quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A Crítica ao Aborto no gênero Terror: O Caso dos filmes "It´s Alive"


             Numa época – os anos 1960 e 1970 - em que abundavam películas em torno de bebês malditos – como os clássicos “O Bebê de Rosemary” de 1968 e “A Profecia” de 1976 -, a película “It´s Alive” do ano de 1974, dirigida por Larry Cohen, figura como uma peculiar produção de Terror, sobre a qual a moral da historia repousa em uma critica a algo que ainda hoje é bastante discutido em sociedade: o aborto.
      De fato, esta questão se torna bastante visível, quando temos em mente que, no ano de 1973, após intensos debates, o aborto passou a ser legalizado em todos os estados da nação norte – americana. O Filme, como dito, é do ano de 1974, sendo um espelho imediato de uma ala que de forma resoluta, procurava recusar esse direito civil. 

         Através do gênero “Terror” este posicionamento social ganha força, haja vista que a película em questão procura justamente aterrorizar, amedrontar, e, sobretudo cristalizar em torno desta prática, a áurea de algo que é maldito, de algo que carrega por si só, consequências nefastas a quem as pratica.
         Como isso é feito?! Através da explicação, que é implícita, dada em torno daquilo que é o mal a ser combatido no filme. Enfim, a película narra a história de um casal que procura interromper prematuramente a gestação de uma criança já em desenvolvimento através da ingestão de inúmeros remédios anticonceptivos, mas que ao desistirem dessa medida, acabam arcando com as consequências de uma “mutação genética” sofrida pelo feto.


      O Bebê que antes era rejeitado nasce como um “monstro” altamente deformado, com garras e uma personalidade movida pela dor, sangue e vontade insaciável de se alimentar de carne humana. A Motivação desta “mutação” ainda que não citada de forma diretamente, pode ser perfeitamente percebida numa crítica subliminar a recém-chegada do direito do aborto. Numa das cenas, um dos médicos chega a perguntar a mãe da criança se ela havia tido alguma experiência com tentativas de aborto...

      Essa questão pode ser reforçada quando verificamos que um remake homônimo produzido no ano de 2008, reforça mais ainda esta critica ao aborto, ao narrar a historia de uma jovem universitária que ao engravidar, não planeja travar seus estudos, procurando através da Internet, remédios que pudessem interromper aquela gestação indesejada. Mais uma vez, o resultado é a criação de um “bebê mutante” insaciável e sedento por sangue.
          
       Enfim, a legalização do aborto ainda hoje se apresenta como um assunto bastante polêmico em todo o mundo. Há quem defenda, há quem se recuse a aceitar esta questão. Como vimos, ambos os filmes souberam ratificar seu posicionamento anti – aborto, através da utilização do “terror” para massificar no público uma ideia sobre algo que, para eles, devia ser combatido.
         O Cinema, como um espelho refletor de uma sociedade, demonstra mais uma vez, que até nos mais obscuros filmes de terror, devemos estar atentos para perceber ideologias, criticas, posicionamentos morais, e tantas outras questões.

Ass: Rafael Costa Prata
Graduando em História pela Universidade Federal de Sergipe

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