Um dos temas mais centrais
e pungentes da cinematografia norte – americana dos anos 1980 foi a Guerra do
Vietnã. Ao contrário de muitos filmes “patrióticos”, personificados perfeitamente
na trilogia “Rambo”, alguns outros filmes procuraram pensar a questão sob um
viés mais social, psicológico. Nesse sentido, alguns diretores produziram
filmes que, dentre muitas questões, discutiam a desumanização ocorrida durante
essa peleja.
Talvez o caso mais
clássico dessa perspectiva seja o filme “Nascido para Matar” produzido e
dirigido pelo polêmico cineasta Stanley Kubrick em 1987. Passados pouco mais de
dez anos do termino da guerra, Kubrick leva as telas, um relato de selvageria,
de rompimento da sanidade mental.
O Filme de certa forma
pode até ser dividido em duas partes: na primeira, somos levados ao mundo do
treinamento militar na Academia dos Fuzileiros Navais. Nesta, com certeza a
parte mais forte do filme, o foco se encontra nos embates envolvendo os
personagens “Gomer Pyle” e o sargento Hartman, na medida em que, o segundo
humilha ao primeiro sempre e sempre por aquele não conseguir cumprir boa parte
dos requisitos e das propostas de treinamento. A transformação do personagem “Gomer
Pyle” é o ponto central da proposta de Kubrick, pois sua intenção é justamente
demonstrar como o ambiente de guerra é nócivo a mentalidade das pessoas. A
guerra, e todas as suas instâncias, só produz sangue, traumas e loucura.
A segunda parte do filme,
quando se recria o ambiente nato da guerra, também é bastante crítico, pois vai
demonstrando mesmo como a guerra possibilita que as pessoas percam qualquer
tipo de compaixão, se tornando verdadeiras máquinas de guerra em fúria.
Enfim, Kubrick,
grandíssimo cineasta que já havia se destacado por outras películas polêmicas,
como o clássico “Laranja Mecânica” (1971), consegue cumprir com perfeição a sua
proposta: produzir um verdadeiro filme anti – belicista, que desnuda os
caminhos da selvageria, da insanidade, que surgem como frutos de uma guerra em
curso, neste caso, aquela ocorrida no Vietnã de 1955 a 1975.
Ass: Rafael Costa Prata
Graduado em História pela
Universidade Federal de Sergipe
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