quarta-feira, 19 de março de 2014

“O Dublê do Diabo” (2011): quando somos forçados a viver como um filho de um ditador

Seu nome: Uday. Sobrenome: Hussein. Sim, seu pai foi o famigerado Saddam Hussein, um dos mais sanguinarios ditadores do século XX, o qual governou o Iraque por quase 25 anos, com mãos de ferro,  tendo para isso, adotado uma política de perseguição de  minorias – como os curdos – e rivais políticos, entre outras questões.

Mas essa película não é sobre o seu pai e sua política de massacre. É um filme sobre seu filho mais velho: Uday Hussein, que curiosamente, não tinha das melhores relações com seu dito pai. A película “O Dublê do Diabo” (2011), dirigida por Lee Tamahori, conta a história do tenente Latif Yahia que por ser bastante parecido com Uday Hussein, acaba sendo coptado – de forma forçada é claro – pelo mesmo para se tornar seu dublê em aparições públicas e/ou eventos mais perigosos, fato bastante comum, pois Saddam Hussein também tivera um exercito de dublês a seu serviço.
Uday, filho mais velho de Hussein, como bem descreve o título do filme, é a personificação do “diabo”. “Filho de seu pai”, é um sujeito sem escrupulos, egocêntrico, violento, psicopata, entre outras tantas características. E é nesse ponto que o filme se centra: em demonstrar as vilanias cometidas por este, em meio ao conturbado cenário político da Guerra do Golfo, quando o Iraque entra em choque contra os Estados Unidos, por conta do território do Kuwait.



         O outro ponto do filme, é claro, também está na representação da violência sofrida pelo tenente Latif Yahia, que ao ser forçado a se tornar dublê de Uday, acaba tendo que se tornar um boneco nas mãos do mesmo, ao passar por um enorme processo de treinamento e transformação, além de ter que  presenciar as maldades cometidas pelo mesmo. No entanto, como o filme bem demonstra, nunca como um cúmplice, atitude bastante ousada de sua parte, que por muitas vezes quase significou sua morte.


         Uday, que falecera em 2003, após uma ofensiva do exercito americano no Iraque, foi o principal chefe da rede de telecomunicações do Iraque durante os anos 1990, mas se dedicava pouco as suas atribuições, o que curiosamente lhe causava muitos atritos com seu pai. Uday não disfarçava sua vida desregrada e criminosa: vivia em orgias, estruprava colegiais, forçava recém – casadas a ter a primeira noite com ele, entre outras coisas, o que acabava chegando a população iraquiana, fato que fazia com seu pai criasse raiva.
         Enfim, a película “O dublê do diabo” cumpre muito bem o seu papel histórico. Baseado na biografia de Latif Yahia, que conseguiu fugir do Iraque, a película conta não só a história desse megalomaníaco e criminoso “filho de seu pai”, Uday Hussein, como demonstra muito bem o quadro político do inicio dos anos 1990.

Ass: Rafael Costa Prata

Mestrando em História pela Universidade Federal de Sergipe

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