sábado, 28 de fevereiro de 2015

José Mojica Marins, o Zé do Caixão: um verdadeiro “monstro” do Terror Nacional

Lá fora, seu personagem mais conhecido é traduzido como “Coffin Joe”, sendo seu criador uma figura bastante reverenciada em solos americanos pelos amantes do gênero terror. Sim, é o nosso clássico Zé do Caixão, alter-ego cinematográfico de José Mojica Marins, um abnegado ator, roteirista e cineasta brasileiro que passou a produzir películas de terror nos nossos anos 1960, algo bastante raro a época.
Nascido em São Paulo no dia 13 de março de 1936, desde cedo Mojica mostraria o seu interesse pelo cinema: seu pai havia trabalhado como projetor em uma sala de Cinema, e logo após um certo tempo, acabou sendo premiado, se tornando o gerente do Cinema local. Mojica sempre o acompanharia em seu ofício, travando assim os primeiros contatos com o cinema.
Aos 12 anos de idade, ganharia de seu pai uma câmera V-8. Ali ensaiaria os seus primeiros curtas, suas primeiras ideias já na infância. Com 17 anos, fundara com seus amigos uma amadora companhia de interpretação para atores, intitulada Companhia Cinematográfica Atlas, voltada sobretudo para a composição de personagens de terror, haja vista o seu fanatismo pelo gênero, testando inclusive a coragem dos atores amadores na lide com insetos, algo que inclusive se tornaria sua marca em seus mais conhecidos filmes.
Todavia, antes de entrar no mundo do terror, Mojica participaria de uma série de películas de outros gêneros. Em 1958, produzira a película “A Sina do Aventureiro”, um verdadeiro western nacional, e em 1962 a película “Meu destino em suas mãos”, dentre outros filmes. Mas, não tardaria que Mojica definitivamente iniciasse sua carreira naquele gênero que o tornaria um mito.

Em 1963, colocando em prática tudo aquilo que havia sonhado, todo aquele treinamento com insetos, e toda a sua influência, seu fanatismo frente a figura de Drácula, produziu então a película “À meia noite levarei sua alma”, apresentando assim o seu clássico personagem, o nosso Josefel Zanatas, ou melhor, o Zé do Caixão.
A história do famigerado e sádico Zé do Caixão que obcecado na busca pela “Mulher perfeita” com a qual teria seu herdeiro marcou o Cinema nacional nos anos 1960, tendo tido por conta de seu sucesso, uma série de continuações. Três anos depois, em 1966, viria “Esta Noite encarnarei no teu cadáver”, em 1974 a película “Exorcismo Negro” e em 1981 ao filme “A Encarnação do demônio” que teria um remake produzido em 2008 com o mesmo título.

O sádico Josefel Zanatas, o Zé do Caixão

No entanto, Mojica produziria outras películas de terror que não contaram com a participação de Zé do Caixão. São os casos de “O Estranho Mundo de Zé do Caixão” (1967), “Trilogia do Terror” (1968), “O Despertar da Besta”(1969), “Inferno carnal” (1976), “Delírios de um anormal” (1977), dentre outros tantos. Mojica também participaria da produção de uma série de películas de pornochanchada no decorrer dos anos 1970, um gênero de enorme sucesso a época no cinema nacional.

Aranhas, uma das marcas de Zé do Caixão

Mas foi a sua figura como Josefel Zanatas, o Zé do Caixão, que o projetaria como ícone do nosso cinema. Mojica foi – e continua a ser- um dos sujeitos mais ousados da história do nosso cinema. Pensar um filme de terror nos anos 1960 no Brasil traduz todo o teor dessa sua ousadia. Pensar e por em prática. Aranhas caminhando por pessoas amarradas, cemitérios, personagens sádicos, erotismo velado, todas estas questões marcam o cinema de autoria de José Mojica Marins, um grandíssimo cineasta que talvez seja mais reverenciado em solo estrangeiro do que em nosso país.

Ass. Rafael Prata
Mestrando em História na Universidade Federal de Sergipe
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