Com certeza, nenhuma data foi tão esperada no
meio do Cinema, como o dia 27 de Julho de 2012. Dia de assistir o maior “Hype”
do ano: “Batman The Dark Knight Rises”, o ultimo capítulo que fecha com maestria
a excepcional trilogia do fenomenal diretor Christopher Nolan, composta por “Batman
Begins” de 2005 e posteriormente “Batman The Dark Knight” de 2008.
Sem querer mencionar os evidentes méritos técnicos
e de enredo facilmente evidenciáveis no decorrer desta trilogia, apenas queremos
destacar aquilo que é talvez a maior contribuição, se é que podemos apontar
apenas uma, dada pela mesma: a trilogia, em decorrência de seu enorme sucesso, foi
deveras responsável por encabeçar uma nova tendência de humanização das
personagens dos filmes de super – heróis e/ou personagens “intocáveis”.
Pode parecer uma inovação banal, esdruxula,
mas não é, principalmente quando levamos em conta o resultado cinematográfico –
o grande teor psicológico que emerge dos filmes – obtido com estas medidas, que
em grande parte, devem ser creditadas ao próprio Nolan.
Este jovem diretor, que é conhecido por suas películas
de grande confusão psicológica como “Insônia” (2002) e “Inception” (2010) levou
para a sua adaptação da história de Batman, todas estas questões. O Resultado obtido
é deveras primoroso, na medida em que no cerne das três películas produzidas,
sobressai como saldo uma excepcional caracterização das personagens levadas às
telas. Um Bruce Wayne perfeitamente representado em sua tormenta de infância,
passando a bifurcação de sua vida adulta – metade Bruce, metade Batman -,
tocado por demais questões psicológicas, como a incapacidade de levar adiante
sua vida amorosa e o eterno medo de por em risco suas pessoas próximas, se é
que ele ainda tem.
Quanto aos demais personagens, acho
desnecessário citá-los, haja vista que a excepcional caracterização do Coringa
por Heath Ledger, personifica tudo isto em questão. É a capacidade de reinventar
personagens já consagrados pelos quadrinhos e pelos filmes recentes, que torna
Nolan tão excepcional e tão inovador diretor, de forma que, assume-se hoje em
dia, que será uma tarefa quase excepcional, superar o que foi produzido, em
suma, produzir algum reboot sobre Batman.
Mas não são somente os personagens
que ganham toda esta dimensão. É propriamente o enredo que afunda nesta escuridão,
nesta tormenta, neste caos sem controle de Nolan. É a incerteza sobre a
personalidade humana – dai a figura de Harvey Dent – a desconfiança no futuro
da raça humana – que motivam personagens como Ra´s Al Ghul e Coringa – e a
esperança mínima do próprio Batman nos seres humanos que emergem do filme,
entre outras questões.
Como saldo disto tudo, nos encontramos
em 2012, cercados por uma serie de diretores que, influenciados por essa nova
tendência, passam a encorpar suas películas nesse sentido. Nesse sentido, uma
marca deste processo já pode ser vista na caracterização da personagem Peter
Parker, no reboot “O Espetacular Homem Aranha” lançado neste mesmo ano de 2012,
sob a direção de Marc Webb. Apesar de manter uma pegada “teen”, o filme já
apresenta alguns traços desta tendência. Peter Parker, nesta película, ao
contrário da anterior trilogia de sucesso, é mais solitário, obscuro,
introspectivo, rebelde sem causa. Suas dores são as de sempre, mas o clima do
filme é muito mais sombrio do que os demais filmes.
No mesmo sentido, também podemos
enxergar esta questão em torno dos reboots da franquia “007” e também de “Sherlock
Holmes”. Em ambos, os personagens são mais imperfeitos, suscetíveis a derrotas,
contendo falhas humanas – como a embriaguez de Holmes – que podem comprometer
os personagens. 007 volta a apanhar, algo que é quase impossível de ser ver nos
filmes mais clássicos da franquia.
A Atual espera é pelo lançamento da
película “Super-Homem – O Homem de Aço” neste ano de 2013, sob a produção
executiva e roteiro do próprio Christopher Nolan, e a jugo de direção de Zack
Snyder, quando se acredita que a história deste aclamado super-herói também
possa ser agraciada por esta tendência “humanista”.
Enfim, ao que parece, esta tendência
é humanizar que torna tão transparente os sofrimentos, os sonhos, as desilusões
e também as fraquezas destas personagens pode ser vista como resultado da contemporânea
vontade humana de cada vez mais se confortar através destas figuras. Se eles
possuem falhas, se choram, se caem, porque não eu?! Com esta medida, nos
aproximamos cada vez mais de um Bruce Wayne, de um Clark Kent,... e até de um
Bane ou um Coringa. Temos super – heróis que sangram, que caem, choram... Em
tempos de desilusões – época de 11 de setembro, de atentados terroristas,
ditaduras pelo mundo – isso tudo não parece tão distante... Assim como Gothan
City, todos nós precisamos de heróis que mascarem as nossas desilusões diárias..
E que assim seja!
Ass: Rafael Costa Prata
Graduando em História pela Universidade Federal de Sergipe
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