Primoroso. Um grandíssimo filme. Talvez
o maior filme da história do cinema nacional. Muitas outras adjetivações
poderiam ser oferecidas para esse grande clássico – um pouco esquecido e
menosprezado até – do nosso cinema.
Passados mais de cinquenta anos de sua
exibição, a película “O Pagador de Promessas” continua a ser o único filme
brasileiro a ter conquistado a Palma de Ouro de Melhor Filme, o prêmio maior no
aclamado Festival de Cannes, sendo reverenciado lá fora como uma das maiores
películas já produzidas na história do cinema mundial. De igual maneira, a película
concorreu ao prêmio de Melhor Filme Estrangeiro do Óscar de 1963, mas não
conseguiu a estatueta.
De fato esta película dirigida e
produzida por Anselmo Duarte, baseada na clássica peça teatral de Dias Gomes,
se apresenta como uma grandíssima película dos seus primeiros minutos até o fim
de sua exibição. Trata-se de uma obra dramática cuja crítica social aparece
com profundidade no decorrer de toda a sua extensão.
A saga de Zé do Burro em direção a Catedral de Santa Barbara em Salvador |
O Filme que conta a saga do humilde
camponês Zé do Burro que ao tentar cumprir com a promessa de levar uma pesada cruz
em seus ombros até a Igreja de Santa Barbara em Salvador, em agradecimento a
cura de seu burro, acaba então por se ver embaraçado em uma série de querelas
envolvendo a Igreja, a Imprensa, a Policia, o Estado, e etc.
Leonardo Villar como Zé do Burro e Gloria Menezes como Rosa: atuações fantásticas |
Com um arsenal incontável de memoráveis atuações, em destaque Leonardo Villar no papel de Zé
do Burro e Gloria Menezes no papel da jovem Rosa, a película efetua uma série de críticas
as mazelas da sociedade brasileira, indo desde a crítica ao estado geral de pobreza e
negligência do Estado frente a situação do campesinato brasileiro, passando por
questões de intolerância religiosa, de reforma agrária até a discussão em torno do tratamento sensacionalista e
oportunista oferecido pela mídia aos fatos diários.
Eis um grande clássico que não pode ser esquecido!
Ass.
Rafael Prata
Mestrando em História na
Universidade Federal de Sergipe