Um
dos filmes de maior sucesso dos anos 1970, “Tubarão”, dirigido por Steven
Spielberg, ainda hoje é aclamado, não somente pelos efeitos especiais e pela
trilha sonora tão marcante e tocada ainda hoje, mas como também pelo grande potencial de interpretações que do filme pode-se retirar.
A
história do grande tubarão que num dia calmo e comum do verão americano
subitamente começa a atacar os banhistas, americanos comuns, assassinando-os em
série, tem sido interpretado por muitos estudiosos a partir de vários pontos de
vista, ou seja, interpretações de todo tipo tem surgido para explicar a suposta
“metáfora” ou “simbolismo” do tubarão.
O
psicanalista e crítico de Cinema Slavoj Zizek em seu documentário “O Guia
perverso da Ideologia” procurou demonstrar algumas dessas interpretações.
Conforme este, por exemplo, curiosamente “Tubarão” seria um dos filmes preferidos
do líder cubano Fidel Castro, porque este procurava interpretá-lo como uma
metáfora ao “potencial devastador/abocanhador do grande capital”. Mas essa é só
uma interpretação de Fidel Castro.
Outras
tantas pessoas, e outros tantos grupos sustentam outras. O crítico-psicanalista
também apresenta uma outra interpretação bem comum frente a “Tubarão". Nesta, a
figura do “Tubarão” remeteria a do “imigrante latino”, que ao chegar nos
Estados Unidos, passa a “ameaçar” a vida do americano comum, “tomando seu
emprego”, rompendo com o “status quo idílico do American way of life”. Tal
metáfora, obviamente, se tiver sentido, não deixa de apresentar mais um preconceito/xenofobia
a figura do imigrante.
Uma
outra interpretação do “tubarão” sobressalta dos grupos feministas. Nessa
interpretação, defende-se que o filme é recheado de “metáforas machistas”,
desde o tubarão na agua, que simbolicamente representaria o “falo caçador”, até
a natureza das vítimas, mulheres quase sempre sexualmente independentes. Não
obstante, na película, são os homens “de carater forte” que acabam por “extinguir”
esse mal, ou seja, restituem o poder do “patriarcado”.
Enfim,
uma série de outras interpretações poderiam ser indicadas. Ao que parece, a
película “Tubarão” oferece essa “deixa” para ínumeras interpretações,
justamente porque ao encarnar no Tubarão a metáfora do “medo” que irrompe sem
explicações desestruturando a normalidade das coisas, deixa em aberto então o
caminho para interpretações das mais variadas.
Att.
Rafael Prata
Mestrando
em História na Universidade Federal de Sergipe
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