terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Freaks: Quando os monstros somos nós mesmos.


1. Introdução

       Freak: Aberração, Monstro. Ao consultarmos algum dicionário que apresente traduções do inglês para o português, certamente encontraremos tais designações para esta palavra.  Contudo, o que em especial deve nos assustar e chamar bastante a nossa atenção ocorre quando paramos para compreender a utilização desta palavra em algum momento especifico em destaque; em qual ocasião foi utilizada, em qual pano de fundo histórico, quem dita e rege a ofensa, e quem sofre a pungência da rotulação.
         Termos como este ganham especial força quando se inserem dentro de um quadro ideológico, cuja sua utilização praticamente se torna parte de uma cartilha segregadora, discriminatória, definidora dos direitos de inserção - ou não – dos sujeitos em sociedade.
         Daí que eu direciono o olhar de análise para um filme de titulo homônimo ao termo inicial deste texto: “Freaks”. Lançado no ano de 1932, esta película não nos chamaria atenção se não abordasse alguma temática em especial; A começar, o título poderia muito bem estar associado a filmes de terror com temáticas vampirescas e/ou monstruosas, como Drácula e Frankenstein, bem comuns no Cinema, durante o apogeu do gênero “Terror” nos anos 1930 – 1940.

Drácula e Frankenstein: Dois "Freaks" característicos do Terror dos anos 1930 - 1940; Vários filmes do gênero sobre as personagens em questão, marcaram época.
         Mas não era essa a questão. Muito pelo contrário, a temática adotada neste filme, surge como um contraponto, ou uma resposta de Mercado, a emergência e ao sucesso destes filmes de terror naquele momento. Na verdade, os anos 1930, foi o momento do auge da rivalidade entre as produtoras Universal Pictures e a MGM, que digladiavam ferozmente pela hegemonia das salas de Cinema, utilizando-se para tal, além dos clássicos românticos de sucesso, de filmes com grande apelo emocional – e de mercado – como eram aqueles pertencentes ao gênero Terror.
         A Universal Studios havia lançado em 1931, o grande sucesso “Frankenstein”, cuja “criação” foi interpretada pelo imortal astro do gênero, o ator Boris Karloff. O Filme foi um sucesso imediato, fazendo com que no mesmo ano, a Universal também levasse as telas, a história de “Drácula”, também marco do gênero, esta dirigida por Tod Browning, interpretado por outra lenda do gênero, Bela Lugosi, ator que certamente acabou ditando os transmites de interpretação da figura vampiresca aos demais atores que se aventuraram a interpretá-lo.
         A Alta cúpula da MGM ficou estupefata e ao mesmo tempo furiosa com o sucesso atingido por tais filmes, de forma que deveria encontrar em pouco espaço de tempo, uma resposta satisfatória e que alavancasse novamente a disputa pelo terreno. Segundo consta, os chefões da MGM – Irving Thalberg e Louis B. Mayer – encomendaram ao roteirista Willis Goldberg "qualquer coisa ainda mais horrível que Frankenstein".
Na foto: a esquerda, Irving Thalberg, e a direita Louis B. Mayer: Entrariam em choque durante os bastidores de produção do filme "Freaks" em 1932.

         O Resultado teria sido o Roteiro de “Freaks”. Ao ler o roteiro da película, se conta que Louis B. Mayer teria ficado horrorizado com a proposta apresentada pelo filme. Não somente pelo que seria levado as telas, mas, principalmente, pela necessidade da existência do chamado “Bastidores” para o filme.
         Em suma, Louis B. Mayer tentou vetar a execução da produção, entrando em atrito com o proprio Thalberg, na medida em que não desejava conviver com os atores e atrizes que participariam do casting do filme. Louis B. Mayer não era anti – social, costumava observar a produção dos filmes de sua produtora, mas, dentro do que apresentava aquela especial película, algo parecia incomodá-lo.
         Não obstante, enxergamos justamente nesse “Algo”, o espírito de uma época, e porque não dizer, algo que parece permanecer forte até os dias de hoje: O Preconceito. Nesse caso em destaque, o preconceito as pessoas com necessidades especiais, sejam estas deficientes físicos ou pessoas portadores de alguma síndrome genética.
          Contudo, o projeto não foi engavetado. Por conta de seu alto potencial de arrecadação, Louis B. Mayer saiu de cena, e então o filme pode então ser levado às telas, diga-se de passagem, com um pequeno patrocínio, haja vista que boa parte do casting era composto por atores desconhecidos e outra parte por amadores. Na escolha da direção, nada melhor que “puxar o tapete” da concorrência: a MGM seduziu a Tod Browning – aquele que no anterior havia dirigido Drácula pela Universal – que aceitou a proposta, e que de certa maneira, como explicaremos, tal escolha refletiu muitos traços de sua infância.

Tod Browning: Grande diretor dos filmes de Terror da Universal, foi atraido para a MGM, para dirigir um filme "diferente".
         O Filme foi rodado em 1932, e imediatamente causou furor e aversão por todas as salas de Cinema em que fora reproduzido. Pessoas abandonavam ao filme no meio de sua execução, a crítica especializada não poupava esforços em negativizar aquele filme, sendo assim, em pouco espaço de tempo, curiosamente, o filme foi engavetado, tendo sido apenas resgatado trinta anos depois de sua produção, durante os anos 1960, quando o filme se tornou um filme “Cult” para amantes do gênero e também objeto de análise para estudiosos do Cinema, como também da História, justamente por, na suas entrelinhas - pelo já dito clima de bastidores, o enredo e a recepção – apresentar um quadro fiel ao espelho do contexto histórico em que está inserido.

      Esta análise também objetiva tal proposta. Mas está longe de encerrar as discussões e os enfoques subjetivos que são dados ao filme. Na verdade, reiteramos o nosso intuito de, muito além de analisar os aspectos técnicos e artísticos da obra, entende-la frente ao contexto histórico em que foi produzido, reforçando cada vez mais, a velha máxima de Marc Ferro, na sua defesa da chamada “Leitura histórica do Filme”.
         É certo que todo tipo de preconceito ainda hoje insiste em existir, no tocante a várias questões possíveis. Mas devemos aqui nos transportar aos conturbados anos 1930 em que o filme foi produzido. 

2. O Contexto histórico mundial [1]

         É certo que todo tipo de preconceito ainda hoje insiste em existir, no tocante a várias questões possíveis. Mas devemos aqui nos transportar aos conturbados anos 1930 em que o filme foi produzido.
         O principiar do século XX foi marcado pelo fortalecimento de ideais cientificas preconceituosas, que concebidas ainda durante o ultimo quarto do século XIX, ganharam dimensões catastróficas no decorrer do século XX.  Já em 1884, Francis Galton procurou denominar uma nova ciência que ganhava força nos círculos científicos europeus, como eugenia. Tal ciência de destaque passaria dali à diante, a estudar o sangue humano, a procurar em certo “germe – plasma” os motivos da hereditariedade – e principalmente, do que consideravam uma “hereditariedade doentia”.

Francis Galton (1822 - 1911) : Em 1884, cria um nova ciência, a Eugênia.

         Logo, a ciência eugênica se espalhou por todo o mundo, chegando entre 1904 a 1910, entre vários países, como a Alemanha e os Estados Unidos. Rapidamente os “Centros de excelência cientifica” se converteram em verdadeiros balcões eugênicos, e o foco das universidades do ramo, passaria a ser, o estudo das chamadas “raças humanas”,partindo de uma viés tosco de analise da Teoria da Seleção Natural de Darwin, promovida tanto por Galton como também por Mendel, que espalharia a utilização deste conceito mundialmente, a partir da decada de 1910.
         Entendiam que certas “raças” possuíam predisposição a algumas características, que lhes eram inatas, independente de qualquer tentativa de inculcar-lhes nova tendência e/ou retirar-lhes algo que lhe fosse proprio: Assim fortaleceu-se em cadeia, a idéia dos judeus como avarentos e hábeis negociadores, os negros e asiáticos como sujeitos inferiores, e obviamente, a elevação, a gloria do homem branco, de origem nórdica, como a perfeição dentre as raças humanas.
        Dentro deste “critério selecionador”, que era amplamente difundido e visto como inovação cientifica a ser respeitada não somente em meios acadêmicos, como em expressões culturais diversas – dai o fato de termos aqui em nosso país, figuras como o aclamado Monteiro Lobato, defensor ferrenho da Eugenia, acusando ao misticismo nacional a culpa pelos “problemas do Brasil” -, também apareciam aqueles que geneticamente acabaram sofrendo as “conseqüências” desta “mistura e/ou choque de raças”, os quais eram justamente, as pessoas que nasciam com necessidades especiais e/ou síndromes genéticas.

Monteiro Lobato (1882 - 1948) : aclamado escritor brasileiro, entre obras de cunho nacionalista, Lobato deixava claro a sua visão "particular" sobre o país: No Sítio do Picapau amarelo, ofendia claramente a figura da Tia Anástacia, personagem negra da obra. Ainda no mesmo bojo, em sua única novela internacional, conhecida como "O Choque das Raças ou O Presidente Negro", Lobato apresenta um fim apocaliptico para uma obra inteiramente polêmica.

         Cientistas de todo o mundo procuravam, muito menos na analise genética do que no dito preconceituoso, responder a “origem” das síndromes genéticas; e muito longe de apontar tratamentos e vias de melhorias de condições da vida para as pessoas, entendiam que só havia uma única solução: a purificação da raça, do sangue. O Meio? A Castração, e em uma hipótese não tão distante, o extermínio.
         O Palco da execução destas idéias, todos nós sabemos. Começou com os experimentos nos centros americanos, na separação entre os sujeitos considerados de “raças diferentes” quando casais de negros e brancos eram separados a força, e culminou nas assombrosas fabricas de morte, constituídas pelo regime nazista, ainda no decorrer da década de 1930, quando o regime assumiu o país. Ao contrário do que se pensa, os campos de concentração não “surgiram imediatamente” no nascer da segunda guerra, em 1939, mas, eram em verdade, edificados lentamente em concreto, e na alienação mental de todo um povo construída gradualmente, nas lides iniciais desta dita década, após a ascensão do Nazismo ao Poder em 1933.
           O Filme “Amém” do diretor grego Costa Gravas, do ano de 2002, demonstra muito bem como o regime nazista importou esse “conceito eugênico” das experiências americanas – tendo inclusive Hitler em uma de suas cartas, dito que devia muito aos Estados Unidos por isso – edificando lentamente a partir de 1933, na mente da população alemã, tais idéias, para dar-lhes as “soluções e a resposta do motivo da crise econômica e social em que viviam”.


“Amém”, dir. Costa Gravas, 2002: O Filme mostra bem como se deu a alienação da população, e a edificação de uma industria da morte, bem antes da eclosão da Segunda guerra mundial. Os Campos de Exterminio realmente tiveram seus fetos antes da Guerra.
          Dos Programe, ocorridos em massa durante o ano de 1934, veio à delação e a perseguição brutal aos judeus.  Dentro do proprio seio familiar, pessoas levavam seus entes queridos para “manicômios” acreditando estarem perpetrando uma medida de cura. Na verdade, como bem mostra Costa – Gravas, eram estes manicômios ou casas de recuperação, proto – fabricas da morte. Locais da experimentação em micro escala, do que se constituiria em Auschiwtz e outros tantos campos poucos anos em frente.
         Enfim, foi esse o contexto histórico em que se enquadrou o filme “Freaks”. A pergunta em questão é: Como pensar um filme cujas personagens em grande maioria são portadoras de necessidades especiais e/ou síndromes genéticas?

3. Os Bastidores, a produção e a recepção da obra:

Freaks", dir. Tod Browning, 1932: Combates e Embates em torno da película.
         Não só a recepção da obra fala muito, como também o ponto inicial de sua produção. Ora, quando Louis B. Mayer pede aos roteiristas que escrevam algo demasiado assustador, nos aparece como “curioso”, para não dizer amedrontador, que a solução encontrada, e que para eles era horripilante, era empreender a um filme com essas características.
         O Preconceito esta no cerne de todo o filme; dos seus bastidores até a sua recepção dentro das salas do Cinema. Contudo, coube a uma pessoa, parece que exceção a regra, o diretor Tod Browning, a conduzir um filme que se apresenta como extremamente atemporal e contraposto as essas questões. Podia ele abusar dessa ojeriza popular e conduzir o filme a uma exibição atormentada daquilo que era mal visto e mal desejado pela sociedade.
         Sua atitude, entretanto, foi completamente contrária a isso. Talvez por sua experiência na vida real, dentro do que seria o enfoque central do filme. Tod Browning havia sido criado em um ambiente de circo; Não um circo comum, mas o chamado “Circo de Horrores” que era tão comum nos Estados Unidos do fim do século XIX e inicio do século XX, como qualquer outra coisa. Neste tipo de circo, pessoas com deficiências físicas e mentais de todos os gêneros eram recrutadas, muitas delas ali trabalhavam como conseqüência de um abandono familiar, para se tornaram “estrelas” de encenações circenses, que iam desde a “Mulher – Barbuda” até o “Homem – Cobra”.
       Pessoas portadoras de síndromes mentais eram recrutadas com o simples intuito de andarem no tablado do circo e desta “participação” provocarem risos ensurdecedores de todo o público. Browning soube muito bem demonstrar isso no filme a partir da participação de três personagens em especial: três irmãs portadoras de uma síndrome, cujo nome desconheço. Ambas possuem uma aparência juvenil por conta da síndrome. Daí era comum vestir-lhes com roupas de criança; O Resultado: a alegria de um público. É o Fetiche do deboche, do preconceito.
         Dessa infância circense, veio à idéia do roteiro para Browning. Após a aceitação do roteiro pela MGM, durante sua produção, alguns “fatos curiosos” podem ser indicados. Conta-se que durante uma reunião em um restaurante, para a apresentação do casting de elenco, Browning levou seu casting de atores. Na mesa, além de Louis B. Mayer, estava uma gama de grandes atores da época, que para evitar a decepção dos leitores, não irei citar. Todos ficaram horrorizados com o “casting”. Como resultado, foi construída na sede da MGM, uma sala de alimentação separada para os mesmos. Digamos que um Apartheid alimentar dentro dos estúdios da MGM.
             O Filme foi produzido com um pequeno custo de produção, alcançou o furor dito, e como conseqüência Browning acabou sendo rechaçado pelo proprio Louis B. Mayer - que já havia “desconfiado” inicialmente da proposta do filme – e do proprio Tallbert que lhe havia depositado “confiança” no enredo. Durante a sua produção, Browning contou com uma censura implacavel do proprio Louis B. Mayer que de tão pesada, acabou diminuindo o tempo de duração do filme, para pouco mais que 1 hora de duração. 
            Isso tudo porque o "ousado" Tod Browning havia escrito um roteiro que permitisse a participação efetiva de boa parte dos personagens "freaks", incluindo muitas cenas com "Zoom" nas expressões, atos e ações das personagens, as quais foram incisivamente "cortadas" do filme, sobrando apenas algumas boas cenas deste tipo. 

O Sorriso no rosto: uma marca em todo o filme.

               O Filme que é bastante reflexivo, poderia assim, ter sido mais ainda, se não tivesse contado com esta censura imposta. Como consequência, o filme ganha um rítmo eletrizante do ínicio ao seu fim, e de certa maneira, feito sob esta forma, o filme nos permite entender em poucas imagens, o universo de preconceito em que aquelas pessoas eram obrigadas a conviver, mas que curiosamente, conseguiam recriar o amor perdido, muitas vezes desde o berço do abandono, nos braços de seus "semelhantes"; Daí a curiosa menção feita pelo filme, dos costumeiros casamentos ocorridos entre os "freaks" no circo, entre pessoas com sindromes diferentes até, atropelando qualquer adversidade que poderia ser apontada. Tudo isso com uma particular ironia que não esconde a beleza de sentimentos naturais e a natureza de eventos comuns a vida de todos nós.

Na cena: O Pedido de Casamento de um "gago" a uma das irmãs siamesas.

         Enfim, como consequência "disso tudo", Browning foi exilado dos estúdios da MGM; aquele que era o grande diretor de filmes de terror do gênero, com grandes sucessos em ambas as produtoras rivais, nunca mais voltaria a produzir algo em Hollywood. Morreu em 1962, esquecido por todos. Todos os “normais”. Com certeza, não pelos seus amigos do Circo.
         Browning havia demonstrando nas telas, certas verdades que a “Era de Ouro de Hollywood” não desejava enxergar. A Década da beleza das grandes atrizes loiras, e dos galãs de colarinho, não entendia como alguém teria tido coragem de empreender a um filme “horrendo” como aquele.
         Como alguém havia tido coragem de contratar como parte central de todo um casting, um elenco de pessoas que viviam no circo de horrores mais famoso do mundo a época – o chamado Circo dos Horrores do empresário Barnum – e retratar-lhes nas telas como seres humanos, com sentimentos e expressões como qualquer outra pessoa?

Circo dos Horrores de Barnum: Todo o casting do filme foi contratado do Circo deste "Showman".

         Que ousadia! Mais do que isso! Eram eles personagens principais da obra! Mais ainda! A Mensagem moral do filme mostra os seres tido como “normais” como “por dentro” sendo de uma natureza pérfida, fria, dissimulada, arrogante, e cheia de maldade. Quanto aos “Freaks” são pessoas comuns, são doces, vivem em harmonia, apresentam sentimentos, choram, sorriem, sentem e trocam carinho... e são abusadas pelas pessoas “normais”. 

Os “Freaks” em comunhão: O Bem estar de um, é o de todos!

         Os Freaks, aliás, são motivo de chacotas, de enganações, e outros males. Possuem um senso de união fora do comum, o sofrimento de um é o de todos. Algo que falta no modus operandi do homem “normal” capitalista, reduzido a esfera do seu ego sujo que reside em seu proprio umbigo.
         Enfim, vale demais assistir ao filme. Freaks é um soco no estomago com uma beleza inigualável. Não há nada de assustador no filme. Pelo contrário, é uma poesia da simplicidade, onde o horror está do lado de cá! Não de lá!
         Atemporal. Freaks meche em uma ferida que não pode ser encerrada dentro de um curto espaço de tempo. É a ferida do preconceito diário, ainda tão rotineiro nos dias de hoje.
         Freaks, em especial, de maneira sutil e direta, nos ajuda a compreender, como na maioria das vezes, os monstros na verdade somos nós mesmos.

Ass.: Rafael Costa Prata
Graduando em História pela Universidade Federal de Sergipe.



[1] Cf.: SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. O século XX: entre luzes e sombras. In: O século sombrio: uma história geral do século XX. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.p.1-25.

Um comentário:

  1. Só uma correção: Quando informei sobre certa "alienação de todo um povo", não quis afirmar que a população alemã não sabia dos eventos ocorridos dentro da sociedade, aliás, muitos sabiam e se aproveitavam da situação, tornando-se verdadeiros cumplices da arquitetura da destruição. Na verdade, quis afirmar que desde o começo dos anos 1930, toda uma doutrinação, uma educação, que ia desde os bancos escolares, ensinava/alienava a todos a entrarem dentro do sistema. Mas, entretanto, seguindo uma linha orwelliana - vide 1984 - nem todos são obrigados a aderir.

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