Com toda certeza do mundo, Oscar
Micheaux sorriu com grande satisfação, no dia 2 de março de 2014, durante a
entrega da premiação do 86 Oscar. Micheaux, cuja carreira já destaquei nesse
blog, foi o grande pioneiro entre os cineastas negros no nascer do século XX,
tendo para isso enfrentado em sua época o preconceito e o racismo tão pungente
durante o período (não que hoje não mais exista).
Quase oitenta anos após a
carreira de Oscar Micheaux ter se encerrado, o mundo pode presenciar a gloria
de um outro cineasta negro: Steve McQueen. O Jovem cineasta britânico de 44
anos de idade, se tornou o primeiro cineasta negro a ter sua película
consagrada com o prêmio de “Melhor Filme”.
Nada mais justo para alguém que
ao retomar uma temática – a escravidão norte – americana – desconstruiu uma
certa visão lúdica que até certo momento persistia sobre a questão,
apresentando uma nova visão, mais coerente, crua, sem idilismos frente ao que
realmente foi o tão cruel regime escravocrata.
O Filme em questão de nome “12 anos de escravidão” é baseado na biografia
escrita por Solomon Northup, um homem livre que acaba sendo sequestrado e
vendido a uma família branca, tendo passado ali doze anos de sua vida. MacQueen não levou a estatueta de “Melhor
Diretor” ao perdê-la para o mexicano Alfonso Quaron (que curiosamente também
rompeu outro paradigma ao se tornar o primeiro latino a levar a estatueta), no
entanto, o que se deve constatar é que MacQueen já contribuiu de forma
significativa; “12 anos de escravidão” é um marco não só na “renovação” da temática,
como também do Cinema Mundial.
Um diretor de fibra, de assuntos difíceis. Não é de agora que Steve MacQueen surpreende o público e
principalmente os oldmans de Hollywood, pois, sua filmografia é a prova disso.
Hunger (2008) e Shame (2011) são duas películas que lhe projetaram, ambas,
tratando de questões complicadas.
Além do “Oscar” de “Melhor Filme”,
“12 anos de escravidão” também levou “Melhor roteiro adaptado” e “Melhor atriz
coadjuvante” para a jovem e sensacional Lupita Nyong´o que certamente concedeu
uma das mais bonitas e significativas palavras quando do recebimento da
premiação, na história de todo o Oscar.
A História de Solomon Northup
estava lá. Bastava alguém ter a coragem para levá-las as telas. Muitos
negligenciaram. Coube a MacQueen essa tarefa. Sujeito integro como é, agradeceu
ao ator Brad Pitt pois sem este praticamente teria sido impossível levar a cabo
a película, graças a todo o seu apoio e financiamento mais capital.
Clássico mais do que imediato, “12
anos de escravidão” é a marca de MacQueen, diretor de fibra, que assim como Oscar
Micheaux, lá nos remotos anos 1910 – 1930, soube muito bem como retratar
questões pouco ou mal abordadas ainda pelo Cinema.
Ass: Rafael Costa Prata
Mestrando em História pela Universidade Federal de
Sergipe