Década de 1920. O movimento expressionista
chegava ao seu auge artístico com, dentre outros tantos, aquele que seria um de
seus maiores expoentes no campo cinematográfico: o cineasta austríaco Fritz
Lang.
Grande
cineasta que era, Fritz Lang conseguia captar as agruras e as incertezas de seu
tempo, transpondo-as para a ambientação sombria e reflexiva típica da
composição expressionista. Foi desta maneira, por exemplo, que se tornou
conhecido com sua pelicula “Dr. Mabuse” (1922) na qual procura refletir sobre
os riscos do condicionamento psicológico de massa, entre outras questões.
Entretanto,
seu maior sucesso viria cinco anos depois. Sua grande obra prima: Metropolis
(1927). Até hoje considerado um dos maiores filmes de todos os tempos seja qual
for o quesito de análise, essa pelicula sem sombra de duvidas foi a que
projetou Fritz Lang inclusive aos olhos do Estado, o qual, ao enxergar o
talento daquele, procurou coopta-lo.
Nesse
sentido, é que se costuma mencionar que, seu compatriota, o ditador de origem austríaca
Adolf Hitler, mas radicado na Alemanha, ao assistir a pelicula teria saído da
sala de Cinema bufando maravilhas. De fato, Hitler, assim como qualquer pessoa,
ficou maravilhado com esta que é uma das películas mais bonitas e fascinantes
da historia da sétima arte, de teor verdadeiramente atemporal.
Percebendo
como aquele grande cineasta poderia ser útil para o sistema propagandístico do
Estado, Hitler então convida Fritz Lang e sua esposa, Thea von Harbou (a
roteirista do filme) para servirem ao Estado. O Ministro da Propaganda, Joseph
Goebbels, reitera então o desejo expresso de contar com eles para dar
prosseguimento às películas produzidas anualmente a serviço da legitimação do
mesmo.
Lang,
que além de ser judeu, percebia lentamente a verdadeira essência do Estado em
questão, não aceita o convite, optando por fugir da Alemanha em direção a
Paris, por meio de uma arriscada empreitada. Sua esposa Thea von Harbou,
entretanto, que se mostrara afeita aos preceitos do Nazismo, ficou por ali
servindo ao Estado alemão.
Isso
tudo se deu as vésperas da subida do Partido Nazista ao Poder em 1933. Lang que
recentemente havia produzido a pelicula “M – O Vampiro de Dusseldorf”, na qual
faz por meio de metáforas, uma serie de criticas ao partido, foge então da
Alemanha, tendo sido esse filme proibido pelos nazistas quando da tomada do
poder em 1933.
Em
Paris, passa a produzir filmes com orientação antinazista, quando também em
1934, emigra para os Estados Unidos onde irá produzir mais ainda, filmes com
essa vertente, como o clássico “Os Carrascos também morrem” do ano de 1943. Com
a derrocada do Nazismo aos fins de 1945, Fritz Lang foi lentamente pensando seu
retorno à Alemanha, fato que se concretizou aos finais dos anos 1950, quando o
cineasta retorna a Berlin, de onde havia saído fugido quase vinte anos antes.
Lang
falece em Los Angeles em 1976. Quanto a sua esposa Thea von Harbou, ao final da
guerra, foi detida pelos britânicos, quando foi obrigada a limpar os entulhos
de guerra. Pouco depois foi solta pelas autoridades.
O
Cineasta, além de deixar um grande legado de belíssimas obras, nos ajuda também
a demonstrar como a resistência e a luta contra um sistema opressor que se é
contrario é possível, não corroborando assim com qualquer tipo de
posicionamento cumplice perante a estas questões.
Ass: Rafael Costa Prata
Graduando em História pela Universidade
Federal de Sergipe