Numa época – os anos 1960 e 1970 - em que
abundavam películas em torno de bebês malditos – como os clássicos “O Bebê de
Rosemary” de 1968 e “A Profecia” de 1976 -, a película “It´s Alive” do ano de 1974, dirigida
por Larry Cohen, figura como uma peculiar produção de Terror, sobre a qual a
moral da historia repousa em uma critica a algo que ainda hoje é bastante
discutido em sociedade: o aborto.
De
fato, esta questão se torna bastante visível, quando temos em mente que, no ano
de 1973, após intensos debates, o aborto passou a ser legalizado em todos os
estados da nação norte – americana. O Filme, como dito, é do ano de 1974, sendo
um espelho imediato de uma ala que de forma resoluta, procurava recusar esse
direito civil.
Através
do gênero “Terror” este posicionamento social ganha força, haja vista que a película
em questão procura justamente aterrorizar, amedrontar, e, sobretudo cristalizar
em torno desta prática, a áurea de algo que é maldito, de algo que carrega por
si só, consequências nefastas a quem as pratica.
Como
isso é feito?! Através da explicação, que é implícita, dada em torno daquilo
que é o mal a ser combatido no filme. Enfim, a película narra a história de um
casal que procura interromper prematuramente a gestação de uma criança já em
desenvolvimento através da ingestão de inúmeros remédios anticonceptivos, mas
que ao desistirem dessa medida, acabam arcando com as consequências de uma “mutação
genética” sofrida pelo feto.
O
Bebê que antes era rejeitado nasce como um “monstro” altamente deformado, com
garras e uma personalidade movida pela dor, sangue e vontade insaciável de se
alimentar de carne humana. A Motivação desta “mutação” ainda que não citada de
forma diretamente, pode ser perfeitamente percebida numa crítica subliminar a recém-chegada
do direito do aborto. Numa das cenas, um dos médicos chega a perguntar a mãe da
criança se ela havia tido alguma experiência com tentativas de aborto...
Essa
questão pode ser reforçada quando verificamos que um remake homônimo produzido
no ano de 2008, reforça mais ainda esta critica ao aborto, ao narrar a historia
de uma jovem universitária que ao engravidar, não planeja travar seus estudos,
procurando através da Internet, remédios que pudessem interromper aquela
gestação indesejada. Mais uma vez, o resultado é a criação de um “bebê mutante”
insaciável e sedento por sangue.
Enfim,
a legalização do aborto ainda hoje se apresenta como um assunto bastante
polêmico em todo o mundo. Há quem defenda, há quem se recuse a aceitar esta
questão. Como vimos, ambos os filmes souberam ratificar seu posicionamento anti
– aborto, através da utilização do “terror” para massificar no público uma
ideia sobre algo que, para eles, devia ser combatido.
O
Cinema, como um espelho refletor de uma sociedade, demonstra mais uma vez, que
até nos mais obscuros filmes de terror, devemos estar atentos para perceber
ideologias, criticas, posicionamentos morais, e tantas outras questões.
Ass: Rafael Costa Prata
Graduando em História pela Universidade Federal de Sergipe
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