O
Tiro saiu pela culatra. Podemos resumir com este clássico ditado, o nefasto resultado
obtido com a produção da telenovela “ A Cabana do Pai Tomás”, pela Rede Globo
no ano de 1969. A Ideia era produzir um grande épico anti – escravagista,
baseado diretamente na obra homônima da escritora norte – americana Harriet
Stowie, entretanto, o que se observou foi justamente a ocorrência de um nefasto
mecanismo de preconceito na construção da narrativa: o famigerado blackface.
Acontece
que, ao procurar descrever as intensas lutas entre latifundiários e escravos
americanos no contexto da Guerra da Secessão, a Rede Globo “optou” por se
utiliza do dito blackface como um
suposto instrumento artístico. Em linhas diretas, convidou um ator branco para
interpretar a personagem negra em questão.
O
ator convidado foi Sergio Cardoso, um dos grandes atores da época, que teve a incumbência de, além de interpretar o escravo Pai Tomás, também interpretava o
abolicionista Dimitrius, e o aclamado presidente americano Abraham Lincoln.
Logo
de imediato, a mídia acabou “caindo em cima” da produção da novela, justamente
porque o uso do blackface – a pintura de rosto – além de exprimir um
preconceito, acabava por renegar a
oportunidade de conferir o papel a grandes atores negros da época, em destaque,
Milton Gonçalves.
Desta
maneira, o repúdio do público a novela foi enorme, fato que poderia ter sido
evitado se a utilização deste mecanismo de preconceito não tivesse sido
conjecturado. Como disse, o tiro saiu pela culatra.
Ass: Rafael Costa Prata
Graduado em História pela Universidade Federal de Sergipe
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