domingo, 29 de julho de 2012

Monty Python: A Comédia fazendo um ótimo uso da História


     
        O Maior grupo de comédia de todos os tempos. Não há outra expressão que se encaixe tão perfeitamente como esta, para designar o Monty Python. Passados quase 20 anos de seu termino, este grupo de comédia britânica formado nos anos 1970 por seis jovens comediantes – Terry Gilliam, Terry Jones, Eric Idle, Graham Chapman, Michael Palin e John Chese – acabaram por influenciar significativamente tudo o que seria comédia dali em diante.
        Do sucesso das esquetes televisivas, no ar já desde 1969, veio a consequente entrada no mundo cinematográfico, quando o grupo lança sua primeira película chamada “Monty Python em busca do Cálice Sagrado” em 1975. Sucesso imediato, esta comédia já deixaria claro a tônica a ser seguida pelo grupo no decorrer de seus filmes: a utilização de panos históricos na construção de seus enredos, satirizando é claro tudo que é apropriado.
       Em “Cálice Sagrado”, o grupo faz uma inteligentíssima releitura dos mitos que envolvem o chamado ciclo arturiano, apresentando de forma bastante caricata, mas não menos inteligente, questões filosóficas cruciais por durante todo o Medievo. Temas como Deus e o seu providencialismo, a Guerra e a Nobreza, o Heroísmo, a Pureza mental e física, entre outras questões, são abordadas neste filme de forma inteligentíssima, que tem como um saldo uma comédia histórica riquíssima.

       Em 1979, o grupo ousaria mais ainda, lançando um filme que por si só, traria inúmeras polêmicas e críticas para o grupo. Em “A Vida de Brian”, o grupo entra numa seara complicadíssima, muito mais quando se trata de uma abordagem cômica: a concepção, nascimento e a vida do Messias. Aqui, a comédia ganha contornos de genialidade. Satirizando a eterna espera humana por um Messias, o grupo leva as telas, a história de Brian, um comum homem que é confundido com o verdadeiro Messias, e que por isso, em toda a sua vida, é perseguido e entendido como o tal, mas que, em contrapartida, apenas anseia ter uma vida normal. Sacadas históricas bastante relevantes são demonstradas no filme, como por exemplo, os vários profetas que são demonstrados em uma cena, anunciando a chegada do Messias, e outras tantas questões...

       Em 1983, o grupo lança seu último filme, que parte mais para uma perspectiva filosófica, sendo chamado “O Sentido da Vida”, na qual, perpassam discussões em torno do tecnicismo, da burocracia, do capitalismo, o efeito da globalização e etc.
     Se considerarmos os filmes individuais de cada membro do grupo, alargaríamos nossa visão: Em 1977, Terry Gillian, dirige um filme chamado “Jabberwocky - Herói por Acidente”  que ao contar a história de um simples camponês, acaba empreendendo uma sátira a vida do homem medieval. O mesmo Gilliam, em 1992, levaria as telas, uma belíssima sátira medieval – moderna, chamado “ O Pescador de Ilusões” (que será alvo da próxima análise deste blog) na qual se utiliza do mito do “Rei Pescador” contido também no bastante procurado ciclo arturiano.
       Em 1989, outro membro do grupo, Terry Jones, lança uma película de grande sucesso chamada “Erik – o Viking”, que conta a história do herói homônimo ao titulo do filme, resgatando assim alguns contos nórdicos para perfazê-lo.

       Enfim, o talento deste grupo britânico não pode ser medido a partir somente de suas películas, mas sim pela longevidade e o impacto causado ainda hoje pelo grupo. O Melhor a se fazer é, para os que ainda não tiveram a oportunidade de assisti-los, se debruçar diante da telinha, e conferir seus grandes filmes, e para os aficionados, também aos esquetes, que podem ser encontrados em boxes, Dvds, e até no youtube.

Ass: Rafael Costa Prata
Graduando em História pela Universidade Federal de Sergipe

quarta-feira, 25 de julho de 2012

As Múltiplas faces de Cleópatra no Cinema: Haja beleza!


           Certamente algumas personagens históricas continuam a seduzir o público expectador, haja vista que, continuamente, ano após ano, década após década, inúmeras películas continuam sendo produzidas em torno destas personagens, revisitando seus dramas, seus romances, etc.
        Uma figura histórica bem “batida” no Cinema é a eterna musa egípcia: Cleópatra.  A grande rainha egípcia e o seu triangulo amoroso com Júlio Cesar e Marco Antônio tem sido constantemente “reinterpretado” em filmes românticos, dramas, épicos, etc, que procuram obviamente na interpretação de grandes e belas atrizes, a representação de uma Cleópatra poderosa, e noutro ponto, incrivelmente bela e sensual.


     
 O Primeiro grande filme sobre Cleópatra foi levado às telas em 1917, em um drama mudo, protagonizado pela atriz Theda Bara. O Filme que hoje é considerado perdido foi um verdadeiro épico para a época, contando com grandes e ricas vestimentas para a musa, e cenários bastante caros para seu momento de produção. Seguindo esta linha, outras grandes películas foram produzidas em torno da mesma. Destacarei algumas:
  


Em 1934, a musa volta através do épico de Cecil de Mille, sendo interpretada pela grande atriz Claudette Colbert. 



... em 1945, é Vivien Leigh quem interpreta Cleópatra no clássico “Cleópatra e Marco Antônio”.  



 Em uma película não tão conhecida, Sophia Loren também deu as caras como Cleópatra, no filme italiano “Duas Noites com Cleópatra” do ano de 1953.

         Porém, não há como negar que a figura desta musa foi imortalizada no Cinema, naquele que é talvez o maior épico produzido, o clássico “Cleópatra” de 1963, dirigido por Joseph Mankiewitz, cuja personagem central foi interpretada por Elisabeth Taylor.  Foi nesse filme, aliás, que, Liz Taylor conheceu seu marido Richard Burton, que interpretara no filme o personagem Marco Antônio.


         Este clássico de 1963 exigiu os maiores esforços épicos da época, contando com o maior numero de figurantes, de criação de vestimentas, recriação de cenários de época, enfim, o gasto foi exorbitante, e paradoxalmente, o resultado esperado não foi obtido. Apesar de ser um clássico, o filme não obteve tanto sucesso a época, dando um sensível prejuízo a seus produtores.
          

       Outras produções mais peculiares também ousaram em representar Cleópatra. A comédia “Asterix e Obelix: Missão Cleópatra” de 2001, escalou a bela atriz Monica Belluci nesse papel.



 Curiosamente, um filme nacional, também ousou neste sentido. O Filme “Cleópatra” de 2007, conta com Alessandra Negrini no papel desta sensual personagem.


 Enfim, poderíamos ter citado tantos outros filmes, mas a nossa intenção foi apenas destacar alguns desses clássicos, e, sobretudo, as belas atrizes que encabeçaram estas produções. Haja Beleza!

terça-feira, 17 de julho de 2012

A Nudez no Cinema: As Primeiras aparições... e o famigerado Código Hays


      
         Em 1992, a atriz Sharon Stone, “escandalizaria” os espectadores do Cinema ao mostrar, de forma velada, através de uma "cruzada de pernas fatal" sua parte mais íntima em uma cena do filme “Instinto Selvagem”, do diretor Paul Verhoeven. O Filme que não é dos melhores, ao menos acabou se tornando um blockbuster, muito em parte por conta desta cena que é até hoje é cultuada, como um dos mais ousados marcos do cinema hoolywoodiano.
         Contudo, nem sempre foi tão fácil inserir cenas sensuais, com ou sem nudez, nas telas do Cinema. Houve épocas em que essa inserção foi praticamente nula, graças ao intenso controle de censura que regia as produções cinematográficas, ao menos no que tange o cinema norte – americano e suas produções. Obviamente que filmes underground, já se procuravam burlar estas questões, mas não é este o ponto que nos interessa.
         Interessa-nos os filmes de primeiro plano, produzidos em Hollywood.

         Curiosamente, as primeiras cenas de nudez são bastante precoces.  Já em 1916, nos primórdios do cinema americano, duas atrizes em especial, transgrediram nesse sentido. O Filme Mudo “Daughter of the Gods” chocou o público da época – e ao mesmo tempo chamou o mesmo que compareceu em massa – ao trazer a bela atriz Annette Kellerman que no papel de uma bela jovem, aparece em uma das cenas de forma desnuda. A nudez é poética e em momento algum é possível enxergar de forma mais intensa, o corpo da atriz, haja vista que com um truque natural utilizado, suas partes foram inteiramente cobertas por seu longo cabelo.

         
 No mesmo ano, a também bela atriz June Caprice mostraria seus dotes corporais na película “The ragged princess”. Curiosamente esta atriz faleceria prematuramente de câncer pouco depois que um código de leis poria a censura na “nudez” no cinema. Em 1934, nasceu o famigerado Código Hays que além de censurar a nudez no Cinema, se tornaria bastante famoso por regular a linguagem, o conteúdo, e todo tipo de questão das películas americanas.
         

      Criado por uma ala da associação americana de produtores, a MPAA, o código Hays leva o nome de seu “patrono”, um dos lideres do partido republicano da época, o político William Hays. De forma geral, este conjunto de leis passava um pente fino sobre praticamente todas as películas produzidas. O Alvo não era somente a nudez direta, mas também a dissimulada, e num grau mais geral, tudo aquilo que para eles correspondia o risco de corromper a ética, a boa moral da sociedade norte – americana.
         Desta maneira, procuravam combater ao máximo, o uso de álcool, armas, vestidos curtos por mulheres, palavras de baixo calão, temas e diálogos sensuais, e etc, nas películas.

      De forma bastante hábil, alguns cineastas se consagraram ao conseguirem desviar dessas imposições. Frank Capra, um grande diretor da época, lançaria no mesmo ano de outorgada o Código Hays, o grande clássico transgressor romântico “Aconteceu naquela noite”, com Clark Gable e Claudette Coubert. O Filme que por si só, transgride por apresentar a saga de uma mulher independente, que foge do casamento importo por seu pai, e vai viver perigosamente com um  jornalista free lance, foi imortalizado graças a uma cena em especial, na qual a personagem de Coubert, para atrair uma carona a beira da estrada, exibe uma de suas pernas, ao levantar seu saiote.

          
       Contudo foi o ousado diretor Ernst Lubitsch quem mais soube desafiar o bendito Código Hays. Aclamado Rei das comédias “sensuais”, Lubitsch se consagraria por, através dos seus filmes, impor nos diálogos, uma sofisticada malicia que de forma subliminar, contrariava e criticava as imposições do código Hays.

 
Outro cineasta que soube subliminarmente contrariar aos interesses do Código Hays foi o mestre do suspense, Alfred Hitchcock. Com o seu clássico “Festim Diabólico”, de 1948, Hitchcock leva a tela um suspense psicológico marcado por uma velada situação de homo afetividade manifestada entre as personagens principais da película, os dois estudantes de direito que cometem o assassinato ao inicio do mesmo.
         Enfim, após tantas criticas e luta por parte do Cinema Hoolywoodiano, este código acaba sendo extinto em 1967, quando passa a dar lugar a uma mais sensata e justa classificação por faixas etárias, modelo utilizado até hoje no Cinema e como também na Televisão.
         Eis um período de censura que Hollywood procura esquecer... E eram só pernas e cabelos escondendo o corpo!

Ass: Rafael Costa Prata
Graduando em História pela Universidade Federal de Sergipe

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