sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

[TOP10] Filmes de Charles Chaplin

Eis uma tarefa árdua e dificílima: tentar listar os 10 melhores filmes do gênio irretocável Charles Chaplin; Da minha parte não farei uma lista levando-se em conta apenas aspectos técnicos e a importância histórica das películas em questão; obviamente o gosto pessoal também conta como critério, ou seja, alguns desníveis de opção serão evidentes e fazem parte de qualquer lista – que por sinal, estou fazendo, mas só a efeito de curiosidade mesmo. 




Vou tentar justificar o injustificável, pois todas as obras são absurdamente geniais, estando a ordem da colocação apenas a efeito pessoal mesmo, ou seja, a distância de qualidade entre o primeiro colocado e o décimo é mínima, para não dizer ilusória, haja vista que é só compará-la com outras listas já montadas, nas quais o décimo colocado pode ser justamente o primeiro da minha lista em questão. Obviamente outros tantos filmes faltarão nesta lista!

 Segue a Lista:

1. O GRANDE DITADOR (1940)


         Talvez a maior obra produzida por Chaplin. A sua sátira corrosiva a Hitler já prenunciava – o filme é rodado em 1940 – os horrores do holocausto e da segunda guerra mundial como todo. Chaplin em sua genialidade artística se personifica como Hitler em Hynkell, e em um barbeiro judeu, numa capacidade de atuação que só ele conseguia engendrar. O Discurso final do filme é clássico, estando talvez entre os grandes momentos da história do Cinema, quando o autor se sobrepõe ao personagem, se apresentando como figura direta da História. 

2. LUZES DA CIDADE (1931)
    Belíssimo filme. Como descrever o indescritível? Foi o grande questionamento que me fiz após o termino da película. Rara beleza em um filme simples, porém com uma temática estonteante. Primeiro filme com toques de som – apenas no inicio do filme – Chaplin consegue guardar todo o romantismo do Cinema Mudo, e a partir daí, contar a triste e bela história do vagabundo Carlitos e da jovem florista cega. Com certeza, um grande clássico da Comédia Romântica. Carlitos é a doçura e a obstinação em movimento; a poesia da mentira de alguém que ama e passa por cima de tudo que irrompe como impedimento. 


3. TEMPOS MODERNOS (1936)
          Outro grande clássico que não precisa de muitos comentários; Com esta película, Chaplin mais uma vez abria a sua sátira a alienação e a selvageria do mundo moderno da industrialização, retratando também as mazelas e os problemas sociais oriundos desta industrialização em massa, que ocorre em detrimento da situação das classes mais pobres. É o tempo da fabrica quem rege toda a película. Clássico marcante; praticamente um item indispensável nas salas de aula, quando se quer discutir as consequências da Revolução industrial. Afinal, quem não assistiu a cena clássica de Chaplin sendo engolido pelas engrenagens na fabrica?!

4. O GAROTO (1921)

      Mais uma vez o vagabundo Carlitos passa por uma situação calamitosa que põe a prova todo o seu humanismo. A Cartela inicial do filme consegue captar com perfeição, toda a áurea fantástica do filme: “Um filme de sorrisos... mas de algumas lagrimas também.”.
          Belo drama que apresenta à atuação excepcional do jovem ator de seis anos, Jackie Coogan, a primeira criança a atuar em um papel representativo na história do Cinema; Coogan é um órfão que abandonado passa a ser cuidado pelo vagabundo, e com ele, vai aprender todas as artimanhas para sobreviver, se tornando quase quê uma copia irretocável do próprio Chaplin em todo filme. Fantástico. Um filme, como nos diz a cartela, é um misto de risos e lagrimas.

5. LUZES DA RIBALTA (1952)
        Penúltimo filme produzido por Chaplin se trata de um drama fortíssimo, onde Chaplin coloca toda a sua genialidade dramática a serviço do Cinema, ao interpretar um clown velho e decadente, que ao apaixonar-se por uma jovem bailarina, vê todos os seus derradeiros projetos de vida mudados.
             O Filme é também, com toda a certeza, um daqueles que apresenta um dos momentos mais mágicos da história do Cinema em toda a sua história: ter a oportunidade de ver contracenarem em um ato, os maiores gênios da comédia mundial em toda a sua história, o próprio Chaplin e Buster Keaton. A Cena é antológica, e para aqueles que são fãs disparados de ambos, é de arrepiar e não cansar de assistir; Chaplin e Keaton, ambos idosos, e já no termino de sua carreira, neste ato, procuram homenagear todos os palhaços do vaudeville – gênero que ambos foram formados – em uma estonteante passagem do filme. Indescritível. Chaplin e Keaton.


6. O CIRCO (1928)
        Praticamente um thriller policial; filme engraçadíssimo onde Chaplin homenageia novamente toda a uma gama de artistas circenses; nesta película, ao ser confundido com um ladrão, Carlitos se aventura ao se disfarçar de palhaço para esconder-se dos policiais que o perseguem. O Filme todo é uma correria de Carlitos para que não seja perseguido e preso por uma injustiça cometida.


7. O IMIGRANTE (1918)



Não é um filme; mas um excepcional e acido curta produzido por Chaplin logo durante a sua chegada aos Estados Unidos. Daí é que logo de cara Chaplin sempre se mostrou incomodado com as ilusões produzidas pelo “American Way of Life”. Neste pequeno curta de não mais que 20 minutos de duração, Chaplin mostra um sujeito sonhador que parte de sua terra natal na Europa, mas que ao chegar aos Estados Unidos, se depara com os maus tratos locais.
               Seria o cartão de visitas de Chaplin, que ao longo de sua carreira, acabou sendo vigiado e fichado de perto por entidades policiais – principalmente e com mais rigidez durante o Macarthismo nos anos 1950 – quando era acusado de ser comunista, por conta de suas obras críticas, tendo como ápice, seu exilio forçado no ano de 1952, retornando apenas nos anos 1970 para os Estados Unidos para receber um Oscar honorário por toda a sua obra produzida, que na verdade simboliza um pedido de Desculpas; A Plateia do Oscar ao ver o idoso e debilitado Chaplin levantou-se e por mais de cinco minutos o aplaudiram. 


8. EM BUSCA DO OURO (1925)


        Um dos filmes mais engraçados de Chaplin se passa no Alaska, na chamada “Corrida do Ouro” ocorrida aos fins do século XIX. Lá Carlitos se envolve em muitas confusões como sempre; Talvez o filme seja mais conhecido por uma cena antológica, talvez aquela que mais remonte a doçura artística de Chaplin que é a Table Ballet, ou a dança com os pães enfiados nos garfos, encima da mesa. Antológica cena da História do Cinema. Não canso de assistir e de tentar copiar!


9. MONSIEUR VERDOUX (1947)

        Com certeza o filme mais diferente de Chaplin; em todos os aspectos: na atuação e principalmente na composição de seu personagem; ao contrário dos antigos filmes de Chaplin, não temos mais um doce vagabundo, mas, agora, nesta película, temos um sedutor viajante de caráter duvidoso que empreende tudo que é possível para atingir seus fins, não por meios positivos.
        Grande comédia de humor negro, sátira ao capitalismo deste American Way of Life, onde o mundo das aparências se sobrepõe a realidade da condição humana. Com certeza, outra grande película que “contribuiu” para que Chaplin fosse mal visto pelas lentes do poder nos EUA. Chaplin como um dissimulado assassino, notável filme!

10. O PASTOR DE ALMAS (1923)


        Outra grande comédia de Chaplin; sátira critica do mesmo aos fanatismos religiosos; Neste filme, Chaplin é um ex-prisioneiro que ao fugir da cadeia passa a se tornar um pastor de uma pequena cidade do interior americano. Obviamente que esta causou choque em muitas cidades americanas, sendo proibidas em muitas delas por sinal. Vale demais assistir! É uma sátira, e muito bem divertida!

Uma Flor para o vagabundo sonhador..

Em algumas situações da vida, ao que parece, é necessário se utilizar do artificio da mentira. Manejo feio e de natureza torpe, a mentira falseia, omite ou dissimula situações do cotidiano. Mas, não é a minha intenção discutir o mérito da questão. Com esta singela postagem, quero apenas fazer uma ode a mentira; Sim, uma ode a mentira. Uma ode ao bom uso da mentira, pelo menos no que se refere a fins positivos.
         Chaplin já mentiu por amor. Não Charles Chaplin, mas seu álter – ego, o vagabundo Carlitos. É dessa afirmativa que partirá a minha postagem. Refiro-me ao grande clássico “Luzes da Cidade”, rodado no ano de 1931. Nesta película, a temática central que rodeia todo o filme, é a mentira; a doce mentira como um véu que envolve um amor quase quê impossível: um vagabundo e uma florista cega.

Luzes da Cidade: Uma Doce Ode a Mentira
         Não vou falar muito dos acontecimentos relatados no filme. Seria desnecessário e retiraria toda a graça de quem porventura queira assistir a obra, mas, algumas menções são fundamentais, sendo assim, não tem como negligenciá-las nesta postagem.
         Carlitos é um vagabundo – como o filme o caracteriza: “The Tramp” - que sobrevive de trapaças e de jogos de sua esperteza. Até que certo dia acaba por conhecer uma jovem florista que vende seus ramos em um local de passagem dos aristocratas. Em linhas gerais, Carlitos percorre todo o filme, passando a trabalhar em inúmeros ofícios – o que era um sacrifício para ele – como gari e até boxeador, justamente para sustentar sua “farsa”. Queria Carlitos fazer a jovem e cega florista, acreditar que ele fosse um jovem rico para que esta se apaixonasse por ele, e acreditasse que um dia este pudesse tirar-lhe da vida da pobreza, e, sobretudo da cegueira, por meio de uma cirurgia.

O Momento em que Chaplin conhece a Florista.
         Este é o eixo central do filme; as desventuras de Carlitos para sustentar sua mentira em nome do amor que passou a sentir por aquela florista. Não falarei mais do que isso; É melhor assistir a película; O Final é belíssimo, como só Chaplin sabia recriar.
          É nessas horas que eu concordo com Shakespeare quando este dizia:
 “O Amor é cego e os amantes não dão conta das lindas loucuras que cometem; se assim não fosse, o próprio Cupido coraria de me ver disfarçado de pajem.”
William Shakespeare (O Mercador de Veneza)

Ass: Rafael Costa Prata
Graduando em História pela Universidade Federal de Sergipe
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