sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Charlton Heston: Porque interpretar Moises e El Cid é para poucos...



       É mais do que natural que de tempos em tempos, a indústria do Cinema encontre em um ou outro ator o modelo arquetípico de herói que se encaixa com perfeição nos padrões estéticos da época.
       Nos anos 1950 – 1960 não foi diferente, muito pelo contrário, esse fenômeno foi mais acentuado. Numa época em que o chamado “gênero épico” teve seu apogeu, encontrar atores/atrizes que se adequassem perfeitamente ao modelo dramático/heroico que as películas exigiam era algo mais do que necessário.

       Nesse sentido, nenhum outro ator na História de Hollywood conseguiu personificar com tanta perfeição esta procura, como o ator Charlton Heston. Encenando seu primeiro épico, a adaptação do drama histórico de Shakespeare de nome “Júlio Cesar”, dirigida no ano de 1950 por David Bradley, na qual Heston interpreta a Marco Antônio, o jovem ator de 27 anos entraria em definitivo no hall dos grandes interpretes de heróis bíblico-históricos daquele momento em diante.
       Obviamente que a sua vastíssima carreira marcada por filmes de temáticas diversas não se restringe somente a este modelo épico, contudo, sua carreira não deixa de ser marcada hoje em dia, justamente por esses filmes que cortaram como uma espécie de marcador temporal, toda a sua carreira.


       Logo, em 1956, quatro anos após “Júlio Cesar”, Heston voltaria a participar de um grande épico, nesse momento, não como um personagem coadjuvante, mas sim como personagem principal ao interpretar a figura bíblica de Moises na película “Os Dez Mandamentos” de 1955, do grande gênio dos épicos, Cecil B. De Mille.
       Foi seu momento de sagração como ator dramático dentro desse gênero épico. Heston conseguia reunir em torno de sua figura, todas as virtudes que chamavam a atenção do público norte – americano e, por conseguinte, dos produtores que o contratavam: era um ótimo ator, sabia encarar um drama com extrema facilidade, e fisicamente mantinha uma aparência de galã, aspecto que também ajudava na concretização do lado romântico de tais películas. Sem contar é claro o seu físico forte, que o ajudava a com naturalidade, interpretar seus personagens em cenas de luta, conflitos, guerras e etc.

       Dentre pouco tempo, Heston seria convidado a participar daquela que é com certeza a sua consagração maior no Cinema; A película bíblica Ben Hur, do ano de 1959, dirigida por William Wyler, até hoje uma das películas com o maior numero de estatuetas ganhas – foram 11 em 12 indicações ao Oscar – levou a sua aclamação pela critica ao interpretar o personagem homônimo ao filme, o príncipe judeu Ben Hur. Heston levou o premio de melhor ator nesse ano, de maneira incontestável.

     Dois anos depois, Heston é “convidado” a participar da película “El Cid” do ano de 1961, na qual interpreta a lendária figura do herói espanhol, Rodrigo Diaz de Vivar, o El Cid, naquela película excepcionalmente patrocinada pelo generalíssimo espanhol, Francisco Franco. Nada melhor que contratar o mais conhecido ator de épicos dramáticos e históricos da época para interpretar a maior figura histórica nacional.




Seguindo o ritmo incessante de interpretações históricas, Heston interpreta ao pintor italiano Michelangelo na película “Agonia e Êxtase” do diretor Carol Reed no ano de 1965. 

 No mesmo ano, sem cansar, Heston retorna aos tempos de Jesus para interpretar seu primo, João Batista, na película “A Maior História de todos os tempos” de direção de George Stevens.
     

 De forma peculiar, no ano de 1968, Heston de tão importante como era, interpreta certamente a própria Humanidade no clássico distopico “O Planeta dos Macacos” de Franklin Shaffner, onde atua como um cientista perdido em um futuro dominado por símios.

       Heston parou para respirar, mas em 1970, voltou a interpretar Marco Antônio no remake do filme “Júlio Cesar”, dessa vez dirigida por Stuart Burg. Em 1973, volta a dirigir uma figura histórica, dessa vez, o cardeal francês Armand Richalieu (foto)  na película “Os Três Mosquiteiros” dirigida por Richard Lester.
       Como se pode perceber, obviamente que com o passar do tempo, Heston tornava se mais velho, e em alguns casos, inapto para continuar interpretando personagens que exigissem o esforço físico de sua juventude. Entretanto, Heston continua inserido nos filmes, atuando como personagens mais velhas, sábios, etc.
       Enfim, dos anos 1950 até os 1970, encontramos o período de apogeu de um ator que soube muito bem se encaixar nos mais variados rótulos e personagens diversos a que era convidado a interpretar. De Michelangelo a El Cid, de João Batista a Marco Antônio, talvez nenhum outro ator tenha conseguido se inserir dentro de uma dimensão histórica como Heston conseguiu.

        
A titulo de curiosidade, já em sua velhice, Heston ainda interpretara o medico alemão Josef Mengele em uma película homônima produzida no ano de 2003, e dirigida por Egídio Eronico.

       Heston que em vida fora uma figura politicamente polemica, engajada em questões complicadas, como a defesa do direito de porte livre de armas aos americanos, no Cinema, após seu falecimento em 2008 aos 84 anos, só deixou o rastro de uma belíssima obra a altura de um grandíssimo ator. Afinal, é pra poucos ir de Moises a El Cid!

Ass: Rafael Costa Prata
Graduando em História pela Universidade Federal de Sergipe

3 comentários:

  1. Somente para completar seu excelente texto, penso que o filme Spartacus seria ainda melhor se Charlton Heston fosse o personagem título ao invés de um insosso Kirk Douglas. E somente ele seria capaz de ser tão bom quanto Peter O`toole no fenomenal Lawrence da Arábia, o maior de todos os épicos.

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  2. Somente para completar seu excelente texto, penso que o filme Spartacus seria ainda melhor se Charlton Heston fosse o personagem título ao invés de um insosso Kirk Douglas. E somente ele seria capaz de ser tão bom quanto Peter O`toole no fenomenal Lawrence da Arábia, o maior de todos os épicos.

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  3. Simplesmente o maior de todos os tempos nas artes cênicas!

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