quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

[TOP10] Os cachorros mais marcantes da história do Cinema

O velho e certeiro ditado afirma “o cão é o melhor amigo do homem”. Poderíamos ampliar tal verdade para todos os animais, haja vista que não somente os cachorros são fiéis aos seus donos, como também os gatos, os papagaios, lagartixas, e etc.
        Mas não dá para negar que os cachorros possuem uma proximidade frente ao seu dono que chama a atenção. Quem cria sabe bem como é a questão. Ciente disso tudo, eis que a industria cinematográfica procurou se apropriar da “atuação dramática e cômica” destes animais desde sempre, fazendo com que os cachorros se tornassem rapidamente célebres personagens de inúmeros filmes consagrados da indústria hollywoodiana.
        Com esta postagem, apresentaremos então um breve Top10 dos cachorros mais marcantes da história do Cinema. Obviamente que muitos outros ficaram de fora da lista, mas vamos lá!

    1.    Totó de “O Mágico de Oz” (1939)

Com certeza Totó é o cãozinho mais famoso da história do Cinema. Fiel companheiro de Dorothy, Totó, da raça Cairn Terrier, parte com sua dona para desvendar os mistérios do mundo de Oz, após serem levados do Kansas por um violento tornado.


Totó e Dorothy (1939)


   2.   Scraps de “Vida de cachorro” (1918)

Até Chaplin se rendeu aos encantos caninos nos seus filmes. Na película “Vida de cachorro”, o cômico contracena com Scraps, um vira lata que praticamente é a estrela de todo o filme. O cachorro, após ser atacado por outros cães, acaba sendo resgatado por Carlitos, e com ele passa então por uma série de aventuras durante todo o filme, emocionando também pelas demonstrações de carinho.

Scraps e Chaplin (1918)


    3.   Lassie de “Lassie – a força do coração”(1943)

A cadelinha mais famosa da história do Cinema e da TV norte-americana, Lassie não só foi protagonista de filme como também de um dos mais famosos seriados americanos. Em 1943, a cadelinha da raça Collie contracenou com a jovem Elisabeth Taylor no filme “Lassie – a força do coração”, um sucesso de público e de crítica, que rapidamente a converteu em uma estrela da história do Cinema.

Lassie e a jovem Elisabeth Taylor (1943)


    4.   Rin Tin Tin em “Procura teu dono” (1924)

    Talvez eu tenha cometido um equivoco nesta lista, pois Rin Tin Tin mereceria muito bem o primeiro lugar neste TOP10, pois, de todos os cachorros listados, é o único a possuir uma estrela na calçada da fama em Hollywood, e como também a ter a carreira mais longa com inúmeros filmes. Certo é que entre 1920 e 1930, o pastor alemão participou – como protagonista – de mais de 20 filmes, sendo um “mito” até hoje do Cinema.

Rin Tin Tin: uma grande estrela dos anos 1920/1930


    5.   Beethoven em “Beethoven – o magnífico” (1992)

Um grande sucesso de público e de crítica. Beethoven é disparado o cachorro mais conhecido dos anos 1990. O  enorme e desastrado cachorro da raça São Bernardo lotou as salas de cinema, dando origem a uma quadrilogia de filmes a seu respeito. Grande sucesso!

Beethoven: o São Bernardo mais famoso dos anos 1990


    6.   Marley de “Marley e Eu” (2008)

Esse provocou muitas lágrimas no público. Marley, o pequeno labrador, se tornou sucesso de público em todo o mundo ao narrar a história do cachorrinho Marley no seio de sua família, desde os seus primeiros dias, até  o seu triste falecimento.

Marley: esse fez muitos chorarem...


    7.   O “cão” de “O Artista” (2011)

Eis outro cachorrinho de enorme sucesso recente no Cinema. Uggie, um pequeno cachorro da raça Jack Russel, fez enorme sucesso ao participar da película “O artista”, tendo recebido inclusive o “coleira de ouro” e um “palme dog” por sua atuação. Sucesso total!

Uggie, a estrela da película "O Artista".


    8.   Hachiko de “Hachiko – amigos para sempre” (2009)

Mais um cachorrinho das películas do tipo “faça chorar”, Hachiko emocionou o público ao contracenar uma bela, porém triste história de companheirismo com o personagem de Richard Gere. Se for assistir, prepare os lenços pois o Akita te fará chorar muito!

Hachiko: outro que marcou pelo "efeito lágrimas"...


    9.   Cujo de “Cujo” (1983)

Para não dizer que os cachorrinhos só produzem risadas e lágrimas, vale destacar a atuação do São Bernardo na película “Cujo”, marcante por se tratar de um filme de terror. Neste, Cujo protagoniza como símbolo de agressividade de um cachorro que se torna uma fera assassina após contrair raiva.

Cujo: a fera!!


     10. O “Cão branco” de “Cão Branco” (1982)

Mais um exemplar de atuação assombrosa de um cachorro. O cão branco da película de Samuel Fuller é um pastor alemão que após ser adestrado por racistas americanos, passa então a atacar pessoas negras. Grande filme que discute muito bem o racismo. Grande atuação do cachorro!

O cão branco: uma metáfora para o racismo

Menção Honrosa: Verdell de “Melhor é Impossível” (1997), Milo de “O Máscara” (1994), K-9 de “K-9: um policial bom pra cachorro” (1989), Hooch de “Uma dupla quase perfeita”(1989), Sam de “Eu sou a lenda” (2007), Benji de “Benji” (1988), etc etc...

Ass: Rafael Prata
Mestrando em História pela Universidade Federal de Sergipe

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Mario “Cantinflas” Moreno: o "homem mais engraçado do mundo", por Charles Chaplin



De certa forma, o falecimento do genial comediante e roteirista mexicano Roberto Gómez Bolanos acabou por “reacender” a memoria em torno de outra grande figura cômica mexicana: Mário “Cantinflas” Moreno. De imediato,  uma grande quantidade de textos acabaram sendo criados na maioria das vezes com o propósito de colocar em debate uma certa comparação entre ambos os cômicos, para saber “quem foi o maior” entre eles.
Conversa vai, conversa vem, e a polêmica, totalmente desnecessária, permanece sem resposta. O que dá para responder, e isso sem sombra de dúvidas, é que ambos os cômicos representam o supra-sumo da chamada comédia de “crítica social” mexicana. Certamente Cantinflas e Bolanos foram os maiores expoentes desse gênero, possuindo, entre suas particularidades, mais aproximações do que diferenças no modus operandi de fazer comédia, e isso explica a amplitude que obtiveram em suas carreiras, as quais, de certo modo se encaminhariam por vias um pouco “diferentes”: Bolanos, apesar de ter participado de filmes, foi um gênio da comédia televisiva, enquanto que Cantinflas foi um genial cômico dos cinemas mexicanos.
     Mas quem foi Mário Moreno, o “Cantinflas”? Nascido na Cidade do México em 1911, Mário Moreno foi o maior comediante cinematográfico mexicano, tendo sido apontado por nada mais, nada menos que Charles Chaplin, que o conhecera pessoalmente, como o  “homem mais engraçado do mundo”.

Cantinflas, o alter ego de Mário Moreno

     Seu apelido “Cantinflas” teria nascido da expressão “cuan inflas”, que em outras palavras seria o resultado de uma característica de seus personagens: falar muito, se embolar em meio as palavras, e no fim não falar nada.
     Oriundo do mundo dos circos populares, Cantinflas levou para as telas do cinema mexicano, a mais pura expressão da realidade social da qual ele próprio nascera, o que explica a sua ascensão rápida e o sucesso em meio ao público popular. Seus personagens quase sempre representavam o mesmo modelo: um sujeito simples, esperto e de bom coração que em meio a sua ingenuidade procura subir na vida por meio de seus próprios esforços.

"Se eu fosse deputado", um dos clássicos filmes de Cantinflas

     O Cinema de Cantinflas é sobretudo um cinema de extrema crítica social. Películas como “Se eu fosse deputado”(1951) e “O Analfabeto” (1961), além de outras tantas películas, dão a tônica exata de sua produção cômica permeada de olhares críticos, onde a miséria, a fome, a pobreza, os desmandos políticos e a educação aparecem sempre em primeiro plano.
     Cantinflas era o Carlitos Chapliano de Mario Moreno. Seu sucesso foi tamanho que em 1956 o comediante foi convidado para participar do aclamado filme hollywoodiano “A Volta ao mundo em 80 dias”, baseado na clássica obra de Julio Verne, quando ganhou o “Globo de Ouro” para melhor ator, surpreendendo e abrindo os olhos do mundo para aquele genial comediante.

Cantinflas em "Volta ao Mundo em 80 dias" (1956)

     Quem foi mais genial? Não sei, e sinceramente não me preocupo em achar uma possível resposta para tal. Ambos foram sensacionais em seus campos de atuação, moldando um cinema crítico e de enorme amplitude frente a sociedade. Aliás, ambos chegaram a trabalhar juntos, pois em 1966, Cantinflas chegou a escolher os roteiros de Bolanos para uma série televisiva chamada “Os Estudios de Cantinflas”, mas a série acabou não saindo do papel.
     Cantinflas faleceu em 1993, com câncer de pulmão, mas até hoje sua fama permanece no México, e além dele. Nesse próximo ano de 2015, o cinema mexicano disputará ao “Óscar de Melhor filme estrangeiro” com a película “Cantinflas – a magia do Cinema”. Nada mais justo para quem foi tão genial.



sábado, 20 de dezembro de 2014

"No vale das sombras" (2007): sobre os traumas, as feridas e a desumanização decorrentes das guerras

          Uma típica criança, minutos antes de dormir, ao ouvir uma famosa história bíblica indaga então ao seu interlocutor, com toda a curiosidade e sapiência infantil, porque o Rei de Israel permitira que o pequeno e jovem Davi enfrentasse o temível e grande Golias. O Senhor que contava-lhe a história, explica-lhe então que não há como responder. A criança percebia assim talvez o traço menos abordado e possivelmente mais polêmico da história em questão.
      
A metáfora do confronto entre Davi e Golias se apresenta como fundamental no decorrer de toda a película “No Vale das sombras”, dirigida pelo cineasta Paul Haggis, em 2007. Haggis ficara famoso um ano antes deste, quando em 2006 ganhara duas estatuetas do Óscar de “Melhor Filme” e “Melhor Roteiro” por conta do excepcional “Crash”, película esta que abriu a linha temática de um polêmico diretor engajado, disposto a discutir as mazelas e as feridas existentes na sociedade norte-americana, por detrás de todo o suposto “american way of life”.
         Em “No vale das sombras”, Haggis, que além de diretor foi o roteirista, discute um outro ponto bastante polêmico para a sociedade norte-americana, cujos debates ainda que se acentuassem, ainda encontravam certo esquecimento: as mazelas emocionais provocadas pelas guerras e a famigerada política externa norte – americana.
         Partindo destas premissas, a película procura discutir de maneira bastante crítica a natureza da política externa norte-americana durante a chamada “Caça ao Terror” no Iraque, abordando inúmeras questões decorrentes da mesma: a convocatória de jovens para o exército, o encontro com a violência em sua face da barbárie bélica, as mazelas emocionais provocadas pela guerra e o retorno doentio destes combatentes para os Estados Unidos, a falta de auxilio do Estado frente aos mesmos diante de tais consequências, e como também, o estado de desumanização provocada pela guerra nos soldados americanos no trato com a população das regiões em conflito.
        
Fica visto que muitas questões são discutidas no filme. Todas elas aparecem diretamente, e em alguns casos, como subtexto da película. Ao narrar a história de um ex-militar que parte em busca do seu filho, o qual, ao retornar da Guerra do Iraque para os Estados Unidos acaba por desaparecer, nos leva então a refletir sobre os horrores provocados pela guerra durante sua execução e após o seu “possível termino” no que se refere aos reflexos emocionais.
         Vale muito assistir o filme.. Tratei de não apresentar os fatos da história para não prejudicar a reflexão daqueles que porventura irão assisti-lo. Por fim, o grande ponto que reúne todos os debates e reflexões que Paul Higgis realizou na película se resume novamente na metáfora de Davi e Golias, e a dúvida da criança: Porque o próprio Rei – o presidente – não foi lutar contra Golias?! Porque ele envia os jovens para combatê-los?! Porque a guerra é feita de crianças?!

Ass. Rafael Prata
Mestrando em História na Universidade Federal de Sergipe

domingo, 7 de dezembro de 2014

Roberto Gómez Bolaños (1929-2014): o dia em que “Chespirito” me fez chorar.

No recente dia 28 de novembro de 2014 fomos noticiados daquilo que, por mais que soubéssemos que chegaria o dia, tardávamos para não ouvir: a noticia do falecimento do genial comediante mexicano Roberto Gómez Bolaños. Por mais absurdo ou exagerado que possa parecer, algumas pessoas lamentaram, sentiram e choraram a morte como se tivessem perdido a alguém próximo, um familiar ou um amigo.
Fui um deles. Vi a noticia. De imediato não acreditei, pois achei que se trataria de mais um dos inúmeros boatos que reiteradamente se espalhavam pela net informando uma falsa morte de Bolaños. Mas então veio o choque de realidade: dessa vez era verdade. Sai da frente do computador, pensei em descer do andar do meu quarto, quando me dei conta que o meu rosto estava “suado”.  Foi quando notei que sentia o peso das lágrimas caindo pelo rosto. Mais do que o mero peso das lágrimas, passei a notar mais ainda o quanto sou fanático e admirador daquele homem que acabava de partir.


Em letargia, comecei então a procurar dentro de mim os motivos para tal “choro”. Vi então que Bolaños tinha sido um “parente próximo” tão presente no decorrer de toda a minha vida. Lembrei-me das inúmeras tardes em que passei assistindo a Chaves e Chapolin com os meus primos; lembrei também das fitas VHS que pedia emprestado aos meus primos Thiago e Juninho quando assistia então incessantemente sem parar aos episódios de Chapolin durante a minha infância, atropelando inclusive as horas da madrugada e  conseguindo vencer assim na sua companhia toda a minha eterna insônia.
Lembrei-me também da minha infância na Atalaia Nova. Naquele ambiente, tinha a minha disposição uma bela praia para “jogar bola”, mas somente partia nesse sentido após assistir pela milésima vez ao episódio de Acapulco. Assistindo a esse episódio sentia uma vontade de ir a praia estando paradoxalmente na praia. Queria estar em Acapulco.
Notei também que o peso da idade ia chegando, mas que a companhia da trupe de Bolaños continuava. Dos meus 5 aos 25 anos atuais, a evidência de que continuava a assistí-los como se fosse a primeira vez. Uma espécie de subterfúgio, a procura pela nostalgia da infância, da simplicidade, do humor puro... ou por algum outro motivo... o certo é que ali chorei por algum ou certamente vários motivos. 


Bolaños era gênio. Mais do que “só” um genial comediante, foi também um sensacional roteirista. Escrevia de tudo e com absurda qualidade, daí o seu apelido de “Chespirito”, uma alusão a Shakespeare e a sua pequena estatura. Nenhum outro em toda a América Latina conseguiu o que Bolaños conseguira. Era, foi e continuará sendo adorado por todos os países da América Latina. Bolaños talvez tenha sido o único ponto em comum em todos os países latinos. Todos o conheciam.
Foi justamente por isso que não somente o México parou no dia 28 de novembro de 2014. Os demais países da América Latina também. Talvez nenhum outro artista tenha conseguido a façanha de ser tão adorado em tantos países. A simplicidade com que abordava questões do cotidiano social desses países talvez possa explicar a adoração sobre Bolaños.

Despedida de Bolaños no estádio Azteca: 40 mil pessoas.

Posso ter exagerado nesta postagem, mas fui sincero. Outras pessoas devem ter chorado também. Cada um com seus motivos particulares. Chorei porque Bolaños foi parte substancial da minha infância, estando inclusive em momentos difíceis da mesma quando me exilava nos episódios de Chapolin como uma espécie de “fuga da realidade”.
Como fanático pelo gênero cômico também chorei porque, do ponto de vista técnico, acabava de perder um dos meus maiores ídolos, o qual sempre residiu no meu panteão sagrado da comédia juntamente com Charles Chaplin e Buster Keaton. Acabava de falecer o criador do Chaves, aquele menino pobre tão típico das localidades de toda a América Latina, do Chapolin, aquele herói magrelo e medroso cuja bondade e a vontade de ajudar ao próximo era seu único "super poder". Morria também o homem que criticava o intervencionismo e o imperialismo americano por meio do “SuperSam”, personagem de Chapolin, e igualmente uma das pessoas que fizeram nascer em mim o gosto pelo cinema justamente por conta dos episódios na qual o mesmo encenava cenas de filmes clássicos nos episódios de Chapolin.


Morria assim Bolaños. Chorei por vários motivos de maneira que seria impossível listar-los aqui. Mas a obra é eterna, como dizem. Minha sobrinha Júlia de apenas 5 anos não perde a um dos episódios de Chaves. Seu quarto é decorado com um boneco de pelúcia do mesmo. Quantas gerações assistiram e continuarão a assistir Chaves?!

Precisa mesmo explicar porque Bolaños era tão genial?! O pequeno Rafael assistia em meados de 1996, e a pequena Júlia assiste em 2014. No Peru, Uruguai, Venezuela, Paraguai, Argentina, Equador, outros tantos continuam a assistir...
Eu sei que Bolaños diante de sua missão de nos fazer rir não desejaria ver a sua culpa no choro de milhões por toda a América Latina. Perdoe-nos Bolaños, foi praticamente impossível segurar o choro... “Foi sem querer querendo”. 

Muito obrigado por tudo mesmo! 

Ass. Rafael Prata
Mestrando em História pela Universidade Federal de Sergipe
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