A primeira obra
cinematográfica produzida pelo renomado cineasta afro – americano Spike Lee foi
um pequeno curta metragem intitulado “The Answer” rodado no ano de 1980. Este
curta com pouco mais de dez minutos se apresentava como uma resposta de Spike
Lee a D.W.Griffith. Na verdade, o jovem cineasta de até então 23 anos, procurou responder ao clássico racista de Griffith, “O Nascimento de uma Nação” (1915).
Spike Lee
“incomodou”. E continua a incomodar. Até hoje é considerado um dos cineastas
mais “polêmicos” do mundo, rotulo que se deve em grande parte ao fato de que em
suas películas procura sempre retratar o lado das minorias sociais e/ou o preconceito
racial existente no seio norte – americano.
Se considerarmos
Spike Lee um sujeito “ousado” porque nos anos 1980 levou a cabo películas
sociais, o que diríamos do pouco conhecido Oscar Micheaux?!
Nascido em
Metropollis, Illinois, em 1884, Oscar Micheaux é considerado o primeiro grande
cineasta negro do mundo. Lá nos anos 1920, quando a segregação racial – e o
preconceito prático sentido na pele por meio da violência da Klu Khux Klan -, ainda era fortíssima nos Estados Unidos,
Micheaux emerge destemidamente e de forma independente para defender e conferir
voz aos negros americanos, por meio do Cinema.
Suas películas,
que se enquadram no chamado racial films,
se contrapunham a visão racista e caricata que os filmes de Griffith e
outras mídias procuravam impregnar em torno do negro. Conferindo voz, atuação e
papel aos atores negros – fugindo assim do horrendo artifício do blackface-, Mischeaux produziu uma serie
de filmes que obviamente apresentaram um caracter underground frente a
realidade da época.
Seu mais
conhecido filme “Within our gates”(1920)
se apresenta ainda hoje como um dos mais importantes relatos acerca do
tratamento sofrido pelos negros americanos no nascer do século XX. De tão
realista, o filme se torna bastante cru ao mostrar cenas de linchamento, ou
qualquer outro tipo de violência efetuada pelos brancos sobre os negros. Este
filme de quase 80 minutos surge de certa forma como uma resposta ao racismo
assistido em “O Nascimento de uma nação” de
Griffith, produzido cinco anos antes.
Nos demais
filmes de sua carreira, Micheaux procurou retratar a vida do cidadão negro,
retratando desde situações do dia a dia, até traços mais peculiares, como a
cultura do jazz, tendo produzido mais de 30 películas, até que a morte
rapidamente tenha lhe acometido em 1951, por conta de um problema no coração,
morrendo então aos 67 anos de idade.
Passados quase
oitenta anos de suas películas, fato é que Micheaux continua ainda pouco
conhecido. Alguém de sua importância, de sua coragem e de seu talento precisa ser
resgatado. Encarar de frente todos os preconceitos de uma época, se inserir em
um nicho de “domínio branco”, foi uma das marcas deste grande cineasta
político, deste grande homem a frente de seu tempo.
Assim, acredito
eu que, quando Spike Lee resolveu iniciar sua carreira efetuando aquele
curtinha de dez minutos, ele já tinha em mente que lá atrás, um grande homem
negro já havia dado um enorme passo na luta pelo rompimento da segregação e do
preconceito racial. Nenhum outro “incomodou” tanto quanto Oscar Micheaux.
Ass: Rafael Costa Prata
Graduado em História pela Universidade Federal de Sergipe
Conhecia muito pouco (na verdade, quase nada) sobre ele...vou procurar mais! Postagem muito legal!!
ResponderExcluir:D
Thai
Brigadão Thai! Também não o conhecia! Acabei conhecendo por esses dias, e fiquei fã da coragem do cineasta em encarar de frente o preconceito na época..
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