quinta-feira, 21 de agosto de 2014

O clássico do terror “Tubarão” (1975) e suas variadas “interpretações” : uma metáfora ao “perigo do invasor imigrante”, “ao grande capital” ou uma “apologia ao machismo”?

Um dos filmes de maior sucesso dos anos 1970, “Tubarão”, dirigido por Steven Spielberg, ainda hoje é aclamado, não somente pelos efeitos especiais e pela trilha sonora tão marcante e tocada ainda hoje, mas como também pelo grande potencial de interpretações que do filme pode-se retirar.
A história do grande tubarão que num dia calmo e comum do verão americano subitamente começa a atacar os banhistas, americanos comuns, assassinando-os em série, tem sido interpretado por muitos estudiosos a partir de vários pontos de vista, ou seja, interpretações de todo tipo tem surgido para explicar a suposta “metáfora” ou “simbolismo” do tubarão.
O psicanalista e crítico de Cinema Slavoj Zizek em seu documentário “O Guia perverso da Ideologia” procurou demonstrar algumas dessas interpretações. Conforme este, por exemplo, curiosamente “Tubarão” seria um dos filmes preferidos do líder cubano Fidel Castro, porque este procurava interpretá-lo como uma metáfora ao “potencial devastador/abocanhador do grande capital”. Mas essa é só uma interpretação de Fidel Castro.
Outras tantas pessoas, e outros tantos grupos sustentam outras. O crítico-psicanalista também apresenta uma outra interpretação bem comum frente a “Tubarão". Nesta, a figura do “Tubarão” remeteria a do “imigrante latino”, que ao chegar nos Estados Unidos, passa a “ameaçar” a vida do americano comum, “tomando seu emprego”, rompendo com o “status quo idílico do American way of life”. Tal metáfora, obviamente, se tiver sentido, não deixa de apresentar mais um preconceito/xenofobia a figura do imigrante.
Uma outra interpretação do “tubarão” sobressalta dos grupos feministas. Nessa interpretação, defende-se que o filme é recheado de “metáforas machistas”, desde o tubarão na agua, que simbolicamente representaria o “falo caçador”, até a natureza das vítimas, mulheres quase sempre sexualmente independentes. Não obstante, na película, são os homens “de carater forte” que acabam por “extinguir” esse mal, ou seja, restituem o poder do “patriarcado”.

Uma vítima do "Tubarão": uma jovem nua que procura se banhar.
Na interpretação feminista, essa e outras cenas, reproduzem o ideário machista
ao apresentar a "punição" para as moças mais independentes.

Enfim, uma série de outras interpretações poderiam ser indicadas. Ao que parece, a película “Tubarão” oferece essa “deixa” para ínumeras interpretações, justamente porque ao encarnar no Tubarão a metáfora do “medo” que irrompe sem explicações desestruturando a normalidade das coisas, deixa em aberto então o caminho para interpretações das mais variadas.

Att. Rafael Prata

Mestrando em História na Universidade Federal de Sergipe

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