domingo, 20 de julho de 2014

Abraham Lincoln nas telas do Cinema: a indústria cinematográfica americana e suas versões sobre o símbolo político americano

Um dos grandes símbolos da história política norte-americana, se não a maior, Abraham Lincoln, marcou a história americana, tendo participado ativamente do processo que levou a abolição da escravatura naquele país durante a década de 60 do século XIX, quando em setembro de 1862, assinou a Proclamação de Emancipação, em meio aos combates da chamada guerra civil americana, na qual lutavam os estados confederados do Sul (contrários à abolição) e a União (a favor).
Só por esta grande contribuição política, Lincoln figuraria no panteão das grandes personalidades históricas norte-americanas. No entanto, um triste acontecimento o levaria mais rapidamente e de vez ao grande panteão dos lideres políticos: seu assassinato. Assim, no dia 14 de abril de 1865, o ator teatral John Wilkes Booth, de orientação sulista confederada, sobe até o camarote em que se encontrava o Presidente, no Teatro Ford em Washington, dá um tiro na nuca de Lincoln, matando-o imediatamente.
Triste sina, aliás, dos presidentes norte- americanos. Pouco mais de cem anos depois, outra grande liderança teria o mesmo fim em uma passeata: John Kennedy, em novembro de 1963, morreria assassinado, também por tiros, em mãos de Lee Oswald.
Mas enfim, uma grande personalidade política americana como Lincoln, obviamente não ficaria a margem da indústria do Cinema, haja vista que, uma grande personalidade local, talvez a maior delas, representaria sucesso imediato de público.
Foi assim que, já nos primeiros séculos do Cinema, que Lincoln chegou às telas por meio daquele que é considerado um dos maiores cineastas de todos os tempos: D.W. Griffith. A película “Abraham Lincoln”, do ano de 1930, recria assim desde a suposta infância de Lincoln, passando por sua atividade política, até o seu assassinato. Obviamente que se apresenta como um grande filme patriótico, destinado a louvar não só a imagem de Lincoln, como também de ligar à essência americana a imagem deste, nos seus pouco mais 90 minutos de exibição.

"Abraham Lincoln", 1930, dir. D.W.Griffith.

Em 1939, outro grande cineasta norte-americano, John Ford, daria a sua “contribuição”, apresentando a sua versão da vida de Lincoln aos americanos, por meio do Cinema. O filme “A Mocidade de Lincoln”, porém, como o próprio título informa, procura centralizar suas ações na carreira de Lincoln como advogado nos anos 1830, procurando demonstrar seus valores, seus ideais e seu senso de justiça.

"A Mocidade de Lincoln", 1939, dir. John Ford.

Um ano depois, o cineasta John Cromwell, também leva as telas uma película voltada a Lincoln; a película “O Libertador”, também reconstrói fatos da infância de Lincoln, passando por sua carreira como advogado, até chegar aos seus atos como presidente, e seu fim derradeiro no assassinato.

"O Libertador", 1940, dir. John Cromwell.

Passado esse período de enorme apropriação da figura de Lincoln, sua figura permaneceu esquecida por um bom tempo. No entanto, em 2012, Lincoln ressurge em duas películas: “Abraham Lincoln, caçador de vampiros” e “Lincoln”.
O primeiro se apresenta como um curioso filme de ação/terror, na qual Abraham Lincoln se torna um destemido herói, que por detrás de sua carreira política, é também um hábil caçador de vampiros. Lincoln se torna uma espécie de Van Helsing da Guerra da Secessão.

"Abraham Lincoln - Caçador de Vampiros, 2012, dir. Timur Bekmambetov"


O segundo filme, muito mais destacado, se apresenta como um grande épico patriótico dirigido por Steven Spielberg, que centraliza sua narrativa nos esforços de Lincoln para fazer aprovar uma emenda na constituição americana que formalmente significaria a abolição da escravatura no país, e todos os esforços, choques políticos, decorrentes de tal ação. O filme conta com um elenco estrelado, com enorme destaque para a atuação fabulosa de Daniel Day-Lewis no papel do próprio Lincoln. O Filme obteve 13 indicações ao Oscar, tendo levado a estatueta em “Melhor Ator” para Daniel Day-Lewis e “Melhor designer de produção”.


"Lincoln, 2012, dir. Steven Spielberg"

Novas películas serão produzidas. Novas releituras da vida e da personagem histórica Abraham Lincoln. Reiteradamente a indústria do Cinema, em destaque a americana, tem oferecido suas versões acerca desse símbolo norte-americano, quase sempre é claro, sob uma perspectiva patriótica.

Att. Rafael Prata
Mestrando em História na Universidade Federal de Sergipe

2 comentários:

  1. Eu também escrevi sobre os vários "Lincolns" do cinema há pouco mais de um ano. Sem dúvida os melhores são Day-Lewis e Henry Fonda. E, recentemente, vendo "O Cavalo de Ferro" (1924), encontrei outro Lincoln na obra de John Ford, desta vez interpretado por um advogado que fez a participação no filme apenas por ser parecido com o presidente!
    Se quiser ler meu texto, o link é este: http://www.criticaretro.blogspot.com.br/2013/02/uma-personalidade-varios-interpretes.html
    Abraços!

    ResponderExcluir
  2. Uia.. Valeu Lê.. Vou dar uma olhada sim..Só fui assistir ao "Lincoln" do Spielberg por esses dias, daí fiquei curioso em conhecer outras representações do Lincoln na história do Cinema Americano.. Bjãoo :)

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...