Um sucesso. Três grandes Copas do Mundo
haviam se passado, e cada vez mais, o evento futebolístico orquestrado pelo
francês Jules Rimet com o intuito de congraçar os mais importantes países praticantes
do Futebol crescia em sucesso. Em sua primeira realização, no ano de 1930, no
Uruguai, participaram 13 equipes, tendo sido campeã o país sede, o Uruguai, em
final frente à Argentina.
O evento pensado para ser realizado de
quatro em quatro anos, foi realizada na Itália, patrocinada pelo regime fascista
de Benito Mussolini. Naquele ano de 1934, 16 equipes participaram, três a mais
do que no evento anterior, e ao fim, a seleção sede também se tornou campeã,
para delírio de Mussolini. O Terceiro lugar fora conquistado pela Alemanha
nazista de Adolf Hitler, formada por jogadores de inúmeras nacionalidades.
Em casa, a seleção uruguaia se sagra a primeira grande campeã do mundo, em 1930 |
Em 1938, coube ao país natal de Jules
Rimet, a França, sediar ao evento, “na beira” da eclosão da Segunda Guerra
Mundial. 18 seleções participaram, e mais uma vez a seleção italiana sagrou-se
campeã. O Brasil, grande surpresa dessa Copa do Mundo, conquistou a terceira
colocação graças ao talento de Leônidas da Silva, o artilheiro e inventor do
gol de bicicleta.
Leônidas da Silva, o grande craque da surpresa brasileira, em 1938. |
Todavia, eclodida a Segunda Guerra Mundial,
o evento acabou por ser interrompido. Obviamente, pois toda a geografia mundial
passara a se concentrar na realização desse famigerado evento que culminou com
a destruição de boa parte da Europa e um número incontável de mortos. Assim, a
Copa do Mundo de 1942, que seria realizada no Brasil, não foi realizada, assim
como também a Copa de 1946, a primeira por estar situada no meio do evento, e a
última por conta da impossibilidade material de se pensar em um evento de
grande escala durante o pensamento de reconstrução do pós-guerra.
Curiosamente, alguns jogadores brasileiros
acabam sendo convocados para formarem o exército brasileiro nas fileiras da
Segunda Guerra Mundial. Foi o caso de Perácio, meio-campista brasileiro na copa
de 1938, que acabou sendo convocado, atuando em combate pela FEB, a Força Expedicionária
Brasileira.
Até hoje alguns estudiosos do Futebol tem
conjecturado os possíveis resultados caso as duas copas do mundo tivessem sido
realizadas, naqueles anos de 1942 e 1946. Boa parte deles sustenta que a grande
favorita ao titulo seria a Argentina, que despontava como a maior força do
futebol sul-americano, ao ganhar a “Copa América” de 1941, 1945, 1946, 1947. Há quem defenda, no entanto, que o país sede,
o Brasil, que realizaria o ato apenas em 1950, também estaria na briga, pelo
peso de ser o pais sede, como também pelo crescimento do futebol visto no país.
No entanto, não podemos negligenciar também
o peso das grandes potências futebolísticas da época: o Uruguai e a Itália. A
primeira seleção, o Uruguai, a essa altura, havia sido campeã da copa de 1930,
de uma quantidade de “Copa América”, e seria, por fim, a campeã da copa de 1950
no Brasil. E a segunda, a seleção italiana, inegavelmente mostraria a força de
uma seleção bicampeã do mundo, na defesa de seus títulos.
A bicampeã Itália (1934-1938) e sua recepção por Benito Mussolini |
Tudo é claro, suposições. Exercício de
imaginação. Nunca saberemos ao fim qual o resultado esportivo prático. O que se
torna evidente é que a “Copa do Mundo”, ao nascer no principio do século XX,
acabou por crescer num conturbado cenário político mundial, marcado por regimes
totalitários, conflitos e guerras que deixaram a sua marca também na história
do maior evento futebolístico.
Ass: Rafael Prata
Mestrando em História pela Universidade
Federal de Sergipe
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