura a mais bela, merecedora, e impactante palavra que encaixe perfeitamente na dimensão do filme, mas você não encontra de forma alguma. Talvez não precise encontrar, e justamente é neste desencontro, onde se encontra toda a magnitude do filme.

Desta forma, até que me provem o contrario, é impossível assistir " A Vida é bela", sendo imparcial, e muito menos sem se emocionar com algumas de suas cenas, ou com a totalidade da obra.

O mais frio dos seres humanos poderá negar, dissimular, mas sabe ele que o filme o tocou de alguma forma.

Nesta insensata procura por uma definição do filme, eu só consigo enxerga-lo de uma abstrata  maneira: Trata-se de um filme absurdo. Aqui se entenda absurdo como o único adjetivo que eu consegui encontrar para algo que se aproxima  ao que procuro definir sobre esta arte. 

 Poderia  caracterizá-lo como uma Bela Tragicomédia, ou um filme que é a propria pura arte em seu refino maior, como com certeza Ingmar Bergman deve ter se arrepiado ao ter assistido esse filme.

Mas só encontrei esta definição: Um absurdo.

Um Absurdo de genialidade. Um filme que de tão simples, é absurdamente fantástico e tocante. 
Não há nada de fantastico no enredo do filme. A Situação já é conhecida por nós: O Holocausto. 


Mas é justamente a simplicidade tomada por Benigni na criação do filme, sim haja vista que ele além de compor o personagem principal é tambem o diretor do filme, que torna esta obra tão particular e que com certeza entra no hall de filmes inesquecíveis e que perdurará por toda a eternidade.

O que eu estou escrevendo não é nenhuma novidade. Tambem não sou o primeiro nem o último a utilizar alguns minutos de sua breve vida para admirar e qualificar esta película.

Diga-se de passagem, que versar duas ou três palavras sobre esta obra, é de uma dificuldade enorme, haja vista que não há condições de dotar em meras palavras, toda a carga fantástica que o filme nos traz.e produz .

Ainda assim, quero tecer algumas pequenas considerações, que se aproximam mais de elogios e homenagens do que de comentários alusivos a obra.

Em Primeiro lugar, cabe destacar a perfeita atuação de duas personagens do filme.

Guido e Giosué 


Primeiramente, a atuação do fantástico Roberto Benigni. Pouco conhecido até o ano de lançamento do filme, 1997, Benigni já era um aclamado ator de cinema e de teatro italiano, de onde por sinal, ele retirou todos os ensinamentos e sua base de "Arte total" na hora de atuar.

É fantástico,  talvez um Chaplin italiano, ou um ator que Bergman teria todo o prazer de dirigir, como sendo um ator total, versatil, profundamente artistico.

Sem correr o risco de esta minha afirmação ser totalmente infundada, assistam ao filme e comprovem tudo o que estou retratando.

Desde o lançamento e o sucesso do filme, que ganhou inumeros premios, inclusive o Oscar de melhor filme Estrangeiro,  já se passaram treze anos, tornando-o praticamente um filme cultuado no cenário do cinema, como uma das manifestações artisticas mais perfeitas que a telinha já viu. 

Quem assiste ao filme, tem a sensação de estar dentro da história, sofrendo,impaciente, e ansiosamente no decorrer da história , torcendo pelo sucesso de Guido e sua familia. Sente-se como dentro de um fillme chapliano, de uma comédia de uma vida repleta de dramas, mas de onde se busca até onde se pode alcançar, um mero sorriso, puro e repleto de amor.


Outra atuação magnífica é a da criança Giorgio Cantarini.  Sua personagem Giosué é  fabuloso. Quem não sorriu ou se emocionou com as perguntas e as inquietações desta inocente criança com certeza está mentindo ( ou tem uma grande afta na alma kkk..)



Certamente esta atuação, pode ser tida como uma das  maiores encenações juvenis da história do Cinema desde suas origens. Poucas são as obras que conseguem trazer a atuação de uma criança, e diga-se de passagem que nesta obra é uma criança ainda bem pequena atuando em uma obra dificil, que tenha tido tanta perfeição. 

Ainda que outras crianças tenham tido ótimas atuações, talvez eu não me recorde de nenhuma atuação tão fantástica como esta. Talvez eu também não tenha tanta bagagem par a afirmar tais coisas. 


Mas enfim, é esta atuação tão fantástica porque, como no geral do filme, de tão simples, o garoto nos traz uma leveza de atuação, que recria uma emoção pura  e original que comove pela ingenuidade, pelo sonho, e pelo amor que nutria por seu pai e sua mãe.

A Relação de amor entre Pai e filho, das personagens de Benigni e do garoto Cantarini, por sinal, me faz recordar justamente de um filme que com certeza serviu de inspiração para Benigni. 

Trata-se justamente do filme “O Garoto” de Charlie Chaplin, do ano de 1921, que possui uma carga dramática parecidíssima . 





No filme, temos um garoto órfão abandonado que é recolhido por Carlitos, um vagabundo, que fará de tudo para sustentá-lo, ainda que se utilizando de artimanhas para isso. É a prova cabal do amor que Carlitos nutre pela criança. Sem condições, passa por apuros para criar aquele jovem órfão. 
O Filme é uma bela comédia dramática, que nos faz sorrir e emocionar ao mesmo tempo.




De fato, Chaplin era fabuloso, nos trazendo isto já em 1921. Sua atuação e do jovem ator Jackie Coogan, que é a criança, certamente serviram de modelos para Benigni e para o menino “ Giosué” em “ A Vida é Bela”.



Definitivamente eu não falarei mais nada sobre esta obra. Não vou colocar nenhum spoiler ou resumo, ou até uma resenha mais apurada, pois o resultado final não chegaria aos pés do que o meu pensamento desejaria escrever em linhas. Não que eu tenha uma analise muito boa ou absurda para expor sobre o filme. Mas é justamente porque o filme fala por si só. 
Todo mundo já o assistiu. Assistamos de novo. Só temos a ganhar.

Em menos de 120 minutos de filme, nos encontramos diante de um misto de emoções tanto dentro da telinha como no que é produzido dentro de nós.


Guido é a pureza em pessoa.  Nos traz uma ingenuidade e amor tão sutis e fascinantes que o filme nos prende de forma impactante até seu fim. Um reflexo do filme talvez seja a nossa alegria ou surpresa diante das ações de Guido. 


Suas enrascadas, grande parte fruto de sua ingenuidade ou de seu jeito desastrado, com o tempo tornam-se frutos de seu amor diante de sua esposa e de seu filho. Quem procura enxergar o filme, sabe como vês ou outra, todos nós nos pegamos fazendo alguma extripulia em pró de alguém que gostamos. Guido é essa atitude durante o filme todo.

Sua graça nos comove, e seu sofrimento mais ainda.
Este sofrimento de Guido só termina quando tem de fazer sorrir a quem mais ama: Seu filho Giosué, e sua esposa Dora. 

Alguém  realmente ainda acha que Guido realmente morreu ?
A imagem alegre e pura de Guido é tão forte, que ainda que saibamos que possa ter morrido ( e realmente morreu, mas eu me recuso a aceitar e/ou acreditar), só conseguimos recordá-lo a partir dos seus valores transmitidos com o filme.

Sua fábula é uma lição para a humanidade. Uma revisão não só do que tem sido os valores humanos, mas uma necessidade que deve ser inerente a todos nós. Afinal, nesta selvageria do dia a dia, quem se doaria tão completamente ao seu proximo, ainda que filho, como Guido fez?



Só para finalizar, o filme também é genial na medida em que trabalha com fatos históricos com uma sutileza que emociona sem necessariamente ter que voltar a imagens mais fortes, como massacres, tiros, closes nas mortes com um foco mais detalhado. Tudo na obra é subetendido. 

Fato é que tudo isso existiu, mas o filme prefere abordar por um lado mais sensível, que por sinal, lhe trouxe muitas criticas por alguns considerarem que o filme suaviza demais o Holocausto. De certo, estes, não entenderam de forma alguma a mensagem principal do filme.

Para tocar, o filme não precisa necessariamente apelar a visualização de um tiro na cabeça de Guido. Todos sabemos que ele morreu naquele instante ( ou torcemos que não tenha morrido) , e talvez, penso eu, que você se emocionou, sem necessariamente ver a cena. Caso tivesse visto, talvez tivesse hoje repulsa ao filme pela crueldade em mostrar a destruição de nossa personagem.

A emoção é maior ainda quando Giosué, que narra a história, encontra a sua mãe Dora ao fim da guerra, pronto para voltar para casa de tanque. Seu sonho maior.

Enfim, é isso o que eu tenho a dizer.

Não é uma resenha, não é um texto que faça algum sentido.

Talvez uma justa homenagem a um belíssimo filme que eu tenha mais uma vez assistido.

Há todos que reservaram valiosos minutos de sua vida para ler estes comentários, espero que não tenha sido perda de tempo. 


Espero realmente ter sido de alguma valia.


E não se esqueçam: Ainda que nos encontremos diante de muitas dificuldades no dia a dia, a Vida ainda é Bela.

Ass: Rafael Costa Prata
Graduado em História, 5ª Périodo, Ufs.

sábado, 11 de setembro de 2010

O Triunfo de Ron Clark


Assistir ao filme “Triunfo, a História de Ron Clark” passa a ser mais do que apenas uma indicação aos professores ou futuros professores. É praticamente uma obrigação, uma lição de vida e dedicação que deve ser revelada a todos. Aparentemente o filme tem muito em semelhanças com outro grande filme clássico chamado “Ao Mestre com Carinho”, imortalizado pela excepcional atuação do grande ator Sidney Pottier, contudo, a diferença ainda que sutil, existe. Enquanto que em “Ao Mestre com Carinho” entramos no mundo conflituoso de uma escola de alunos com uma idade já adolescente, no filme a que procuro analisar, o centro das atenções são crianças ainda na 6ª serie. Ambos os filmes, se vale o efeito da sugestão, devem ser assistidos com muito carinho, não somente pelos professores, mas por todos aqueles que se interessem pela questão da Educação.


O Filme nos conta a história do jovem professor Ron Clark, que ao alcançar sucesso na escola de sua região, procura alçar novos vôos, em busca de uma nova vida na cidade de Nova York. Ao conseguir um emprego numa escola publica do Harlem, opta por dar aula na considerada pior turma. Antes de tudo é necessário retratar o apartheid educacional que havia nessa escola. Os alunos eram divididos em salas de acordo com suas notas, o que acabava provocando preconceitos entre os alunos. Está pratica so tendia a prejudicar os alunos. É mais do que necessário que os professores e a equipe pedagógica motivem os  seus alunos, não taxando-os como perdedores, baixando a sua moral e prejudicando assim a sua capacidade. Ainda assim ele opta e deseja em ensinar nesta turma. É o desejo dele, ainda que ninguém acredite que ele consiga mudança nesta turma.


Iniciando seu trabalho, encontra um ambiente de forte resistência dos alunos, mas a sua obstinação é tanta que não o faz desistir, pelo contrario, só o motiva a procurar crescer mais e mudar a realidade daquelas crianças. "Sonhar grande, correr riscos", é o seu lema. Sua atitude pedagógica é sensacional. Logo no inicio de seu oficio, procura ir ás casas dos alunos, muitas vezes em regiões perigosas, para conversar com seus pais e mostrá-los que a educação deve ser um componente também familiar, como sempre pontuamos no ensino desta disciplina. Encontra também muita resistência na parte dos pais, que não entendem a “ousadia” daquele professor. Ron Clark podia muito bem esta dando aula em alguma ótima escola particular, ganhando bem e sem sofrer esses problemas. Contudo ele é um professor compromissado, que tem metas e ideais a cumprir, e continua assim na sua luta. Sabe que as crianças de hoje, são o futuro de amanhã.


No decorrer das aulas desenvolve um conjunto de metas e obrigações a serem objetivadas e respeitadas por todos os alunos. Obviamente encontra muita resistência por parte dos alunos que se encontram em estado de rebeldia intensa. O principal entendimento por ele criado e passado aos alunos é a idéia de que todos constituem uma família. Se um aluno desobedece, a turma arca. É uma relação de educação, disciplina, e principalmente de construção de valores e de honestidade que começa a ser empreendida por ele.


Um momento em especial me chamou muita atenção, e nos traz uma ligação com o cinema. É a extrema sapiencia de Ron Clark no uso das tecnologias midiaticas, seja uma televisão, um dvd, ou algo que acabe se extendendo ao uso de filmes, do contexto cinematografico no ambito escolar. Acontece que Ron Clark acaba acometido por uma Pneumonia, ele se vê impossibilitado de dar aulas presenciais em sala de aula.


O que ele faz então? Recria as aulas na sua própria casa através da criação de videos. Enquanto não pode dar aula, cria vídeos explicando assuntos diversos utilizando explicações do contexto de casa para os alunos. É impressionante a sua visão na criação dos vídeos, a ponto de sua proximidade e conhecimento desses alunos serem tão grandes, que ele cria uma interatividade dentro do proprio vídeo, prevendo como os alunos podem estar em sala de aula.


Esta atitude de Ron Clark mostra como os recursos midiáticos e tecnológicos podem ser muito bem utilizados como componente educacional bastante eficaz e importante, sendo o Cinema um otimo e necessário campo na construção do conhecimento historico.


Enfim muitas são as citações que poderiam ser feitas sobre o filme. É a perseverança, a vontade e a inspiração de Ron Clark que deixam uma marca e uma lição a todos.


Ron Clark é assim um retrato de perseverança cujas atitudes devem ser repetidas ou tomadas como base para que consigamos com sucesso tornarmos professores como aquele jovem que saiu do campo para mudar a vida de inúmeras crianças desacreditadas no Harlem.


Ron Clark existiu, antes que se faça a pergunta, e é a prova viva que a construção de novos metodos de ensino, além da habilidade do professor, devem andar de mãos dadas com os novos instrumentos de difusão imagetica, onde o Cinema, ganha um especial destaque.

Ass:  Rafael Costa Prata
Graduado em História, 5ª Periodo, Ufs.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Os Melhores Remakes.


Segue uma lista interessante da revista Veja, sobre os melhores remakes já produzidos:


1. Onze Homens e Um Segredo (2001), de Steven Soderbergh


Com Frank Sinatra no papel principal de Danny Ocean, a primeira versão de Onze Homens e um Segredo foi filmada em 1960 pelo diretor Lewis Milestone. Em 2001, Steven Soderberg fez um dos maiores remakes do cinema, trazendo o time de estrelas George Clooney, Brad Pitt e Matt Damon para estrear o longa – que ganhou duas sequências.


2.Os Doze Macacos (1995), de Terry Gilliam


O curta-metragem francês La Jetée, de 1965, foi feito apenas com fotomontagens em branco e preto. Em 1995, ele foi a inspiração para o remake Os Doze Macacos, do diretor Terry Gilliam, trazendo Brad Pitt e Bruce Willis. A história virou uma superprodução – e uma fita elogiada pelos fãs da ficção científica.


3. A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005), de Tim Burton


Baseado no livro infantil homônimo do escritor inglês Roald Dahl, o clássico dos anos 70 A Fantástica Fábrica de Chocolate ganhou releitura em 2005. Com direção de Tim Burton e Johnny Depp no papel de Willy Wonka, o remake tornou-se mais sombrio.


4. Vanilla Sky (2001), de Cameron Crowe

Com direção de Cameron Crowe, Vanilla Sky, de 2001, é uma refilmagem do filme espanhol Abre los Ojos, feito em 1997, escrito e dirigido por Alejandro Amenábar e Mateo Gil. Com Tom Cruise no papel principal, traz também Cameron Diaz e Penélope Cruz, que interpretou a mesma personagem em ambos os longas.


5. Drácula (1992), de Francis Ford Coppola


Originalmente um romance do irlandês Bram Stoker de 1897, Drácula ganhou sua primeira versão cinematográfica em 1931, com direção de Tod Browning. Em 1992, Francis Ford Coppola refilmou o clássico com Gary Oldman, Winona Ryder e Anthony Hopkins.


6. Scarface (1983), de Brian de Palma


Filmado pela primeira vez em 1932 com direção de Howard Hawks, Scarface ganhou remake histórico com Al Pacino no papel principal e direção de Brian de Palma. O roteirista, Oliver Stone, colocou ainda o enredo nos anos 80, transferindo a trama de Chicago para Miami. Tornou-se um dos filmes mais emblemáticos daquela década.


7. Cabo do Medo (1991), de Martin Scorsese

O suspense O Cabo do Medo, dirigido por Martin Scorsese em 1991, é um remake do filme A Barreira do Medo, de 1962. Pela atuação no longa, Robert De Niro e Juliette Lewis foram indicados ao Oscar.

8. Ben-Hur (1959), de William Wyler

A primeira versão do épico bíblico Ben-Hur é de 1925, com direção de Fred Niblo. Contudo, foi no remake de 1959 que o título ganhou notoriedade, atingindo a marca até então inexistente de 11 Oscars, incluindo o de melhor direção para William Wyler e melhor ator para Charlton Heston.

9. A Pequena Loja de Horrores (1986), de Frank Oz

O longa A Pequena Loja de Horrores foi realizado pela primeira vez pelo diretor cult Roger Corman em 1960. Em 1986, o filme, que mistura os gêneros comédia, terror e musical, ganhou remake de Frank Oz, com os atores Rick Moranis e Steve Martin.

10. Os Infiltrados (2006), de Martin Scorsese

Um dos filmes mais premiados de 2007, Os Infiltrados, de Martin Scorsese, na realidade é um remake do filme Conflitos Internos, produzido em Hong Kong em 2002. A refilmagem adaptou a história para Nova York e trouxe estrelas como Jack Nicholson, Leonardo DiCaprio e Matt Damon.


FONTE: REVISTA VEJA


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Opinião: Eu que sou meio desconfiado quando se trata de remakes, contudo assino embaixo sobre esta lista. Só filmaços clássicos, tanto os novos como os mais antigos. Talvez um filme recente também pudesse figurar nesta lista:

O que poucas pessoas sabem é que o recente filme "Bastardos Inglorius",de Tarantino, foi inspirado em um filme homônimo lançado em 1978, também conhecido como ""Inglorious Bastards"/"Quel Maledetto Treno Blindato", Itália, 1978" ou ""Assalto ao Expresso Blindado da S.S. Nazista". A Inspiração para Tarantino,veio deste filme, e genialmente o mesmo reconstruiu a história seguindo a essência ironica e violenta do primeiro, trazendo a nós este otimo filme que tivemos a chance e o prazer de assistir . Tanto o antigo, quanto o mais novo merecem ser assistidos.




domingo, 11 de julho de 2010

A Recuperação em American History X


Estava conversando com alguns amigos de faculdade sobre criminalidade, quando a conversa acabou recaindo sobre este filme em questão. Fato é que havia muito tempo que eu tinha assistido ao filme, contudo algumas lembranças sobre este ainda me corriam pela mente. Assim, correu-me então o súbito interesse em assistir novamente ao filme “American History X”.

O Filme “American History X” é conhecido aqui no Brasil como “A Outra história americana”, sendo rodado em 1998, pelo diretor Tony Kaye, que na mesma película terá um papel primordial como diretor de fotografia.

Acho que muita gente já assistiu a este filme. Meu objetivo não é fazer somente um resumo ou soltar um spoiler sobre o que se passa na película, mas de certa forma trazer a tona alguns questionamentos que podem ser rotineiros a aqueles que tenham assistido a obra, e se possível ainda, fazer alguma ligação com fatos históricos. Também é necessário dizer que o filme é muito complexo, a ponto da execução de sua posterior resenha ser praticamente uma atividade impossível. O que me empenho tem o intuito apenas de ser uma mera observação e uma indagação final sobre o filme.

Anteriormente eu havia dito que a minha intenção não era estragar o divertimento de quem ainda porventura não assistiu ao filme, ou também trazer aqui algo que sirva somente como um spoiler dos acontecimentos do filme. Contudo de forma a resumir toda a enumeração dos fatos do filme, seguirei postando um breve resumo do filme extraído da Wikipédia, para que então eu possa entrar diretamente, e sem mais rodeios, a algumas observações sobre o filme.

Mas enfim vamos ao que interessa.

“O Filme conta a história de Derek Vinyard (Edward Norton), jovem pertencente a uma família abalada pela perda precoce do pai, um bombeiro, que ao tentar apagar um incêndio num bairro negro acabou por ser baleado por marginais.
Incitado pelo seu ódio aos negros e às minorias, Derek torna-se líder de um grupo violento Neo-nazi e numa referência para os jovens brancos e excluídos do seu bairro, que o idolatram e seguem o seu pensamento. É preso após matar brutalmente dois negros que tentavam roubar a sua camionete em frente à sua própria casa, na presença de Danny Vinyard (Edward Furlong), o seu irmão mais novo.
Na prisão, onde passou três anos, Derek integra-se num grupo também nazi, mas discorda do chefe do seu grupo, que trafica drogas, porque vai contra os seus ideais nazis. Ao longo da sua pena vai percebendo que discorda com uso da ideologia que estes nacionalistas fazem, pois este tem como único propósito o "dinheiro sujo", fruto do narco-tráfico.
Afasta-se do grupo, mas seus companheiros nazistas por vingança o estupram, quando ele se encontra sozinho no chuveiro da prisão. Depois disso,ele passa a reconsiderar seu conceito de raça superior e torna-se amigo de um negro, com quem trabalha na lavandeira da prisão e descobre que a única diferença entre ambos é o seu tom de pele.
Quando sai, sem preconceitos, cheio de novos ideias pacifistas e liberais, vê que seu irmão mais jovem está trilhando o mesmo caminho que ele seguia antes, e Derek vai fazer de tudo para impedir que ele cometa esse terrível erro.
Infelizmente, quando Danny, começa a mudar a sua consciência e maneira de agir na sociedade, este é morto por um negro com quem já tinha tido um confronto no passado.
Para Derek, toda a experiência que ele viveu, fez com que ele mudasse a sua personalidade completamente.”

É esta a breve sinopse, sim é um spoiler, encontrada no site wikipedia. Contudo inumeros questionamentos sobre o estatuto desta obra podem se desenrolar com o decorrer do filme, e algumas informações tambem devem ser apontadas.

Antes de tudo, é necessario apontar a sensacional atuação do ator Edward Norton durante a pelicula, de forma que consegue absurdamente bem, realizar as duas intepretações da personagem durante o filme, inicialmente um jovem neonazista e depois um adulto recuperado. Sua atuação lhe garantiu concorrer ao Oscar de Melhor ator no mesmo ano de 1998 e praticamente o projetou para o mundo do Cinema. Tambem é louvavel a atuação do ator Edward Furlong que interpreta o seu irmão no filme.

O Filme é satisfatorio justamente porque procura demonstrar com muita consciencia a existência de atividades neonazistas dentro do estado americano, procurando então se aprofundar nos chamados conflitos sociais e raciais que durante séculos fazem parte da história americana. Desde a Ku Klux Klan até inumeros movimentos racistas da atualidade são problemas ainda a serem resolvidos no bojo da sociedade americana. Esta Ku Klux Khan que remonta aos fins da Guerra civil Americana,durante 1861-65, pregava a supremacia branca e do protestantismo frente aos demais diferentes de sua crença. Por isso que é necessario apontar como uma crença no arianismo dentro destes grupos perpassa o tempo, e vai muito alem do arianismo pregado por Hitler em sua doutrina nazista. Existe assim, uma raiz histórica muito antiga e que precisa ser bem estudada. É claro que, como vemos durante o filme, estes grupos acabam enxergando na doutrina nazista, e em Hitler, um simbolo clássico e paradigmatico para as suas ações, mas a História deixa claro então como este racismo, preconceito e intolerancia vem de há muito tempo na história americana.


“O Nascimento de uma nação” é um filme mudo de 1915 que alimenta todas estas questões. A pelicula, segundo estudiosos do cinema, glorifica a escravatura e procura justificar a segregação racial através do mito da supremacia branca americana, servindo assim aos interesses ideologicos da Ku Klux Klan. Este filme de certa forma ainda é aclamado por alguns, e rechaçado por outros, contudo o que fica é o teor bastante polêmico de suas origens.


Em “American History X” cita-se rapidamente um caso mundialmente conhecido sobre violencia e preconceito racial : o caso Rodney King. Este, um taxista afro-americano, fora brutalmente violentado por alguns policiais brancos que o acusavam de dirigir em alta velocidade. Os Policiais foram então julgados por uma corte formada em grande maioria por brancos que livram estes policiais da culpa. O Resultado foi uma onda de conflitos e atribulações nunca vistas na história da California. Durante o filme, Derek ainda na fase nazista, defende veementemente a posição dos policiais e profere ofensas fortissimas sobre Rodney King. O caso até hoje suscita bastante polêmica.


Uma grande observação tambem deve ser feita acerca do diretor da obra. Como havia dito, Tony Kaye tambem é o diretor de fotografia do filme, por isso que as imagens, a grande maioria em closes, são tão bem construidas. Uma cena em especial do filme é muito chocante, e que por sinal eu não consigo ver: a cena em que Derek assassina brutalmente um dos ladrões que assaltavam o seu carro. É uma cena fortissima e que causa nauseas a quem quer que a observe.Posteriormente outra sequencia de imagens tambem é digna de menção. É quando Derek é então preso, e os policiais pedem para abrir os braços, e então seu olhar orgulhoso por seus atos é demonstrado em foco pela imagem. Fica visto tambem que possue tatuagens como uma grande suastica tatuada no seu peito e outras tatuagens glorificando a ideologia nazista.


Enfim Derek é preso. Entra aqui então o momento principal e que considero ser o mais polêmico do filme. Derek acaba por conhecer um jovem negro, que aos poucos consegue tornar-se amigo dele. Faz-o rir, conversa com ele sobre basquete, fato inimaginavel até o fim da primeira parte do filme. Este jovem consegue quebrar o gelo amargo do odio que impregnava Derek, onde podemos perceber perfeitamente na cena muito bem construida quando estes dois amarram e guardam lençois trocando sorrisos e uma amizade sincera um para com o outro, como tambem na despedida de Derek da cadeia quando este agradece ao seu amigo por tudo que fizera por ele na prisão.



Menção interessante e sutil: Derek indaga ao jovem sobre o porque dele estar ali preso. Este então diz que roubou um televisão, e acabou sendo preso injustamente por ser acusado de agredir ao policial que o prendera. 6 anos de prisão. Derek que matou duas pessoas, mantem uma gangue nazista, e que cometera crimes absurdos, consegue a condicional e vai para as ruas. Derek não chegou a ficar tres anos dentro da cadeia, mesmo tendo cometido dois assassinatos. Mas o jovem negro terá que continuar na cadeia por durante seis anos.

Durante o desfecho do filme ainda é muito interessante mencionar sobre o hipotetico motivo da revolta de Derek. Sempre apontou-se a morte de seu pai, um senhor responsavel, honesto e adorado por ele. Contudo durante a primeira parte do filme, intencionalmente o diretor nos passa a impressão de que o seu pai era alguem perfeito, um primor de gente, mas durante a segunda parte, percebemos justamente o contrario: A Raiz e o fogo aceso do racismo dentro de Derek está justamente nas palavras de seu pai. O Diretor então quer mostrar como alguns fatores que aparentemente podem ser insignificantes na verdade possuem um grande valor e devem assim ser bastante analizados para se entender a essencia de um ser, de atos ou de ideologias.

Mas a grande questão do filme é uma, e que por sinal, eu não pretendo elucidar, apenas reparti-las com todos aqueles que assistiram ao filme: É possivel a recuperação completa de alguem? Derek recupera-se devido ao medo e as torturas fisicas e psicologicas provacadas pela prisão e justamente por não mais querer voltar para lá tenta reprimir seus pensamentos e ideologias, ou realmente recuperou-se completamente?

Será que Derek e seu irmão posteriormente recuperado por ele “ mudam” porque temem a morte, a prisão ou qualquer posterior destino nefasto, ou mudaram realmente porque entenderam a natureza absurda dos seus atos e de suas vidas até aquele momento?

É esse o grande questionamento que o filme faz questão de deixar em aberto, ainda que se diga e que torne-se possivel acreditar que eles realmente se recuperaram no final de suas trajetorias.


É Possivel mesmo a Recuperação total de individuos até em casos mais hediondos ou é apenas utopia de um filme?

Ass: Rafael Costa Prata
Graduando em História pela Universidade Federal de Sergipe.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Um olhar ao Cinema nacional.



Os dez melhores filmes nacional de todos os tempos

Fonte : Webcine.

01 . Deus e o Diabo na Terra do Sol - 1964 - Direção: Glauber Rocha - Elenco: Geraldo Del Rey / Othon Bastos / Yoná Magalhães

02 . Vidas Secas - 1963 - Direção: Nelson Pereira dos Santos - Elenco: Átila Iório / Maria Ribeiro / Jofre Soares

03. Terra em Transe - 1967 - Direção: Glauber Rocha - Elenco: Jardel Filho / Paulo Autran / José Lewgoy

04 . Limite - 1930 - Direção:Mário Peixoto - Elenco: Olga Breno / Raul Schnoor / Taciana Rei

05 . O Bandido da Luz Vermelha - 1968 - Direção: Rogério Sganzerla - Elenco: Paulo Villaça / Helena Ignez

06. Ganga Bruta - 1933 - Direção: Humberto Mauro - Elenco: Durval Bellini / Déa Selva / Lu Marival Décio Murilo

07 . Macunaíma - 1969 - Direção: Joaquim Pedro de Andrade - Elenco: Grande Otelo / Paulo José / Dina Sfat

08 . Pixote - A Lei do Mais Fraco - 1980 - Direção: Hector Babenco - Elenco: Fernado Ramos da Silva / Marília Pêra / Jadel Filho

09 . São Paulo S.A. - 1965 - Direção: Luiz Sérgio Person - Elenco: Walmor Chagas / Eva Wilma / Otelo Zeloni / Ana Esmeralda

10 . O Pagador de Promessas - 1962 - Direção: Anselmo Duarte - Elenco: Leonardo Vilar / Glória Menezes /Dionisio Azevedo / Norma Bengell


Fonte: webcine.com
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É uma boa lista. Obviamente que como toda lista, gera controversias e choque de opiniões. Alguns filmes são esquecidos, obviamente por ser uma lista de dez, não teria como colocar uma enormidade de filmes. Outros filmes que aparecem são um pouco distantes do conhecimento do público, o que obviamente não lhes tira o merito e merecimento de estarem na lista.

Alguns filmes que certamente são lembrados no dia a dia e que poderiam estar tambem nesta lista são:

- Rio 40 graus de Nelson Pereira dos Santos
- Cidade de Deus de Fernando Meirelles
- Central do Brasil de Walter Salles
- Assalto ao trem pagador de Roberto Farias

entre outras tantas obras que fariam parte de uma grande lista de filmes.

Enfim, postei esta lista a titulo de curiosidade, e principalmente de homenagem ao nosso cinema, que é ainda, muitas vezes esquecido ou pouco valorizado, mas que aos poucos está conseguindo seu espaço e reconhecimento, muito graças ao Cinema Novo que com muita luita, garantira e abrira espaço do Cinema nacional dentro do debate acerca dos problemas e da realidade social do nosso país, onde se destaca o grande cineasta Glauber Rocha, como tambem Nelson Pereira dos Santos,Cacá Diegues, entre outros tantos.

O Cenario politico e social do nosso país passa a ser recriado costumeiramente nestas obras, com grande destaque e simbolo do movimento para os reconhecidos filmes de Glauber: Deus e o Diabo na Terra do Sol,que trata do sofrimento daqueles que vivem na seca e dos problemas sociais envolvendo o grande latifundio no Nordeste Brasileiro, e principalmente Terra em Transe, uma grande alegoria ao cenario politico brasileiro.

Enfim, fica a minha homenagem, e a menção de que o cinema brasileiro se renova, se cria, e cresce a cada dia.

domingo, 6 de junho de 2010

Alguns erros consideráveis em filmes...


Segue uma lista curiosa contendo alguns filmes com supostos erros históricos absurdos.


1. 10.000 a.C. é um filme de 2008, dirigido por Roland Emmerich. D'Leh é um jovem caçador de mamutes, que se apaixonou por Evolet. Quando um bando de perigosos guerreiros a sequestra, D'Leh é obrigado a liderar um pequeno grupo de caçadores em uma expedição para resgatá-la.

Erros Históricos:

- O filme mostra mamutes sendo utilizados na construção das pirâmides do Egito. Porém, estes animais viviam em terras geladas da América do Norte e norte da Ásia e não poderiam ser encontrados no deserto.
- D'Leh e seus aliados vão ao Egito resgatar seu povo, os quais foram tomados como escravos para a construção da pirâmide e da esfinge. Entretanto, tais construções só seriam criadas quase oito mil anos depois, por volta de 2500 a.C.
- As aves carnívoras da família Phorusrhacidae viveram na América do Sul e haviam sido extintas 1,8 milhões antes.
- A tribo Naku alimenta D'Leh com pimentas-vermelhas e o presenteiam com milho. Ambos são originários das Américas.
- Os mamutes e o tigre de dentes-de-sabre possuíam tamanho desproporcional no filme.

2.Coração Valente é um filme de 1995, dirigido por Mel Gibson. No século XIII, soldados ingleses matam mulher do escocês William Wallace, bem na sua noite de núpcias. Ele resolve então liderar seu povo numa vingança pessoal que acaba deflagrando violenta luta pela liberdade.

Erros Históricos:

- Segundo os historiadores, o rei Edward I nunca instituiu o recurso da primae noctis, que permitia a nobres e oficiais ingleses tirar a virgindade de uma noiva no dia de seu casamento.
- Durante o filme, os guerreiros da Escócia usam kilts nas batalhas. Porém, esta vestimenta só foi incorporada aos escoceces a partir do século XVI.
- Após a Batalha de Falkirk, Isabella se sentiu atraída por Wallace, e eles tiveram um romance. O problema é que, quando ocorreu esta batalha, Isabella tinha apenas 3 anos de idade.
- O filme mostra que Isabella teve um filho com Wallace, Edward III. No entanto, Edward III só nasceu sete anos depois da morte de Wallace.

3.Gladiador é um filme de 2000, dirigido por Ridley Scott. Nos dias finais do reinado de Marcus Aurelius, o imperador desperta a ira de seu filho Commodus ao tornar pública sua predileção em deixar o trono para Maximus, o comandante do exército romano. Sedento pelo poder, Commodus mata seu pai, assume a coroa e ordena a morte de Maximus, que consegue fugir antes de ser pego e passa a se esconder sob a identidade de um escravo e gladiador do Império Romano.

Erros Históricos:

- O filme retrata o governo de Commodus como um período de 2 anos. Na verdade, seu governo durou 12 anos.
- Commodus era filho de Marco Aurélio. Porém, nunca matou seu pai, como mostra o filme.
- O filme mostra batalhas que não aconteceram, catapultas que não foram usadas, uma raça de cão que simplesmente não existia nesta época e região, e inscrições em latim escritas de forma errada.
- No filme, os oficiais gritam "fogo" para soldados com arcos e flechas. No entanto, esta expressão só passou a ser usada com o advento das armas de fogo.

4.

300 é um filme de 2007, dirigido por Zack Snyder. Em 480 a.C., o Imperador da Pérsia, Xerxes, envia seu exército para conquistar a Grécia. No entanto, a cidade grega de Esparta tem os melhores guerreiros de sua época e 300 deles estão escalados para lutarem contra os persas.

Erros Históricos:

- É pouco provável que o imperador persa Xerxes usasse vestimentas e adereços tão caricatos como mostra o filme.
- O conselho espartano era composto por membros com mais de sessenta anos de idade. O filme mostra membros mais jovens, como Theron, na faixa dos trinta e poucos anos.
- Os soldados de Esparta usavam armaduras de bronze reforçadas, e não apenas tiras de couro, como aparece no filme.
- Ao invés de apenas 300 guerreiros espartanos, como mostra o filme, os historiadores dizem que mais de 1000 soldados se juntaram ao grupo para enfrentar os persas.

5.Elizabeth: A Era de Ouro é um filme de 2007, dirigido por Shekar Khapur. Inglaterra, 1585. Elizabeth I está quase há três décadas no comando da Inglaterra, mas ainda precisa lidar com a possibilidade de traição em sua própria família. Simultaneamente a Europa passa por uma fase de catolicismo fundamentalista, que tem como testa-de-ferro o rei Felipe II, da Espanha.

Erros Históricos:

- Em 1585, a rainha Elizabeth tinha 52 anos de idade. A atriz que a interpretou, Cate Blanchet, tinha apenas 36 anos.
- Ivan, o Terrível não poderia ter cortejado a rainha Elizabeth em 1585, pois havia falecido em 1584.
- O filme mostra a rainha lutando ao lado de seus soldados, com armadura e espada, no melhor estilo "Joana D'Arc". Os historiadores dizem que isto nunca ocorreu.

6.Pearl Harbor é um filme de 2001, dirigido por Michael Bay. Pouco antes do bombardeio japonês em Pearl Harbor, dois amigos que são como irmãos um para o outro se envolvem de maneira distinta nos eventos que fazem com que os Estados Unidos entrem na 2ª Guerra Mundial.

Erros Históricos:

- No filme, os dois amigos dão um jeito de entrar em seus aviões e abater diversos inimigos no ar. Na vida real, nenhum dos pilotos conseguiram abater tantos aviões.
- Os personagens são enviados para a missão de bombardear Tóquio, mas, na verdade nenhum piloto de caça foi enviado para esta missão.
- O filme mostra uma cena onde o presidente americano Franklin Delano Roosevelt levanta de sua cadeira de rodas, o que nunca aconteceu.

Etc...

O Restante da lista pode ser encontrada, como indicada no começo do post no site :
Fonte :
http://www.historiadigital.org/2010/03/15-filmes-com-erros-historicos-absurdos.html

Opinião:

Obviamente que algumas obras se utilizam de uma certa licença poética, o que é natural, para dar um tom mais romântico ou dentro das intenções políticas ou de identidade que os diretores almejam para o filme. É um recurso de certa maneira natural, porém, quando aparecem erros exorbitantes, a questão de certo foge do controle e do limite da licença, deixando para trás o mínimo de coerência histórica. Mas enfim, a lista segue a titulo de curiosidade, e não para crucificar os filmes, que por sinal são clássicos e ótimos, e menos ainda seus respectivos corpos produtores.
Vale conferir:
Fonte:http://www.historiadigital.org/2010/03/15-filmes-com-erros-historicos-absurdos.html


Ass: Rafael Costa Prata
Graduando em História pela Universidade Federal de Sergipe.

" Os Anos JK" e o " Jango" de S.Tendler.


As obras “Os Anos JK, Uma Trajetória Política” e “Jango”, respectivamente 1980 e 1984, são de autoria do aclamado cineasta e diretor Silvio Tendler. Nascido no Rio de Janeiro em 1950, o carioca traçou seu caminho até a França onde iniciou sua formação e voltou com uma bagagem intelectual que inclui Licenciatura em História pela Universidade de Paris, mestrado em Cinema e História pela École des Hautes-Études da Sorbonne e especialização em Cinema Documental aplicado às Ciências Sociais no Musée Guimet, na mesma universidade. Decidido em direcionar sua carreira para a criação de biografias históricas de cunho nacional e social, em 1981 criou a Caliban Produções Cinematográficas onde em 20 anos a frente da produtora, dirigiu mais de 30 filmes em formato documental. Além das duas obras em análise, podemos destacar tantos outros filmes como “Marighela, Retrato falado do guerrilheiro” e “Castro Alves” datados de 1999, “Dr. Getúlio, últimos momentos”, de 2002 e “Glauber o Filme, Labirinto do Brasil”, de 2003, entre tantos outros documentários de destaque. Reconhecido pela crítica, foi premiado em muitos festivais destacando-se o prêmio de melhor montagem no Festival de Gramado e o troféu Margarida de Prata da CNBB para o documentário “Os anos JK, Uma trajetória Política” como também o reconhecimento para “Jango” nos festivais de Gramado e Havana.
De formação esquerdista, Tendler ao decorrer de sua carreira produziu propagandas para partidos da esquerda e em seus documentários vai geralmente se aproximar da visão comunista, em especial do PCB e do PTB. Desta forma, o diretor reconstrói a história de duas importantes personagens políticas visando criticar o período militar em que vivia, haja vista que ambos os documentários em análise são situados na década de 80, período de intensas mobilizações e efervescência política acarretada pelo processo de abertura política que vivia o país e das intensas lutas em torno da redemocratização como, por exemplo, as chamadas “Diretas Já!”.


Por conseguinte, tanto na obra sobre JK como em Jango, adota-se uma visão historicista, que apresenta os objetos de estudo a partir de suas origens e de seu desenvolvimento vinculando-os as condições concretas que os acompanham, assim o cineasta não aparece na narrativa deixando a cargo dos filmes a tarefa de transmitir a sua proposta na totalidade. Percebemos uma visão cronológica, onde os fatos seguem uma linha do tempo a fim de que se tenha uma fidelidade à história, assim como é evidente o interesse de criar a imagem dos dois lideres políticos como herdeiros do Varguismo, logo JK é recriado como filho político de Vargas e sua trajetória política é demonstrada paralelamente ao governo varguista, e igualmente Jango é reconstruído como herdeiro de Vargas desde sua ligação e iniciação política dentro da cidade natal de ambos que é São Borja tanto nos processos políticos posteriores que ligam os dois dentro do PTB.


Individualmente tratando, enxergamos a criação de JK como o ideal democrático, mentor dos anos dourados brasileiro onde o país cresceu e se desenvolveu como nunca, mostrando que é possível se modernizar dentro de um sistema democrático. Assim é o democrata reformador que tirou o Brasil do sistema agrário arcaico e atrasado e levou ao mundo industrial, da modernidade e do progresso, como o próprio narrador faz questão de explicitar. Através de imagens, vídeos e entrevistas com participantes do período, cria-se a imagem do JK sorridente, pacificador e que vai sempre atender a defesa da democracia e da constituição para contrapor os militares e mostrar que a democracia ainda é viável mesmo que o ambiente repressivo nos tenha tomado por muito tempo. Em relação ainda a composição das imagens e das entrevistas é visível a clara preocupação com a estética das obras quando percebemos, por exemplo, a escolha por ambientes intelectuais como bibliotecas, escritórios, gabinetes políticos e etc., visando uma formalidade e uma credibilidade ainda mais acentuada para a obra e a conseqüente aceitação que uma bela imagem pode criar e assim beneficiar a obra.


Porém, contraditoriamente podemos enxergar por parte do cineasta um “esquecimento” ao somente relembrar os lados e fatos bons atribuídos a JK astuciosamente ocultando aspectos desagradáveis e contradições referentes a este e a sua gestão como ao não se aprofundar nas questões sociais primordiais do país na época como o problema da seca que se agravou no Nordeste, omitindo também o desleixo do governo em aumentar os fundos do orçamento para a saúde e educação no país, preceitos básicos que são garantidos pela constituição. Todavia, o miserável é retratado parecendo satisfeito com aquela nova situação de progresso e assim o filme procura sempre reforçar o desenvolvimentismo progressista metaforizado na construção do estado símbolo que foi Brasília, a capital candango do Brasil. É assim notório o interesse de não responder a certas perguntas, lacunas em aberto, especialmente de interesse popular, esquecendo tais contradições, com o claro interesse de elevar os louros, as glorias de JK.


De igual forma é criado o filme “Jango”, com imagens e entrevistas da época seguindo a mesma preocupação estética do diretor para reescrever esta personagem histórica. O que torna este documentário diferente em relação ao anterior deve-se pelo momento conturbado em que vivia o nosso país que vai ser retratado no filme, criando um aspecto pesado e de forte teor emocional para os espectadores. Se em JK, assistimos com um grandioso e radiante sorriso estampado nos lábios, feliz e orgulhoso pelo belo período de anos dourados e de democracia com progresso que reinava no país, em Jango por muitos momentos recorremos as lagrimas para manifestar a reação que o filme acaba nos provocando. São lagrimas resultantes da emoção que o filme traz a tona, tanto pela composição iconográfica e filmagetica que emociona em muitos momentos ao trazer imagens onde enxergamos a tristeza na face de Jango, a dor do exílio e o momento da volta deste mesmo exílio somente conseguido por meio da morte, como também pela composição sonora, deveras primor da obra,esta que desde o inicio da película nos envolve, busca comover a ponto do telespectador por toda essa composição se vê subitamente envolvido e assim acaba por torcer pelo melhor final possível para Jango porque se sente como quem está andando ao lado dele. É intencional a forma desta criação que pode ser justificada pela claríssima simpatia do diretor com Jango e para com suas idéias e propostas, e fazendo-se desse meio ele também, alem de como já dito inserir o telespectador na emoção do momento e fazendo-o se identificar com Jango, consegue criar uma raiva ainda maior para com os militares devido a suas condutas e ao presente que eles acabariam por levar ao país.


Dessa forma, é inevitável a aproximação de Jango com o telespectador, possibilitando a concretização do anseio da obra que é criar uma imagem positiva de Jango e também a partir desta mesma imagem criticar o golpe e a ditadura em questão. Jango, como reformador social, de tendência esquerdista, é recriado como populista defensor das causas sociais, criador das reformas de base profundas como a reforma agrária, e que por isso teve de lutar até o instante final de sua gestão pelos seus ideais, e que até esse final não se entregou, porém mais uma vez foi deposto por forças conservadoras que não desejavam as medidas que ele estava adotando em viés popular. Assim mais uma vez um líder populista, como Getulio Vargas, foi deposto por tais forças e que da mesma forma caiu sem aderir à luta armada, talvez por enxergar as conseqüências sangrentas que poderia acarretar ao povo caso ele conclamasse ajuda popular, e ele teria força para tal como afirmou muito bem Leonel Brizola, ou por que decidiu renunciar pacificamente optando pelo ato da pura covardia.


Enfim, em ambos os filmes existe o claro propósito de confrontar a memória da esquerda frente à memória militar. Ambos caracterizam o chamado cinema da abertura democrática aonde vai se buscar uma identidade democrática no passado para se exemplificar e projetar um futuro democrático que em breve estaria por vir.


Silvio Tendler.

São dois clássicos documentários que contribuem muito para o estudo do Brasil Repúblicano em um período politicamente conturbado onde emergem estas duas importantes figuras : Juscelino Kubitschek e João Goulart, JK e Jango respectivamente.

Ass : Rafael Costa Prata
Graduando em História pela Universidade Federal de Sergipe.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Sugestão de Livro - Lançamento 2010.


" A História nos Filmes, Os Filmes na História, de Robert Rosenstone"




" Este é um livro que vai além da relação de espelhamento entre cinema e história e amplia as possibilidades de compreensão sobre a construção historiográfica e a construção cinematográfica do passado, iluminando não só a compreensão dos filmes mas da própria escrita da história. Robert Rosenstone apresenta uma análise minuciosa de filmes de diferentes nacionalidades, épocas e estilos cinematográficos, investiga de que forma o cineasta se torna um historiador, e examina a interação do cinema com o discurso histórico. Voltado para um público amplo, esta obra é também indicada a professores e estudantes de História, Ciências Humanas e Cinema e Comunicação."


TÍTULO: HISTORIA NOS FILMES, OS FILMES NA HISTORIA, A
ISBN: 9788577531141
IDIOMA: Português.
ENCADERNAÇÃO: Brochura | Formato: 14 x 21 | 262 págs.
ANO EDIÇÃO: 2010
AUTOR: Robert A. Rosenstone


Preço Medio : 35 reais.
Venda nas grandes editoras de todo o Brasil.


Espero que seja um ótimo Livro. Já encomendei o meu.


Fica aí a dica.

domingo, 30 de maio de 2010

O Cinema Verdade de Eduardo Coutinho.


O documentário “Cabra marcado para morrer” é de autoria do cineasta Eduardo Coutinho e posiciona-se como uma das obras cinematográficas mais importantes sobre as reminiscências e ações da ditadura militar no país. Paulista, nascido em 1933, Coutinho tem uma larga formação em cinema e também em jornalismo, tendo estudado na França o curso de direção e montagem no IDHEC, o Instituto de altos estudos cinematográficos, onde ele realizou seus primeiros documentários. Quando voltou para o Brasil, Coutinho bastante influenciado pela escola francesa do “Cinema Verdade” integra-se na CPC da Une que eram centros populares de cultura com objetivo de levar a cultura às massas e despertar a consciência política do povo utilizando-se da arte e da informação para esses fins. Assim, desenvolve vários curtas e medias metragens como “O pistoleiro de Serra Talhada” de 1976 e “Portinari, o menino de Brodósqui” de 1980, todavia sua obra de indiscutível destaque e que o torna reconhecido internacionalmente é “Cabra Marcado para morrer” que lhe trouxe inclusive muitos prêmios como o FIPRESCI no Festival de Berlim do ano de 1984, entre outros 12 prêmios em festivais internacionais, reconhecendo o seu exaustivo trabalho para a concretização desta obra que após interrupções e perseguições conseguiu concluir ainda que contraditoriamente a linha do filme tenha seguido outra tendência.

Em " Cabra Marcado para morrer", percebemos o auge de um Eduardo Coutinho que não se preocupa com imagens positivas, adotando um olhar mais cru sobre a realidade e que opta por uma visão popular da história. A estética assim nesta obra não importa, o que vale realmente é retratar o popular, o povo comum, a memória do passado oprimido. Não há preocupação em fazer locações em ambientes que causem boa impressão e sim em locais corriqueiros, populares, como a porta de casa de uma velha senhora, uma rua movimentada popular, um ponto de encontro de idosos em uma velha casa e etc. Dessa forma é o povo quem fala, é o escarro proveniente da expectoração do velho e forte João Virgínio da Silva que é filmado e demonstrado na obra mostrando a diminuta preocupação do cineasta com a estética e sim a sua preocupação com o caráter popular e realista para seu projeto. Quanto à composição da obra enxergamos uma ruptura cronológica, onde também não há um roteiro prévio para a execução do filme e o cineasta acaba por revolucionar o cinema com uma nova conduta onde o diretor explica e toma parte nos fatos, ele participa da história mostrando o que acontece e o que pode de ser feito. Ele também é um sujeito desta história, pois desde o momento inicial do filme, Coutinho esta lado a lado dos participantes da saga retratada no filme inclusive tornando-se um leve amigo destas pessoas e alicerçando assim o seu compromisso para com elas.

Em relação ao enredo da obra, o filme teve um desenlace que mudou os rumos do que viria a ser esta obra. Inicialmente locado em 1964, seria um filme sobre o assassinato do líder camponês João Pedro Teixeira e a saga de sua família utilizando-se de pessoas comuns para serem atores desta história. Porém com o golpe de 1964, o filme foi interrompido porque tanto o cineasta como os personagens desta história passaram a ser perseguidos com a evasiva de serem comunistas paralisando a filmagem por 20 anos, voltando-se apenas em 1984 a retomada da filmagem, todavia com um novo viés. Agora o filme passou a ser um documentário onde o diretor busca os personagens da época e procura entender o que se passou com eles, como vivem e suas opiniões sobre tudo, e em especial ele quer saber o que se passou com a viúva Elisabeth Teixeira, foco deste segundo momento do filme, e assim recriar sua identidade perdida naqueles tempos já que até o momento em que Coutinho a procurou e a encontrou ela vivia com outro nome, deixando assim de lado um passado de lutas que vivia no seu nome.

Assim, por meio de várias entrevistas, o cineasta e seu companheiro vão como andarilhos por todas as localidades onde os fatos se apresentaram, entrevistam personagens vivas daquele tempo e com isso pretende acima de tudo não deixar que aquele passado pereça caindo na vala do esquecimento, que o oprimido não deixe de ser personagem da história.
Dessa forma mergulhado na sua estética do “Cinema Verdade”, Coutinho se insere na sua própria obra, foge de estereótipos e a realiza de acordo com o que os fatos lhe aparecem, construindo uma obra que revela uma emoção muito forte tanto no teor das entrevistas, acontecimentos, como no decorrer dos fatos que a história traz como a tentativa de unir novamente Elisabeth a seus filhos que foram dissipados durante seu período de exílio. Carregado de emoção, o documentário não visa apenas relatar os fatos do ponto de vista meramente informativo e sim dar uma característica mais real, entender os sentimentos de cada personagem, mostrar a face humana de quem lutou, na tentativa de não se tornar um filme basicamente factual.

Enfim, muito se tem a falar de uma obra de dimensão tão grande e representativa e que em 120 minutos de película existem ocultas muitas lutas para a sua realização, para a sua filmagem e que se difere dos outros documentários por este colocar o povo como personagem e voz de sua própria história. O próprio cineasta e sua equipe acabam por metaforizar o sentimento da opressão sofrida e que por isso estão intimamente ligados a historia identificando-se com o povo. Coutinho mostra-se um homem ativo da história, que não deixou morrer seu projeto no esquecimento de uma sala, como o narrador mesmo explica sobre a prisão do antigo rolo de filmagem do filme, e que por meio desse passado, explica esse passado, se coloca nesse passado, e ajuda a entender este presente e que pode auxiliar na luta, como podemos resumir muito bem nas palavras da própria Elisabeth Teixeira no desfecho da obra onde ela diz resumidamente que enquanto houver povo envolvido com situações precárias existirá sempre a luta. E é esse um dos principais méritos do filme de acordo com o meu juízo que é restaurar a imagem de luta popular e mostrar que houve luta e que este forte lutador nunca cruzou os braços, mesmo que muitos acreditem que isso ocorreu.

Assim o documentário “Cabra Marcado para morrer” representa o dever de Coutinho diante da história, sua cumplicidade em levar a voz do povo ao conhecimento de todos. Com seu jeito simples e agradável e altamente popular, Coutinho carrega sua câmera para os ambientes onde percorre, e por ambientes onde ninguém havia desejado retratar, tornando-se o instrumento de representação do povo e esta tarefa por sinal ele desenvolve com muito esmero. O Povo, assim, teve direito a fala.

Eduardo Coutinho, um jornalista das Ruas.


Ass: Rafael Costa Prata
Graduando em História pela Universidade Federal de Sergipe.

terça-feira, 18 de maio de 2010

O Retorno de Martin Guerre.


Antes de abordar o filme e a sua temática envolvida, é necessário destacar a grande importância e as frutíferas contribuições da historiadora Natalie Zemon Davis para o campo da História.

Natalie Zemon Davis é uma renomada historiadora americana, com grande destaque no estudo da Era Moderna.

Enfim,no ano de 1982 acabou sendo convidada para participar e elaborar, a partir de seus estudos, um roteiro para a filmagem do filme " O Retorno de Martin Guerre". Fato é que seu roteiro, suas analises e interpretações acabaram tornando-se, além do filme, uma obra de alcance e sucesso mundial, cuja analise da história tentarei prosseguir adiante.

Comecemos:

O Romance histórico “O Retorno de Martin Guerre”, escrito por Natalie Zemon Davies é resultado de uma tentativa de contar fidedignamente este caso histórico surpreendente e fora dos padrões, tanto é que chegou até os nossos dias com a mesma surpresa que o tornara conhecido mundialmente.

Inicialmente, a escritora nos informa que o trabalho da escrita do livro foi realizado utilizando-se as informações disponíveis sobre o caso, principalmente relatados no “Arrest Memorable” do jurista Jean de Coras e do também magistrado Le Suer. Porem, como a própria afirma, há pedaços da história que não podem ser constatados, logo, a própria nos deixa claro que em alguns incertos deixaria a sua imaginação fluir, procurando respostas apropriadas ou possíveis de acordo com a personalidade de cada personagem.

O Trabalho é assaz importante até porque a literatura camponesa medieval (e princípios de era moderna) não é facilmente retratada, haja vista que a grande maioria da população camponesa era desprovida do poder da escrita, e assim, conseqüentemente do poder de deixar a sua marca na história. Acontece que a maioria dos relatos sobre os camponeses são marcados nas chamadas “obras de comedia”, sempre certos estereótipos onde se enxerga uma lição de moral envolvendo coisas engraçadas e sublimes, porem a maioria sempre com final feliz.

Poucos são os casos onde o proprio camponês deixa a sua biografia escrita. Se nos deixa, é sinal que já não é tão camponês, e que já ascendera um pouco em sua vida.
Contudo, a principal fonte de informações acerca da vida camponesa, vai se dar por um meio não muito feliz: Os documentos judiciários. São neles, onde os escritores vão buscar relatos de casos da época, para procurar encontrar a profundidade do período. Temos aqui então nesta obra, um caso típico desta literatura. Assim, tanto "O Retorno de Martin Guerre", como também a obra “O queijo e os vermes” são frutos de trabalhos intensivos sobre tais anais da justiça.

Porventura quem ainda não leu a obra, não siga adianta na leitura desta postagem, haja vista que contarei todo o processo da história, mas caso contrario, sugiro a leitura de forma que possibilite o interesse da leitura posterior, como também o gosto pelo filme.

O livro narra à história do camponês Martin Guerre. Nascido no Hendaye na região basca, acabou mudando-se muito cedo com seus pais para a região de Artigat no Languedoc, região francesa. Sua família basca possuía uma forte personalidade, típica do local. Chegando ao Artigat, a família se instalou e comprou terrenos onde foram desenvolvidas atividades da agricultura e a principal fonte da família que eram as olarias.

Martin tivera uma infância atribulada. Não era fácil ser basco e seguir a forte e rígida formação de sua família naquele ambiente.Certo dia um fato iria mudar sua vida. Seus pais, seguindo a tradição, arrumaram-lhe uma esposa de “ boa família” para que as regiões de ambas as famílias fossem unidas. Então, Martin foi "convidado" a casar-se com Bertrande de Rolls. Eram muito novos. Martin tinha basicamente 14 anos, e ela era ainda mais nova. Casados, Martin não conseguia se adaptar a vida, e acima de tudo, não conseguia ter relações com a sua esposa, enfim foi dado como impotente.

Foram 8 anos sem nenhuma relação com a esposa,sofrendo grandes martírios dentro da comunidade em que vivia. Sua família acreditara que tivesse sido vitima de um feitiço.Assim sendo, uma velha feiticeira tratou de fazer um ritual sobre ele, e assim, conseguiram ter sua primeira relação, que acabou engravidando a esposa,dando origem ao filho chamado Sanxi Guerre. Porem mesmo assim Martin não gostava daquela vida de trabalho no campo e nas olarias. Era um jovem, queria conhecer o mundo. Seu pai nunca permitira que ele se aventurasse. Guiado por seus impulsos, acabou roubando uma saca de grãos o que forçou a seu pai a repreende-lo severamente pois segundo a tradição basca, o roubo era algo inadmissível. Assim, conseguira um álibi para sua fuga. E fugiu.

Foi para a Espanha, onde lutara pelas forças espanholas contra a França, lugar de onde vira. La conseguiu um emprego depois de servir ao exercito, na casa de um cardeal, também em um mosteiro, onde fortalecera a sua fé católica. Porem tragicamente acabara sendo ferido, e tivera uma perna amputada, onde colocaram-lhe em substituição uma perna de pau.

Em Artigat, Bertrand de Rolls seguia a sua vida esperando a volta de Martin Guerre. Mantinha a pureza e a esperança que um dia ele pudesse retornar. Segundo os direitos canônicos, ela não poderia se casar novamente, teria que esperar até que o marido retornasse. Caso desejasse se separar, podia tentar provar a sua morte, o que poderia lhe garantir a separação, mas preferiu esperar.

Chegamos então a personagem mais significativa de toda a história. Personagem que desperta as maiores duvidas e incertezas até os nossos dias. Um homem chamado Arnaud de Tihl, ou vulgarmente conhecido como Pancette.Dado a boa vida, as bebidas e a luxaria, vivia perigando entre os lugares. Era um gênio da persuasão e da memória. O melhor ator e vigarista que se poderia ter no momento. Certa vez estava ele vagando quando dois soldados o indagaram se era ele Martin Guerre,aquele camponês que fugira,respondera então que sim, resolvendo então usurpar a vida daquele ser.

De fato eram imensamente parecidos. Percebendo então a grande chance, partira Pancette.

Aqui devemos entender que não se pode afirmar com certeza, se Pancette, antes de entrar em contato com estes dois soldados, tivera algum contato real com Martin Guerre durante a guerra,haja vista que Pancette havia lutado pelo exercito francês, mas assim vemos que ambos lutaram então por exércitos opostos.Mas caso tenham tido, Martin poderia ter contado tudo sobre sua vida, e este experto Pancette acabara interessado e impulsionado a trair esta amizade. Mas não é uma certeza este encontro. Também Pancette ficou sabendo de coisas da região através dos relatos dos dois soldados que o confundiram com Martin Guerre. De fato, esta questão é bastante polêmica no decorrer de toda a questão : Pansette sabia tanto, que suspeitavam até, durante o seu processo, que fosse demoníaco, o diabo lhe informava tudo.

Partira Pancette pra a sua nova vida. Chegou em uma hotelaria em Artigat onde o Reconheceram prontamente como Martin. Foi recebido com muito amor em Artigat, sem que ninguém suspeitasse de nada.Ao primeiro encontro com Bertrand, acabara se apaixonando.Vivera bem com toda a família por quase 3 anos sem que nada lhe perturbasse.

A grande e essencial questão polêmica centra-se na personagem Bertrande de Rolls: Sabia ela que aquele era um farsante ou não?!. Tornou-se cúmplice dele?!.
Alguns estudiosos da época afirmam que ela não poderia saber pois " o sexo feminino é frágil e se deixa seduzir". Talvez, na minha opinião, sabendo ela que estava feliz com este, e aquele outro a abandonara, resolvera então torna-se cúmplice para a sua própria felicidade.

Até que um dia Pancette pisou no proprio pé. Resolvera pedir ao tio Pierre Guerre as contas de suas propriedades que ficaram em seu nome. O Tio que talvez ate aquele momento estranhasse o tal sobrinho, mas que nunca agira pois a vida era calma, sentiu-se ofendido. Passou então a recordar-se então de tudo de estranho naquele novo ser: O fato deste regresso Martin desejar vender algumas terras da família, fato inadmissível na cultura basca, pois se passava de geração em geração, entre outros tantos fatos que lhes pareciam inexplicáveis para alguém que tivesse origem basca.

Assim instalou-se o conflito. Pierre Guerre convencera a boa parte da aldeia que aquele homem era um impostor, que queria usurpar a propriedade da família e também maculá-la. Pancette se defendia dizendo que era uma calunia do velho tio, pois este não queria lhe devolver o que lhe era de direito. Então, foram parar na Justiça.

No âmbito familiar, Bertrande ficara do lado do marido. As irmãs de Martin também apoiavam ao suposto Martin.Na aldeia, estava meio a meio, talvez até acreditassem mais em Pancette que no senhor Pierre Guerre.

O grande e renomado Jurista Jean de Coras partira para Artigat onde julgara todo o processo. Convencera-se então que o falso Martin era inocente. Durante este processo primário, as principais acusações eram:

- Pierre Guerre afirmava que aquele era um impostor. Afirmava que o sapateiro da comunidade podia provar a farsa, haja vista que o pé daquele Martin era menor que o do verdadeiro Martin. Também haviam os dois soldados que afirmavam que aquele era um vigarista chamado Pancette.

- Enquanto isso, Pancette se defendia com grande eloqüência, provando a todos com relatos e memórias que era o verdadeiro Martin Guerre.

No fim, Foi absorvido.

Contudo, inconformado, Pierre Guerre invadira a casa de falso Martin mostrando-lhe um documento na qual se via que ele seria julgado no Supremo Tribunal de Toulouse. E desta vez a situação era absolutamente terrível, pois a própria esposa teria contribuído, ao ter assinando também o documento de acusação. Porem sabia ele, que esta assinara forçada, por pressão do tio.

Seguiu preso então para Toulouse. Lá começou os julgamentos da mesma maneira. Conseguia a cada dia com suas lembranças, provar aos juristas, e em especial Jean de Coras, que era inocente. Pierre Guerre entrava assim em apuros, e podia ser processado e preso por calunia. Os julgamentos se seguiam, e a inocência seria decretada, até que no fim de toda a ação, aparecera no Tribunal um homem, andando calmamente e lentamente, com sua perna de pau, exigindo o direito a fala.

Era o Retorno do verdadeiro Martin Guerre.

Pansette ficara inicialmente assustado, mas se controlara. E com grande eloqüência conseguia ate dialogar melhor com os juristas, provando com lembranças e memórias, com mais perfeição que o proprio Martin,acusando-o de ser um farsante a serviço de seu tio.

Contudo a estratégia de Pancette acabaria findando ao fracasso.Em uma cartada final, os familiares, inclusive Bertrande, reconheceram aquele homem da perna de pau, como o verdadeiro Martin que havia ido embora anos antes.

Pansette, então sem alternativas, percebeu que o jogo estava acabado,admitindo então a sua real identidade: Arnaud de Tihl.

Foi condenado a morrer na forca por ordem de Jean de Coras para servir como exemplo. Seus despojos foram queimados. Mas antes de morrer passou por um suplicio de perdão. Caminhou pedindo perdão a todos os que conhecera naquela comunidade,até que a frente da casa dos Guerre, onde foi montado o palco de sua morte, foi enforcado e queimado.

Acabara assim a história de usurpação do experto Arnaud de Tihl.

Algumas considerações interessantes, e todavia não únicas, podem ser explicitadas sobre o contexto da obra, como também retratadas no filme:

- Em todo o decorrer do livro subentende-se uma intenção da autora em demonstrar como o Protestantismo começava a se fortalecer na Europa, e não somente nos meios mais abastados como também possivelmente nas camadas camponesas.
Em vários momentos do livro, a autora afirma da posição religiosa controversa de Jean de Coras. Era católico mas tornara-se protestante. Talvez Bertrande de Rolls e Arnaud de Tihl também tivessem se convertido ao Protestantismo.
O verdadeiro Martin Guerre contudo era muito católico, devido ao convívio intenso com cardeis e em mosteiros na Espanha.

Assim torna-se subentendido um enlace subliminar e característico do período em destaque: O PROTESTANTISMO REFORMANTE X CATOLICISMO CONSERVADOR.

- A autora expõe que pelos transmites da Reforma Protestante talvez a história e o fim de Pancette teriam tido um fim diferente. Durante o proprio julgamento foi afirmado que Martin tinha a sua grande culpa na história ao fugir e abandonar Bertrande e sua família.
Bertrande de acordo com tais leis reformantes poderia obter um novo casamento, sendo provada a ausência daquele. Também afirma Jean de Coras em seus registros, que talvez aquele casamento juvenil nunca teria sido efetuado devido a extrema juventude de ambos. Assim eram as leis rígidas do casamento no Catolicismo, contra as leis mais flexíveis do Protestantismo.

- Menção ao fim trágico do controverso Jean de Coras, que descoberto protestante, acabara enforcado e morto durante o massacre de São Bartolomeu, onde inúmeros protestantes acabaram massacrados. Este mesmo Jean de Coras, havia se identificado bastante com Pancette. Talvez por saber que aquele também era um protestante, e mais ainda por sua inteligência e eloqüência lingüística e retórica. De fato, tinham algumas coisas em comum.

Para finalizar, de fato tanto o filme como o livro se correspondem. Uma serviu de roteiro para a outra, e mostram uma surpreendente história. Um relato de um caso cheio de duvidas, suposições, interpretações e de um sucesso que chega até os nossos dias.

Seria Bertrande de Rolls uma ingênua mulher? Ou era muito experta e sabia desde o principio? Qual a culpa do verdadeiro Martin Guerre? Pancette teria se redimido da vida errante ao se apaixonar por Bertrande e assumir aquela vida de alguém que outrora havia fugido?

Enfim, muitas dúvidas e posicionamentos surgem. E talvez seja este o grande mérito tanto da obra como de toda a história: A infinidade de dúvidas,posicionamentos e a certeza que nesta história, não há uma verdade absoluta.

Um Conselho ? A leitura do Livro e um olhar direcionado ao Filme.

Nesta obra, fica muito claro como a História, a Literatura e o Cinema, podem dialogar em conjunto, apresentando então o Cinema, em confronto com o conhecimento historiografico, como um elo possivel e muito importante para o campo da História.

Ass: Rafael Costa Prata

Graduando em História pela Universidade Federal de Sergipe.


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