sábado, 18 de agosto de 2012

Escândalo no Mundo da Comédia: O Caso Roscoe “Fatty” Arbuckle


Pouca gente conhece hoje em dia a este gordinho sorridente da fotografia, que retirava justamente do sorriso, o seu sustento. Mas houve uma época em que Roscoe “Fatty” Arbuckle fora um dos mais populares atores (comediante) do Cinema Mudo. Fatty – apelido que não gostava de carregar fora das telas – geralmente interpretava um tipo de personagem que mesclava a astucia e o jeito desengonçado como traços fundamentais. Aqui no Brasil, o personagem ficou conhecido como “Chico Boia”.
Durante a década de 1910, as películas de Fatty Arbuckle faziam enorme sucesso nos Estados Unidos, a ponto daquele se tornar a maior estrela do momento, recebendo um cache inimaginável a época, que beirava os 1000 dólares por dia, pagos pela Paramount. Sua comédia pastelão, marcada pelas tortas na cara, pelas quedas e pela correria, também se tornaram marcantes por apresentar ao Mundo do Cinema, aquele que é talvez o maior comediante da História: Buster Keaton.

Foi com Fatty Arbuckle (centro da imagem), que Buster Keaton (esquerda) teve a primeira oportunidade no Cinema, após ter saído do circo de variedades. Na película “O Garoto Açougueiro” de 1917, Keaton estreou com Fatty Arbuckle, lançando as bases de uma amizade que se fortaleceria bastante, resistindo aos momentos mais difíceis e controversos da vida de Fatty Arbuckle. Aliás, Fatty Arbuckle não é responsável somente por apresentar Keaton a Comédia no Cinema, mas, ao que se conta, teria sido também responsável pela caracterização da personagem “Carlitos” de Charles Chaplin, quando aquele, ao ingressar nos estúdios Keystone em 1914, teria se inspirado na vestimenta clássica de Arbuckle.
Entretanto, a belíssima carreira artística de Arbuckle, seria indelevelmente manchada por aquele que talvez seja o maior escândalo da história do Cinema. No auge do sucesso, ganhando dividendos absurdos para a época, Arbuckle se viu diante de um ocorrido que ainda que não o tenha levado a prisão, o levou ao esquecimento, e por fim, a morte. 
Em 1921, aproveitando uma folga, Arbuckle segue com mais dois amigos até São Francisco, onde resolve empreender a uma pequena festinha fechada - segundo alguns, uma verdadeira orgia - em um Hotel.  Para tal, convidaram uma enormidade de mulheres, boa parte delas, jovens atrizes que procuravam ingressar no mundo do Cinema. Uma delas, a jovem e promissora Virginia Rappe de 30 anos, que entrara na "Mark Sennett Comedies Corporattion", onde inclusive conhecera e atuara com Arbucke, teria lhe atraído, de modo que resolveram seguir até um dos quartos do Hotel, a fim de se conhecerem melhor. 


Enfim,  o que ocorreu dentro daquele famigerado quarto, não se sabe distinguir o que são verdades ou hipóteses. O Fato em sua face mais crua apresenta uma Virginia Rappe saindo daquele quarto, em um estado de mal estar, tendo sido socorrida por um medico no próprio hotel.  A Atriz morreria três dias depois ao ocorrido, em conta de uma inflamação no peritônio – uma membrana que reveste a região do abdômen – que teria sido causada pela ruptura de algum órgão. 
Como se deu o fato?! Ate hoje não se sabe... O que se evidência é uma serie de versões apresentadas durante os julgamentos de Fatty Arbuckle...
Alguns chegaram a afirmar que o comediante teria introduzido violentamente uma garrafa de champanhe na vagina da jovem atriz, por conta de uma revolta iniciada ao não ter conseguido produzir uma ereção durante a relação sexual. Apontavam que Arbuckle era dado a praticar essas orgias, e constantemente se revoltava por um fraco desempenho sexual.

Por conseguinte, os Estados Unidos se viu envolto a uma serie de julgamentos centrados na figura de Fatty Arbuckle. Seus filmes passaram a ser proibidos de serem exibidos, a imprensa sensacionalista tratava de produzir por sua conta a realidade dos fatos, e ao fim, depois de tumultuados julgamentos, o júri decretou que Arbuckle era inocente de todas as acusações feitas sobre ele. Os julgamentos haviam sido marcados por uma serie de testemunhos falsos efetuados por supostas testemunhas do acontecido, por tentativas de extorsão sobre Arbuckle por pessoas mal intencionadas, e por uma tentativa frustrada do Magnata da Comunicação William Randolph Hearst - aquele que posteriormente inspiraria Orson Welles a produzir a pelicula "Cidadão Kane" em 1941 - de enterrar a carreira de Arbuckle, atraves de noticias plantadas em seus canais e meios midiaticos de teor sensacionalista. 
 Ao fim de tudo isso, Arbuckle estava livre, porém sua carreira estava no fim. Arbuckle só contava agora com o apoio de seus amigos, principalmente de Buster Keaton, que sempre acreditaria em sua inocência, que o convidava assiduamente a voltar a atuar. Arbuckle, cada vez mais renegado pela Indústria da Comédia, acabou se entregando de vez ao alcoolismo, tendo falecido aos 46 anos de idade, em 1933, após um ataque fulminante do coração.
Fato é que até hoje não sabemos a verdade. Virginia Rappe faleceu sem se pronunciar e Arbuckle se defenderia até o resto de sua vida das acusações. Com efeito, a unica certeza, é que o saldo ao fim desta emblematica história, é o choro, o pranto. Duas mortes prematuras. 
Como alguns costumam dizer: esta serie de acontecimentos, marcou a época em que Hollywood parou de sorrir. Foi-se o riso e ficou a dúvida.
Ass: Rafael Costa Prata
Graduando em História pela Universidade Federal de Sergipe

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...