terça-feira, 29 de abril de 2014

Raízes do “faroeste”: o estereótipo do nativo no Cinema norte – americano

Homens brancos montados em seus cavalos galopantes empunham suas armas e atiram. Acertam o tiro. Derrubam e matam apaches, comanches, ou outros nativos. Os indios tentam se defender como podem, com suas armas naturais, frente ao poderio do armisticio de fogo do homem branco. Grandes Guerras marcaram a chamada “Corrida para o Oeste” entre 1778 e 1890 nos Estados Unidos.
No Cinema norte - americano, a representação desse nativo não poderia ter sido de outra maneira: é a visão branca, expansionista e pragmática que impera. Normalmente os brancos são os mocinhos, e os nativos os vilões.
O gênero “Faroeste” era durante os anos 1940 – 1960, o que para nós hoje em dia são os chamados “filmes de ação”. Xerifes e forasteiros errantes dizimavam uma quantidade infindável de nativos nessas películas de outrora. Seria impossível contabilizar as mortes indigenas em um só exemplar desses filmes.

Um dos maiores símbolos do Cinema norte – americano foi o ator John Wayne.  Seu personagem típico foi justamente a figura do calado cowboy, xerife, ou forasteiro, que desbravando as terras do Oeste, perde a conta de quantos indios perfurou com suas balas.
John Ford, talvez o maior cineasta do gênero faroeste na história do Cinema. Foi ele quem imortalizou a figura desse forasteiro, e por conseguinte, a figura de John Wayne, que dentre tantos filmes do gênero, acabou sendo marcado pela película “Rastros de ódio”, filme de Ford de 1956.
E dificilmente outro tipo de representação era produzida. Era algo de rotina, e de enorme receptividade. Mas não para todos. Pois foi ai que em 1973, o ator Marlon Brando, ao receber o Oscar de melhor ator por seu papel em O Poderoso Chefão, não compareceu ao evento, e de maneira surpreendente, enviou uma atriz contratada para se vestir de india e discursar pedindo justamente a melhoria da representação dos índios no cinema norte – americano.


Entre silêncio e vaias, a jovem atriz representando uma índia, não pode falar mais do que 45 segundos, pois ao perceber a questão, os organizadores do Oscar, deram um jeito de retirá-la do palco.
O gênero aos poucos foi saindo de moda, mas a imagem dos nativos americanos não deixa de se reclusa. Hoje em dia, quase sumiu, no entanto, quando aparece é justamente nos termos citados acima. Poucos são os filmes que tem concedido uma visão mais coerente e justa aos nativos americanos.

Ass: Rafael Costa Prata
Mestrando em História pela Universidade Federal de Sergipe

sábado, 26 de abril de 2014

[Músicas Históricas] Compreendendo a letra da canção “Wind of Change” (1990) da Banda alemã “Scorpions”


Escrita em 1990 para o CD “Crazy World”, por Klaus Meine, vocalista e cantor da banda alemã Scorpions, a canção “Wind of Change”, ou “Vento de Mudança”, foi resultado do olhar do compositor frente a conjuntura histórica de finais dos anos 1980 e o inicio dos anos 1990, ou seja, o período de mudança que se efetuava em todo o leste europeu, com a gradual queda do regime soviético na Rússia, e de outro modo, a consequente quebra do muro de Berlim, ocorrida justamente pouco tempo antes, em 1989.
Logo, o fio condutor da canção seria um observador – o próprio Klaus Meine – que caminhando passa a observar as mudanças que gradualmente ocorrem nesse momento.  Por conseguinte, nos versos que compõem a canção, Klaus Meine se utiliza de uma serie de simbolismos para afirmar estes ventos de mudanças. Vamos então a análise das estrofes;
Na primeira estrofe da música, temos:
“Eu sigo o Moskva
Até o Parque Gorky
Escuto o vento da mudança
Uma noite de verão em agosto
Soldados caminhando
Escutando o vento da mudança”

       Assim, logo de início, ele cita que ao caminhar pelo Rio Mosvka de encontro com o Parque Gorky, ele já conseguia sentir os ventos de mudança. Ventos de mudança na Rússia, porque tanto o Parque Gorky como o Rio Moskva são símbolos da capital do país soviético, a cidade de Moscow. Então por lá, ele já percebe ainda a presença de soldados, porém sem o tom de outrora, pois os mesmos também estão escutando o anunciar desses ventos de mudança.
        Na segunda estrofe:
“O mundo se fechando
Você já imaginou
Que poderíamos ser tão próximos, como irmãos?
O Futuro está no ar
Posso senti-lo em todo lugar
Soprando com o vento da mudança”

Nessa estrofe, parece clara a alusão ao contexto de divisão característico da famigerada Guerra Fria. Aliás, tanto Klaus Meine, com os demais integrantes da banda, cresceram justamente nesse ambiente dividido da Alemanha, onde desde 1961, figuraria o muro de Berlim, na divisão entre a Alemanha Oriental, de cunho socialista, e a Alemanha Ocidental, de cunho capitalista. E no fim da estrofe é claro, a certeza de que algo está para acabar, dando lugar a algo muito bom futuramente.
       Nas estrofes seguintes:
“Leve-me à magia do momento
Numa noite de glória
Onde as crianças de amanhã sonharão
Com o vento da mudança
Caminhando pela rua
Recordações distantes
Enterradas no passado, para sempre”

      Nestes versos, se reforça o sonho de que este passado de separação entre “irmãos” não se repita nunca mais, que estejam, portanto,“enterradas no passado, para sempre”.
       E por fim, os derradeiros estrofes:

“Leve-me à magia do momento

Numa noite de glória

Onde as crianças compartilham os seus sonhos

Com a mudança
O vento de mudanças sopra diretamente
Na face do tempo
Como uma tempestade que tocará
O sono da liberdade para a paz da mente
Deixe sua balalaika cantar
O que meu violão quer dizer”

      Eis a anunciação das boas novas, e o desejo de sua recepção por todos, alemães com seus violões e os russos com suas características balalaikas, uma viola de três cordas, os quais juntos, cantam a alegria de um novo tempo, do “vento de mudança”.
        Enfim,  “Wind of Change” com certeza se apresenta como uma das músicas político – históricas mais importantes a serem mencionadas. Um paradigma do principiar dos anos 1990, a canção se tornou símbolo da nova fase alemã, sendo até hoje, para além disso, um grande clássico musical. Poucas músicas conseguiram captar tão bem o tempo presente como “Wind of change” em sua época.

Ps. Segue um clipe da música em versão legendada:


Ass: Rafael Costa Prata
Mestrando em História pela Universidade Federal de Sergipe

domingo, 20 de abril de 2014

“Os Trapalhões e o Mágico de Óroz” (1984): por detrás de uma grande comédia, uma belíssima crítica social

       Com certeza, nenhum outro grupo de comédia fez tanto sucesso no Brasil quanto aquele denominado “Os Trapalhões”. O Grupo formado pelos comediantes Renato Aragão (Didi), Dedé Santana (Dedé), Antônio Carlos Gomes (Mussum) e Mauro Gonçalves (Zacarias) marcaram o cenário cinematográfico e televisivo brasileiro num período que vai do final da década de 1960, quando o primeiro filme – “Na onda do iê-iê” (1965) - é produzido(contando no momento apenas com Didi e Dedé), até os primeiros anos da década de 1990, quando o último filme do grupo foi produzido, a película “Os Trapalhões e a Árvore da Juventude”, de 1991.

De cima para baixo, da esquerda para a direita: Dedé, Mussum, Didi e Zacarias

No total, foram 23 filmes produzidos entre 1978 e 1991, sob a batuta da formação clássica, caracterizada quase sempre pelo experto Didi Mocó, pelo cérebro do grupo Dedé, pelo alcoólatra Mussum e pelo tímido Zacarias, os quais unidos se metiam sempre em grandes confusões, contando sempre é claro com um grandíssimo elenco formado por atores globais.
Nunca as salas de Cinema conseguiram tanto público como durante as exibições dos filmes dessa trupe. Aliás, dos dez maiores públicos do Cinema Nacional, sete são originários dos filmes do grupo, o que demonstra o sucesso comercial do grupo.
No entanto, apesar de se basearem numa suposta simples comédia do tipo “pastelão”, boa parte dos filmes produzidos pelo grupo estavam embutidos de um certo teor de crítica social. Não foram poucos os filmes que estiveram revestidos de algum tipo de crítica endereçada a segmentos específicos ou questões relevantes da sociedade.

Talvez, o mais relevante desses filmes foi a película “Os Trapalhões e o Mágico de Oroz”, rodada no ano de 1984, uma “releitura” do clássico livro “O Mágico de Oz”(1900) do escritor L.Frank Baum. Nesta película, o grupo “adapta” de forma inteligentíssima, o conto de Baum a realidade nordestina, no intuito justamente de efetuar uma crítica a realidade social nordestina do momento ( e porque não dizer de todo o sempre).
Assim, a película conta a história do humilde sertanejo Didi – uma espécie de Dorothy sertaneja - que, padecendo de fome diante da seca do sertão nordestino, parte juntamente com seus companheiros Soró e Tatu em busca de melhores condições de vida, peregrinando em busca de uma nova vida longe da fome. Nessa sua saga, acaba encontrando justamente com o “Espantalho” (Zacarias), “O Homem de Lata”(Mussum) e o Leão(Dedé), todos eles segundo o modelo de sonhos do clássico conto de Baum: o Espantalho desejando um cérebro, o Homem de Lata ansiando um coração, e o Leão pedindo por coragem em detrimento de sua típica covardia.

Didí, o Homem de Lata, o Espantalho e o Leão

E quanto a Didi, partilhava de um desejo comum a todos eles: agua. Ao entrarem em contato com a lenda do “Mágico de Óroz”, partem então para os meandros do sertão, local onde residiria esse ser lendário que poderia concretizar seus sonhos.
Ao encontrarem o conhecido Mágico de Óroz, este lhes orienta a encontrarem um suposto “monstro de metal que jorra água pela boca” que teria o poder então de acabar com a seca do sertão. No entanto, em meio a sua peregrinação, o grupo acaba entrando em conflito com o famigerado Coronel Ferreira, um grande latifundiário da região, que além de seus lucros com a terra, enriquece comercializando a pouca agua dos açudes de Óroz a pobre população local. Mas a trupe consegue derrotá-lo, e logo então, satisfeito com a perseverança do grupo, o Mágico de Óroz por meio de um feitiço leva o grupo ao encontro do dito “Monstro de metal que jorra agua pela boca”. Tal monstro seria curiosamente uma torneira gigante localizada no centro do Rio de Janeiro.

O "Grande Monstro que jorra agua pela boca"

Emocionados com a descoberta, carregam então, com muito trabalho, a gigantesca torneira até os confins do sertão, para delírio da pobre população total, mas algo ao fim dá errado. A torneira só funcionava por conta da encanação local, logo, não havendo encanação por ali, não haverá agua. Como resultado, a população de Óroz se revolta e condena a morte seus antigos salvadores.
Na hora da morte, o perseverante e cheio de fé Didi não desiste, e logo então passa a motivar seus amigos, repetindo em grande voz, como um verdadeiro mantra: 
“Vamos todos pensar firme, vamos todos pensar forte, pra cair um pingo d´agua e mudar a nossa sorte”.

E então o “milagre” acontece: chove no sertão, o monstro passa a funcionar, e num passe de mágica, o sertão passa a ter água, e os membros do grupo passam a ter realizados seus sonhos.
Ao final da película, o grupo direciona uma mensagem as autoridades do país:
 “E choveu. Que a chuva que molhou o sofrido chão do Nordeste não esfrie o ânimo de nossas autoridades na procura de soluções para a seca”.

A Dita mensagem final do filme


Enfim, trata-se de uma grandíssima comédia com toques de drama e crítica social. Como nenhum outro grupo, aqueles sabiam muito bem como trabalhar temáticas sociais de relevo e consonancia com o seu tempo, sabendo dozar os risos com os lágrimas. Desse filme, como visto, fica uma simples porém inteligente crítica a negligencia e o descaso governamental frente a dificil realidade do sertanejo, o dominio de poder nessas regiões pelos históricos “coronéis”, e por outro lado, são bem representadas caracteristicas marcantes dos sertanejos, como a perseverança e a fé, dentre outras questões.

Ass: Rafael Costa Prata
Mestrando em História pela Universidade Federal de Sergipe

segunda-feira, 14 de abril de 2014

[TOP10] Melhores Filmes de Stanley Kubrick

Kubrick foi daqueles gênios de natureza reclusa, sem muita pressa em se enquadrar numa certa “produção em escala industrial” de filmes. Em quase 50 anos de carreira, Kubrick nos deixou um legado marcado por pouquíssimos filmes, os quais, no entanto, são“pontuais”, de uma qualidade incomensurável.  Assim, Kubrick somente abandonava a sua, para nos entregar “obras – primas”. Desta maneira, foram apenas treze filmes produzidos no decorrer de quase cinquenta anos de carreira, o que entrega uma película a cada 3,5 anos em média, algo de certa forma raríssimo.
O Resultado nos faz observar uma riqueza absurda de temas, e principalmente, a marca principal do diretor: a controvérsia, a capacidade de abordar sempre temáticas de natureza polêmica, “sem fugir do combate”.
Com esta lista, sempre de natureza subjetiva e pessoal, procuro apresentar aqueles que – praticamente todo os filmes produzidos e dirigidos pelo Kubrick – são os meus prediletos. Vamos a referida lista:

1.      2001: Uma odisseia no espaço (1968)


O Maior filme de ficção cientifica de todos os tempos. A mais bela alegoria sobre a história da humanidade. Muitos poderiam ser os predicativos estendidos a essa que é uma das películas mais fantásticas da história do Cinema. O Filme que descreve a evolução do homem –e sua consequente procura por respostas – através da enigmática participação de um “monólito negro” durante os estágios da evolução humana, é um clássico atemporal. Trilha sonora perfeita, argumento perfeito baseado no conto de Arthur C. Clarke, fotografia perfeita. Aqui tudo é perfeito.

2.      Laranja Mecânica (1971)


Eis a maior das distopias cinematográficas. Um dos filmes mais controversos de todos os tempos – tendo sido proibido a época em uma enormidade de países -, Laranja mecânica é baseado no livro homônimo do escritor Anthony Burgess, e descreve então um futuro não muito distante na qual vive o jovem Alex de Large, o líder de uma gangue juvenil. O Vocabulário próprio, o debate acerca da violência e do descontrole, da alienação e do controle político, são muitas questões, dentre tantas, abordadas por essa película ímpar.

3.      O Iluminado (1980)


Poucos filmes de suspense/terror conseguiram imprimir uma carga de medo e aflição tão grande como “O Iluminado”. Baseado no livro homonimo de Stephen King, a película narra a história de uma familia comum, formada por um casal e uma criança, que passam a ocupar, na tarefa de zeladores, o famigerado Hotel Overlook. Bom, melhor assistir daqui em diante. Loucura, esquizofrênia, medo, traumas, são marcas mais do que certas deste filme.

4.      Dr.fantástico (1964)


A Sátira mais inteligente, controversa e rica sobre os conturbados anos de Guerra Fria, quando os Estados Unidos e a U.R.S.S viviam em um conflito ideológico e prático, que acabava por entregar ao mundo, um tempo de insegurança.  Em “Dr.Fantástico”, Kubrick satiriza justamente essas questões, focalizando as ações governamentais, a loucura de um possível “confronto nuclear”, dentre outras questões.

5.      Nascido para matar (1987)


Filme já discutido neste blog, “Nascido para Matar” é o clássico imbatível sobre a famigerada Guerra do Vietnã. Aqui Kubrick descreve as cruezas e friezas de uma guerra insana, demonstrando o processo de desmoronamento mental que é comum aos soldados, principalmente durante o insano processo de treinamento a que costumam passar.

6.      Lolita (1962)


Discutir sexualidade precoce ainda hoje, as vezes, se apresenta como uma temática conturbada, imagine dentro da sociedade americana nos anos 1960. Baseado na obra homonima do escritor russo Vladimir Nabokov, “Lolita” chocou a sociedade americana nas lides dos anos 1960, ao contar a história de uma jovem menina que se apaixona e passa a assediar o seu padrasto, e por fim, por conta do relacionamento amoroso que passa a existir entre eles. O Filme causou enorme polêmica justamente por conta dos debates em torno de uma suposta pedofilia, contida ou não no filme.

7.      Spartacus (1960)


Grande épico histórico da filmografia de Kubrick, “Spartacus” narra justamente a vida de guerras, escravidão e liberdade do famoso lutador romano Spartacus. Com grandes cenários, uma ação do inicio ao fim, vale muito ser visto.


8.      Gloria feita de sangue (1957)



Grande filme sobre a Primeira Guerra Mundial, esta película baseada em romance homônimo de Humphey Cobb, conta a história do controverso coronel francês Dax que ao ordenar um ataque surpresa as tropas alemãs, leva as sua fileiras a uma derrota total. No entanto, se exime da culpa, e escolhe três soldados que são levantados a culpados. Enfim, muito bom filme.

9.      O grande golpe ( 1956)


Aqui o jovem cineasta, a época aos 28 anos de idade, nos entrega um belíssimo filme noir. O Filme conta a história de um ex – presidiário que constroe o dito “plano sem erros” que terá como resultado o ganho de 2 milhões de dólares. No entanto, algo acaba dando errado... Noir total!

10. De olhos bem fechados (1999)




Infelizmente, esta película foi a última produzida e dirigida por Kubrick, que falecera pouco depois de sua feitura. Mas como costume, para fechar com chave de ouro, Kubrick nos entrega um outro filme polêmico; De Olhos Bem fechados conta uma enigmatica história de envolvimentos sexuais envolvendo um médico e sua esposa, que acabam adentrando a um misterioso mundo de orgias envolvendo membros da alta sociedade.

Ass: Rafael Costa Prata
Mestrando em História pela Universidade Federal de Sergipe

quinta-feira, 10 de abril de 2014

O “Renascimento” dos filmes bíblicos em 2014: Hollywood reencontra um antigo filão de sucesso

Por durante muito tempo, os chamados “filmes bíblicos” compuseram um dos gêneros cinematográficos mais importantes e explorados pela industria do Cinema, inclusive, a hollywoodiana. Grandes clássicos, como “O Rei dos Reis” (1927) e “Os dez mandamentos” (1956) de Cecil de Mille, entre outros tantos, fizeram enorme sucesso, garantindo a entrada de grandíssimas divisas as suas produtoras.
 No entanto, nos últimos tempos, a temática já não estava sendo tão explorada. É claro que, ora ou outra, respingava algum filme, como “A Paixão de Cristo” (2004) de Mel Gibson, mas no geral, ao que parece, até por uma necessidade de “descanso” das clássicas histórias procuradas, esse gênero acabou sendo deixado um pouco mais a margem.
Porém, o ano de 2014, e principalmente os anos que virão, parecem ser um período de “renascimento” do gênero, haja vista que uma serie de filmes tem sido produzidos e uma outra gama tem sido ventilados como certos para os anos seguintes, pela industria hollywoodiana.

Logo de imediato podemos citar o caso da película “Noé”(2014), do diretor Darren Aranovsky, que ao “reconstruir” a história clássica de Noé e sua arca, conta com um estrelado elenco hollywoodiano, em destaque, Russel Crowe, Jennifer Connelly e Anthony Hopkins, num filme com uma roupagem bastante “moderna”, na qual a história é recontada sob um ponto de vista de muita ação, guerra e toda ordem de conflitos.
Outra grande personagem da Bíblia também está retornando as telinhas: Moisés. E será nas mãos de um outro grande diretor: Ridley Scott. O Filme “Exodus”, que está previsto para dezembro deste dito ano de 2014, contará a clássica história de Moisés, o qual será interpretado pelo premiado Christian Bale. O elenco aqui também é grandioso, contando com as participações de Joel Edgerton, John Tuturro e Ben Kingsley.

Cena do filme "Exodus" sobre a figura de Moisés.

Enfim, ao que se consta uma enormidade de películas com temática bíblica entrarão em cartaz no ano de 2015, aspecto que, de certa maneira, demonstra que tem se iniciado um “renascimento” da temática em questão, após um necessário e merecido descanso as clássicas histórias.

Ass: Rafael Costa Prata
Mestrando em História pela Universidade Federal de Sergipe

sábado, 5 de abril de 2014

“O Expresso do amanhã” (2013): quando as classes sociais se tornam verdadeiros comboios de um trem

Pensem na estruturação social. Pessoas pobres. Pessoas ricas. Pessoas na “meiuca”. Pessoas na miséria. Outras bilionarias. A História da humanidade comporta uma serie de conflitos – ou revoluções – originadas justamente frente a revolta contra a desigualdade, e noutro ponto, a exploração social. Agora imaginemos que toda essa situação de “posicionamento na sociedade” fosse metaforizada a partir de uma estrutura de um trem.

Pois é, este é o ponto de partida da belíssima película “O Expresso do Amanhã” (2013) do diretor coreano Bong Joon – ho. A película se utiliza de um clássico clichê cinematográfico – o fim do mundo – para conduzir um debate interessantíssimo. Em suma, o filme narra a história de um experimento mal sucedido; na tentativa de diminuir o efeito estufa, os governantes mundiais acabam soltando uma substancia experimental na atmosfera, no entanto, o efeito é devastador. A temperatura cai a niveis absurdos, matando praticamente quase toda a população mundial. Os pouco sobreviventes passam a viver em um grande trem – multinacional de pertencimento a um grande aristocrata de natureza praticamente inatingivel.
É justamente com esse fio condutor que a película se desenvolve, e é justamente o seu grande mérito: conseguir transformar a realidade da estruturação social em uma metáfora na qual os comboios de um trem assumem o papel das classes sociais. Assim, cada comboio do filme está ocupado por uma classe social, que acaba desempenhando uma função especifica no mantimento do funcionamento do trem, tarefa esta desempenhada segundo as diretrizes de comando do trem que simboliza o sistema.
Enfim, trata-se de um filme riquíssimo, muito bem construído, na qual além de se observar os debates em torno das lutas entre as classes sociais, também se observa outros simbolismos e discussões em torno do caráter da Ideologia, da doutrinação, da força de repressão do sistema, e como também das explorações e das consequentes forças de revolução desse mundo.

 Ass: Rafael Costa Prata
        Mestrando em História pela Universidade Federal de Sergipe

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