quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Nascido para matar (1987): uma crítica mordaz acerca dos horrores práticos e psicológicos da Guerra do Vietnã

Um dos temas mais centrais e pungentes da cinematografia norte – americana dos anos 1980 foi a Guerra do Vietnã. Ao contrário de muitos filmes “patrióticos”, personificados perfeitamente na trilogia “Rambo”, alguns outros filmes procuraram pensar a questão sob um viés mais social, psicológico. Nesse sentido, alguns diretores produziram filmes que, dentre muitas questões, discutiam a desumanização ocorrida durante essa peleja.
Talvez o caso mais clássico dessa perspectiva seja o filme “Nascido para Matar” produzido e dirigido pelo polêmico cineasta Stanley Kubrick em 1987. Passados pouco mais de dez anos do termino da guerra, Kubrick leva as telas, um relato de selvageria, de rompimento da sanidade mental.

O Filme de certa forma pode até ser dividido em duas partes: na primeira, somos levados ao mundo do treinamento militar na Academia dos Fuzileiros Navais. Nesta, com certeza a parte mais forte do filme, o foco se encontra nos embates envolvendo os personagens “Gomer Pyle” e o sargento Hartman, na medida em que, o segundo humilha ao primeiro sempre e sempre por aquele não conseguir cumprir boa parte dos requisitos e das propostas de treinamento. A transformação do personagem “Gomer Pyle” é o ponto central da proposta de Kubrick, pois sua intenção é justamente demonstrar como o ambiente de guerra é nócivo a mentalidade das pessoas. A guerra, e todas as suas instâncias, só produz sangue, traumas e loucura.
A segunda parte do filme, quando se recria o ambiente nato da guerra, também é bastante crítico, pois vai demonstrando mesmo como a guerra possibilita que as pessoas percam qualquer tipo de compaixão, se tornando verdadeiras máquinas de guerra em fúria.
Enfim, Kubrick, grandíssimo cineasta que já havia se destacado por outras películas polêmicas, como o clássico “Laranja Mecânica” (1971), consegue cumprir com perfeição a sua proposta: produzir um verdadeiro filme anti – belicista, que desnuda os caminhos da selvageria, da insanidade, que surgem como frutos de uma guerra em curso, neste caso, aquela ocorrida no Vietnã de 1955 a 1975.

Ass: Rafael Costa Prata
Graduado em História pela Universidade Federal de Sergipe

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