quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Carmem Miranda: uma celebridade a molde “exportação”

Ela é, até os dias atuais, a artista brasileira mais conhecida em solo americano. Sua imagem é encarada como o “simbolo” de nosso país. Frutas, coqueiros, dança, um clima tropical. “O que é que a baiana têm?”. Na verdade, o que é que o Brasil tem?!
Maria do Carmo Miranda da Cunha, ou simplesmente Carmen Miranda, curiosamente não nasceu aqui no Brasil. Nascera no Distrito do Porto, Portugal, no dia 9 de fevereiro de 1909, mas desembarcou em nosso país com menos de um ano de idade, na companhia obviamente de seus pais.
Sua “chegada” aos holofotes americanos se deu a partir da segunda metade da decada de 1930, quando a partir do filme “Banana da Terra” (1939), ela aparece interpretando a música que seria a sua marca consagrada, a canção “O que é que a baiana tem”, do cantor e compositor Dorival Caymmi.
Ali nascia um mito nacional. A bela mulher com um grande sorriso, vestida com turbantes, colares, e um arranjo de frutas na cabeça, seria o simbolo maior do Brasil nos Estados Unidos.
Foi então que no mesmo ano de 1939, o empresário americano Lee Shubert assistiu a uma apresentação de Carmen Miranda no Cassino da Urca, no Rio de Janeiro, e após a enorme surpresa, convidou Carmem a se aventurar fora de nosso país.
Carmen fez shows por toda a América Latina, e logo em seguida partiu a seu destino principal: os Estados Unidos. Por lá, foi sucesso imediato. Fez inúmeros músicais na Broadway, fez uma apresentação na casa branca para o então presidente Franklin Roosevelt, e estreou em seu primeiro filme americano “Serenata Tropical”. Tudo isso em 1940.
Depois disso só foi constatar a súbita conquista do sucesso. Dentre em pouco tempo, Carmem estava na lista dos artistas mais pagos do cinema norte – americano. Enfim, de 1940 a 1953, Carmem participou de 14 filmes em Hollywood, sem contar o sucesso dos shows na broadway.
Sua imagem até hoje em dia é conhecida em todo o mundo. Há quem não considere muito por considerar que esta consolidou uma imagem “caricata” de nosso país, mas o que não podemos deixar de considerar é que Carmen realmente foi uma artista a molde “exportação”.

Ass: Rafael Costa Prata
Mestrando em História na Universidade Federal de Sergipe

sábado, 22 de fevereiro de 2014

“Memórias do Chumbo – O Futebol nos tempos do Condor” (2013): Os usos e desusos do Futebol em meio as ditaduras militares sul - americanas

Em tempos de ditadura, o futebol, assim como outros gostos populares como o Cinema,  pode muito bem ser utilizado pelos meios opressores ou como mais um “meio de alienação”, um desvio das questões principais, ou propriamente como um importante instrumento de reforço ideológico. No entanto, também pode adquirir a faceta da luta, da resistência.
Foi com a intenção de analisar justamente “os dois lados da moeda” que o jornalista Lúcio de Castro e o canal ESPN BRASIL produziram o documentário “Memórias de Chumbo – O Futebol nos tempos do Condor” para demonstrar como se deu esse quadro em algumas das ditaduras sul - americanas, por meio de quatro programas, destinados em particular, a analisar os casos do Brasil, Uruguai, Argentina e Chile.
De tão importante e trabalhado no ponto de vista histórico, o documentário acabou ganhando o merecidíssimo reconhecimento através do “Prêmio Gabriel García Márquez de Jornalismo”, ocorrido em Medellin, na Colombia.

Muitas são as questões discutidas e debatidas na quadrilogia do documentário, como os manejos da ditadura argentina para que sua seleção ganhasse a copa do mundo de 1978, evento importantíssimo para “aclamar” o país aos olhos externos. De outro modo, o documentário também demonstra o ativismo político de jogadores, como o caso do jogador chileno Carlos Cazsely, que ao ir de frente publicamente ao governo de Pinochet, teve sua mãe sequestrada e espancada a mando do mesmo.
Enfim, são quatro episódios riquíssimos que conseguem abordar com destreza e profundidade o quadro do futebol frente a ditadura nos países citados, destacando, como dito, o modo como o futebol foi utilizado, e de outra maneira, como também serviu como meio de resistência, um modo de expressão.

Ps: Os documentários podem ser facilmente encontrados no Youtube. Segue o link de um deles:



          Ass: Rafael Costa Prata             
          Mestrando na Universidade Federal de Sergipe

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

O Dia que os Estados Unidos pediram desculpas a Chaplin (1972): reconheceram o gênio, esqueceram o “comunista”

Foram mais dez minutos de aplausos ininterruptos.  Poderia ter sido mais. Poderia ter sido um ano inteiro de aplausos. Ainda assim teria sido muito pouco. Pouco pela dimensão do gênio que estava ali naquele palco, e também pelos “juros” da desculpa que devia pagar os Estados Unidos.
Mas tudo bem, não sejamos rancorosos. Naquele dia 26 de fevereiro de 1972, Hollywood, simbolizando os Estados Unidos, pediu desculpas ao maior gênio da história do Cinema: Charles Chaplin.
Aquele dia marcou o retorno de Chaplin aos Estados Unidos após quase vinte anos de exílio na Suiça. Chaplin havia sido expulso do país em 1953, quando passava por uma intensa perseguição por parte do machartismo, que acusava Chaplin de ser comunista. O Estopim de sua expulsão foi o fato de que Chaplin se recusava a ter cidadania americana, muito em conta por causa justamente desse sistema vigente.
Mas ali naquele ano de 1972, aos 83 anos de idade, Charles Chaplin recebia o mais do que justo “Óscar Honorário” pelo conjunto de sua obra. Prêmio que é mais do que simbólico, representando esse pedido de desculpas ao gênio.
Antes tarde do que nunca.

Ps: Segue o emocionante vídeo de entrega do Óscar a Chaplin em 1972:



Ass: Rafael Costa Prata
Mestrando em História pela Universidade Federal de Sergipe

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Além do Cidadão Kane (1993): um polêmico e importante documentário estrangeiro sobre a Rede Globo e o seu poder em nosso país

Não é dos documentários mas conhecidos em nosso país. Também pudera, o alvo do documentário, a Rede Globo, tratou de expurgá-lo de imediato da sabedoria do público. O documentário “Além do Cidadão Kane”, produzido em 1993 pelo canal britânico Channel 4, se apresenta ainda hoje como uma obra “cult”, justamente por seu “caráter underground” e de certa forma pouco acessível.
O Título do documentário faz alusão ao clássico do Cinema, o filme “Cidadão Kane”, produzido por Orson Welles em 1941. A película narra o pragmatismo e as atitudes ambiciosas do magnata da comunicação Charles Foster Kane na procura pelo aumento de seu poder.
         Assim, neste polêmico documentário,  o enfoque se dá no poder de controle – e também de manipulação – da Rede Globo nos assuntos políticos de nosso país. Dentre outras questões, o documentário enfoca as relações da ditadura militar com a rede em questão, a cobertura parcial do movimento “Diretas Já”, entre outras tantas questões, demonstrando como Roberto Marinho, o criador da emissora, foi figura ativa e responsavel por muitas dessas questões.
         Como se esperava, a Globo procurou de todas as maneiras bloquear a exibição do documentário, o que de certa forma conseguiu. Hoje em dia, o documentário continua a ser muitas vezes exibido em meios acadêmicos quando se procura estudar o poder de controle social e político por parte de meios midiáticos.
         Desta maneira, ainda que o documentário não seja de tão fácil acesso, vale muito a pena assisti-lo para compreendermos a origem de muitas questões que se referem a estrutura de nosso país.

Ps: Segue o documentário completo a se assistir no Youtube:



Ass: Rafael Costa Prata

Mestrando em História pela Universidade Federal de Sergipe

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Grande Otelo: um gênio “esquecido” do Cinema Nacional

Em 1942, quando até então maior cineasta norte – americano do momento, o gênial e polêmico Orson Welles, resolveu filmar uma película chamada “It´s all true” rodada na América do Sul, na qual descreveria a cultura dos mais diversos países, o convidou de imediato para participar de seu filme, pois considerava-o o maior ator de nosso país, e um dos maiores do mundo.
Orson Welles estava mais do que certo: Grande Otelo era um dos maiores atores do mundo na época, talento esse reconhecido até seus últimos dias. Otello faleceu em 1993, aos 78 anos de idade, por conta de um ataque fulminante de coração, quando estava indo a Paris, a convite do governo francês, para receber uma homenagem especial no Festival de Nantes.
Otelo foi um artista completo: grandíssimo ator, comediante dos melhores, compositor e cantor de grande destaque. Assim como outros gênios de sua época, a sua infância parecia não “justificar” a sua conhecida alegria a posteriore: seu pai morrera esfaqueado e sua mãe era alcoólatra, quando Sebastião Bernardes de Souza Prata, o futuro “Grande Otelo” era criança.
Nascido em Uberlândia, Minas Gerais, em 1915, Otello passou a ganhar fama na decada de 1940, quando juntamente com outro gênio, o comediante Oscarito, fez sorrir ao povo brasileiro com inúmeros sucessos de bilheteria. Mas como dito, Otello era diverso, completo, ia da comédia ao drama como poucos, atuando como protagonista em filmes memoráveis como “Rio, Zona Norte” (1957) e “Macunaíma” (1969), dentre outros.
Com certeza, Grande Otelo foi um dos maiores artistas de nosso país, o qual merecia ser bem mais lembrado. Fazia sorrir como poucos, fazia chorar como quase ninguém. Aliás, a origem de seu apelido se deve ao seu talento. Sebastião Prata  interpretou como poucos o “Otello” da obra de Shakespeare.
Orson Welles estava mais do que certo.

Ass: Rafael Costa Prata

Mestrando em História na Universidade Federal de Sergipe

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

A Chegada do Cinema no Brasil (1896): agradeçam a um exibidor itinerante!

Se considerarmos o dia 28 de dezembro de 1895, momento em que os irmãos Lumiere projetaram o primeiro rolo cinematográfico no Grand Café de Paris, podemos concluir que o Cinema até que chegou muito rápido ao nosso país. Isso porque aponta-se que a primeira exibição de filme ocorrida por aqui teria ocorrido no dia 8 de julho de 1896, ou seja, pouco mais que seis meses do furor causado em Paris.
 E se por aqui chegou se deve a um exibidor itinerante, o belga Henrie Paillie, que aportou em terras cariocas, trazendo consigo o maquinário e um rolo com oito minutos de filmagem contendo imagens do cotidiano de pessoas na Europa.
Conforme os especialistas, a primeira exibição desse rolo teria ocorrido em uma sala alugada do Jornal do Commercio, na Rua do Ouvidor, no Centro do Rio de Janeiro. Lá, esse pequeno rolo de oito minutos foi exibido por quase duas semanas para, obviamente, já que o belga era um exibidor itinerante, a população mais abastada.

Assim, com seu “valioso rolo de oito minutos”, Paillie conseguiu ganhar muito dinheiro, pois os ingressos eram caros, vendo sua “empresa” de exibidor itinerante atingir os lucros que pensara com a nova arte que surgira.
Apesar de restrita aos ricos, a exibição desse pequeno rolo causou tanto rebuliço que, pouco mais de um ano depois, portanto em 1897, já se podia encontrar em terreno fixo, a primeira sala de Cinema do nosso país, chamada “Salão de Novidades Paris” de propriedade do empresário italiano Paschoal Seghetho, que passaria a reproduzir, como está claro em sua alcunha, as principais novidades cinematográficas oriundas de Paris.
E assim chegou o Cinema em terra tupiniquim...

Ass: Rafael Costa Prata
Mestrando em História pela Universidade Federal de Sergipe

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Top [10] Filmes de Alfred Hithcock

Eis que você se depara então com um enorme desafio, cuja natureza aliás, você procurou fugir a vida toda: listar os melhores filmes de seu cineasta preferido. Como listar apenas dez filmes de alguém tão consagrado e com uma vasta carreira como Alfred Hithcock. Cada um de seus filmes, tanto os da “era inglesa” como os da “era americana”, são um capítulo a parte, uma aula de Cinema. Em mais de 50 anos como diretor, Hithcock produzia praticamente uma película por ano, logo, a minha ingrata e “ousada” missão é a de escolher apenas dez filmes, ou seja, apenas 1/5 de suas obras.
Listas, sempre procuro deixar claro isso, além de pessoais, são injustas e incompletas, pois sempre irá faltar aquele ou aqueles filmes que facilmente poderiam estar na referida listagem.. Mas enfim, vamos a tarefa:

1.    Um corpo que Cai (1958)


Em “Um corpo que Cai” somos levados a história do detetive John Ferguson, que por conta de um trauma antigo, tem um medo enorme de altura. Contratado por um cliente, ele passa então a investigar a rotina de uma bela mulher que, curiosamente, acaba quase sempre frequentando lugares altos, o que força  Ferguson a enfrentar seus maiores medos para solucionar o caso. Como sempre, o fim do filme é absurdamente hithcockiano. Sensacional!

2.    Janela Indiscreta (1954)


É possível fazer um grandíssimo filme apenas com um cenário? Sim, em “Janela Indiscreta”,  Hitchcock demonstra como, apresentando um dos maiores filmes de todos os tempos. Filmado em cenário único, um quarto de apartamento, somos levados a história do fotografo L.B.Jefries, que por causa de uma perna quebrada, é obrigado a passar seu tempo dentro de seu apartamento, tendo apenas como o lazer, o “voyeur” de observar a vida alheia pela janela. Mas é nesse “voyeur” que acaba se deparando com um suposto assassinato.. Enfim, é melhor assistir! Um aula de suspense!

3.    Psicose (1960)


Norman Bates. Eis um dos personagens mais importantes da história do Cinema. Eis Psicose, um grande marco na história do gênero suspense. Trilha sonora, obscuridade, enredo. Em “Psicose” somos levados a história de uma jovem que foge de seu trabalho, levando consigo dinheiro roubado de sua empresa, a qual acaba se hospedando em uma hotelaria bem afastada do grande centro... Assistam!

4.    Rebbeca (1940)


Fica difícil dizer qual dos filmes de Hithcock encontramos a maior reviravolta. Acredito que “Rebbeca” seja um dos principais, se não o principal. O filme é uma mescla de romance, drama, suspense... O Filme conta a história de uma jovem que se casa com um viuvo, e na enorme residência que mora, acaba tendo que lidar com a marcante presença figura da falecida esposa de seu marido...

5.    Os Pássaros (1963)


E se de repente a natureza, não mais que subitamente, se voltasse contra nós?! Eis o eixo central de "Os Pássaros", que narra uma onda, sem explicação, de ataques efetuados por pássaros. Sensacional. Aula de medo, suspense, terror.

6.    Disque M para Matar (1954)


Gênial. Um filme sobre o suposto “plano perfeito”. E quase assim foi. O filme conta a história de um homem que bola um plano para assassinar sua esposa, acaba não dando certo, mas ele improvisa uma nova situação para atingir seu fim.. Fica difícil descrever, melhor assistir!

7.    Festim Diabólico (1948)


Mais uma aula sobre como produzir um grandíssimo filme se utilizando de um único cenário. “Festim diabólico” conta a história de dois arrogantes estudantes de direito que premeditam um suposto crime perfeito, assassinando uma pessoa, e ocultando corpo dentro de seu próprio apartamento. Depois disso montam uma festa e convocam seu principal professor da Faculdade. Um show de tensão, suspense! Sensacional!

8.    A sombra de uma dúvida (1943)



O Filme  tem um dos vilões mais carismáticos da história do cinema: tio Charlie, um sujeito que sobrevive de seduzir e assassinar viúvas. Mas sua “profissão” é desconhecida de sua familia que mora em uma cidade distante de onde ele efetua seus crimes. E é para lá que ele corre, quando passa a ser procurado.. Enfim... Grande clássico!

9.    Interlúdio (1946)


Além de ser um excepcional filme, temos mais gosto em assistir “Interlúdio” por ter sido filmado no Rio de Janeiro. O Filme narra a história de uma mulher que vem ao Rio de Janeiro para investigar as operações de um grupo de nazistas, fugidos no pós – segunda guerra mundial... Muito bom mesmo!

10. Quando fala o coração (1945)


Mais do que um grandíssimo cineasta, Hithcock era um homem que sabia acompanhar as discussões de seu tempo. “Quando fala o coração” é a prova clara disso. O Filme é a marca das discussões da psicanalise da época, flertando diretamente com os escritos de Freud acerca dos sonhos. Muito bom mesmo, suspense do inicio até o fim.

Ass: Rafael Costa Prata
Mestrando em História pela Universidade Federal de Sergipe

sábado, 8 de fevereiro de 2014

O Blog está de “cara nova”: agradecimento ao talentoso cartunista André Comanche!

Pessoal, como já deu pra perceber, o BLOG está de “cara nova”. Graças ao trabalho do meu amigo desde os tempos de colegial, André Comanche, que me entregou uma caricatura muito bem feita acerca do meu gosto pela relação Cinema – História. Dedico então essa postagem a André Comanche, talentoso cartunista e historiador sergipano, pelo belíssimo presente oferecido. Muito obrigado mesmo! 


quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Nascido para matar (1987): uma crítica mordaz acerca dos horrores práticos e psicológicos da Guerra do Vietnã

Um dos temas mais centrais e pungentes da cinematografia norte – americana dos anos 1980 foi a Guerra do Vietnã. Ao contrário de muitos filmes “patrióticos”, personificados perfeitamente na trilogia “Rambo”, alguns outros filmes procuraram pensar a questão sob um viés mais social, psicológico. Nesse sentido, alguns diretores produziram filmes que, dentre muitas questões, discutiam a desumanização ocorrida durante essa peleja.
Talvez o caso mais clássico dessa perspectiva seja o filme “Nascido para Matar” produzido e dirigido pelo polêmico cineasta Stanley Kubrick em 1987. Passados pouco mais de dez anos do termino da guerra, Kubrick leva as telas, um relato de selvageria, de rompimento da sanidade mental.

O Filme de certa forma pode até ser dividido em duas partes: na primeira, somos levados ao mundo do treinamento militar na Academia dos Fuzileiros Navais. Nesta, com certeza a parte mais forte do filme, o foco se encontra nos embates envolvendo os personagens “Gomer Pyle” e o sargento Hartman, na medida em que, o segundo humilha ao primeiro sempre e sempre por aquele não conseguir cumprir boa parte dos requisitos e das propostas de treinamento. A transformação do personagem “Gomer Pyle” é o ponto central da proposta de Kubrick, pois sua intenção é justamente demonstrar como o ambiente de guerra é nócivo a mentalidade das pessoas. A guerra, e todas as suas instâncias, só produz sangue, traumas e loucura.
A segunda parte do filme, quando se recria o ambiente nato da guerra, também é bastante crítico, pois vai demonstrando mesmo como a guerra possibilita que as pessoas percam qualquer tipo de compaixão, se tornando verdadeiras máquinas de guerra em fúria.
Enfim, Kubrick, grandíssimo cineasta que já havia se destacado por outras películas polêmicas, como o clássico “Laranja Mecânica” (1971), consegue cumprir com perfeição a sua proposta: produzir um verdadeiro filme anti – belicista, que desnuda os caminhos da selvageria, da insanidade, que surgem como frutos de uma guerra em curso, neste caso, aquela ocorrida no Vietnã de 1955 a 1975.

Ass: Rafael Costa Prata
Graduado em História pela Universidade Federal de Sergipe

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

100 anos do “Vagabundo Carlitos” : o centenário de Charles Chaplin no Cinema

Quase passa despercebido, no entanto, alguns sites recordaram o ano especial que é 2014: neste, comemora-se os 100 anos da entrada de Charles Chaplin no mundo cinematográfico. Lá atrás, no distante mês de fevereiro de 1914, Chaplin participava de seu primeiro curta – metragem intitulado “Making a Living”, na qual interpreta um repórter vigarista que tenta se passar por aristocrata.
No entanto, seria seu próximo curta - metragem que daria inicio a imortalização daquele que é o personagem mais conhecido da história do Cinema: o vagabundo Carlitos. Em “Kid auto races in Venice”, Chaplin apresentava ao mundo seu alter – ego Carlitos, o vagabundo, um homem puro, de bom coração, que muitas vezes acaba se metendo em confusão por puro desleixo ou acaso do destino. Neste curta, o vagabundo Carlitos ganha destaque ao interromper seguidamente a filmagem de uma corrida de carros para crianças.
No mesmo mês de fevereiro de 2014, o vagabundo Carlitos ainda aparece em mais um curta intitulado “Mabel´s Strange Predicament”, na qual se apresenta como um vagabundo bêbado que causa enorme confusão em um Hotel, quando ali entra para efetuar uma ligação telefónica.
No ano de 2014, Charles Chaplin participara assim de 35 curtas – metragens produzidos pela Keystone Studios, na maioria deles interpretando sempre um personagem desastrado, causador de todo tipo de confusão. Dali em diante, Chaplin só reforçaria e enriqueceria mais ainda a figura de Carlitos, um dos símbolos maiores do Cinema.


O Sujeito de calças longas, casaco mirrado, bengala e de bigodinho, além do caminhar engraçado, é com certeza o personagem mais reverenciado da história do Cinema em todas as suas épocas. Carlitos foi uma forma que Chaplin encarou para abordar com delicadeza todos os seus traumas de infância, da pobreza ao alcoolismo, questões que havia encontrado no seio familiar desde sua infância.
 


Ass: Rafael Costa Prata

Graduado em História pela Universidade Federal de Sergipe

sábado, 1 de fevereiro de 2014

A Entrega do primeiro prêmio “Óscar” (1929) : a maior honraria cinematográfica foi realizada em apenas 15 minutos...

Quando se fala em premiação dentro do campo do Cinema, é quase impossível não associá-lo ao “Óscar”. Por mais que outras honrarias, como o “Globo de Ouro” e o “Urso de Ouro de Berlim”, também sejam bastante importantes, é o “Óscar” quem chama mais atenção, por seu glamour, e por sua tradição que perpassa o seio de Hollywood.
A primeira entrega dos prêmios “Óscar”, curiosamente, aconteceu naquele que é um dos anos mais difíceis da história da civilização norte – americana: 1929. Naquele ano, os Estados Unidos entrara num momento de grave crise, quando houve a quebra da bolsa de valores, quadro que levou a uma situação de pobreza, índices de suicídio, e etc.
Mas foi nesse famigerado ano que o “Óscar” saiu do papel, nas mãos da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que havia sido fundada em 1927, dois anos antes. Logo, a premiação, cujo título oficial é “Prêmio de Mérito da Academia”,  foi pensada para reconhecer os principais talentos do ano, seja no quesito diretor, edição, produção, filme, etc, tendo sido a estatueta projetada pelo diretor de arte da MGM Cedric Gibbons e pelo escultor George Stanley.

Por conseguinte, a primeira entrega se realizou no dia 16 de maio de 1929 em um jantar fechado realizado no Bloossom Room, Hollywood Roosevelt Hotel, na Califórnia, tendo, como visto, um caráter mais reservado. Curiosamente, o evento foi curtíssimo, tendo ocorrido em apenas 15 minutos, e sido assistido por pouco mais de 250 pessoas. Não teve discursos, homenagens, grandes telões. Foi apenas uma confraternização entre as pessoas do campo cinematográfico, algo bastante distante do grandioso evento dos dias de hoje. O evento foi rapidamente apresentado pelo maior astro da época, o ator Douglas Fairbanks.
Ao contrário dos dias de hoje, quando os resultados selados em envelopes garantem o suspense do prêmio, a época já se sabia meses antes os vencedores, pois se divulgava prontamente, após o júri, que era constituído por apenas cinco pessoas, elegerem os vencedores.

Nesse ano foram escolhidos: para melhor filme (produção): “Wings”,  melhor filme (produção artística e singular): “Sunrise”, melhor diretor de drama: Frank Borzage por “Seventh Heaven”, melhor diretor de comédia: Lewis Milestone por “Two arabian Nights”, melhor ator: Emmil Jannings por “The Way of all flesh”, melhor atriz: Janet Gaynor por “Sunrise”, entre outros tantos escolhidos.
A primeira premiação a ser televisionada só aconteceria em 1953, quando foi transmitida apenas dentro do próprio Estados Unidos.
Daí em diante o prêmio cresceu, ganhando o status dos dias de hoje. Dos 15 minutos, e do caráter reservado de um jantar, transformou-se em um grande evento anual forrado por tapetes vermelhos, celebridades e discursos.

Ass: Rafael Costa Prata

Graduado em História pela Universidade Federal de Sergipe
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